Sumbe – São passados um ano e dois meses desde que o Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, indicou, para província do Cuanza Sul , Job Pedro Castelo Capapinha em substituição do general Eusébio de Brito Teixeira, no âmbito da política de rotatividade e substituição de quadros do aparelho de Estado.

Fonte: Club-k.net

Visivelmente emocionado, Capapinha disse na sua apresentação no Salão Nobre do Governo do Cuanza Sul, cito na marginal do Sumbe, em presença do ministro da Administração do Território e Reforma do Estado, Adão de Almeida, que veio ao Cuanza Sul para mudar o quadro sombrio e a começar por eliminar o badalado caso “lama e poeira” na cidade capital da província.

 

O governador até foi mais longe, tendo na ocasião se pronunciado aos quatro ventos: “Eu até fui bafejado pela sorte porque trouxe já comigo o dinheiro” - fim de citação.

 

No início das suas actividades, a primeira coisa que Capapinha fez foi alugar uma vivenda no Instituto Nacional de Petróleos, com custos suportados pelo governo da província, por vários meses, valores estes que não transpiraram ao público governado.

 

Para enganar a opinião pública, o governador passou andar em sua viatura pessoal de marca Hummer, de cor verde, alegadamente por não lhe ter atribuído viatura pelo governo central.

 

Mas, no entanto, aquando da entrega de pastas pelo governador cessante, o general Eusébio Teixeira procedeu igualmente a entrega a Capapinha uma viatura de marca ‘Toyota Land Cruiser V-8’, cor cinzenta, esta pertença do governo do Cuanza Sul.

 

Por capricho, porque Capapinha encontrou dinheiro nas contas do governo local, nada mais fez senão orientar ao então vice-governador para o Sector Económico, Joaquim Ricardo de Almeida (Joy), a aquisição de viaturas protocolares para o governo da província.

 

Dito e feito. Foram adquiridas imediatamente três viaturas nomeadamente: ‘Lexus’, de cor preta, ‘Land Cruiser V-8’, de cor preta, e ‘Toyota Land Cruiser’, vulgo chefe máquina, de cor castanha, para apoio protocolar.

 

Capapinha nem se interessva com as obras de restauro do Palácio do Povo, casa protocolar dos governadores e sentindo-se pressionado, deixou a vivenda do INP e passou para outra residência de aluguer, cita na rua 14 de Abril, junto a Rádio Cuanza Sul, sem se saber quanto se estava a pagar.

 

Sorte ou não, foi aquando da vinda do Presidente da República, João Lourenço, a Cuanza Sul para orientar a reunião do Conselho de Ministros que o governador – talvez por orientação do chefe do Executivo – deixou rapidamente a residência onde estava e passar a viver no Palácio do Povo.

 

Fontes afectas ao governo dão conta que, das duas residências alugadas, sendo a do INP e a da rua 14 de Abril, o governo do Cuanza Sul pagou avultadas somas em dinheiro, sendo parte dele caído para os bolsos do governador.

 

Feito isso, e porque os dois vice-governadores se contentavam com viaturas do tipo ‘Toyota Hillux’, cores brancas, retiradas ao partido MPLA, o governador engendrou de forma maquiavélica um plano para enriquecer facilmente. Mandou contratar uma empresa de nome ‘ANGOGUERÓ’, gerida por um mauritaniano. 

 

Da ‘ANGOGUERÓ’, Capapinha mandou alugar duas viaturas de marcas ‘Toyota Prado TXL’, sendo uma de cor branca e outra preta cinza, para os vices-governadores e uma viatura ‘Toyota Hillux’, último modelo, quase azul, para o GEPE.

 

Essas viaturas são pagas com dinheiro do governo provincial no valor de Kzs. 12.000.000.00 (doze milhões de Kzs por mês) e cogita-se que a empresa proprietária das viaturas, com sede em Luanda, seja do interesse de Job Capapinha.

 

E a polémica encontra sustentabilidade com a abertura de uma representação do governo do Cuanza Sul em Luanda, desde dia 26 de Fevereiro de 2020, supostamente para atendimento ao público e protocolo. A representação do governo do Cuanza Sul em Luanda está localizada na rua Francisco das Necessidades Castelo Branco, n.º 28, apartamento n.º 02, R/D, no bairro dos Coqueiros, distrito urbano das Ingombotas.

 

Levantam-se vozes da sociedade local, de activistas cívicos e políticos, de que tudo isso não passa de manobras para enganar o povo e daí, o desvio do erário, uma vez que segundo os interlocutores, o edifício pertence mesmo ao governador que vai embolsar dinheiro alocado ao governo do Cuanza Sul.

 

Mas juristas e académicos refutam a inquietação dos cuanzasulinos pelo equívoco ou falta de conhecimento de que, os governos provinciais não podem ter representações em Luanda. Segundo eles, administrativamente é lícito que os governos tenham representações em Luanda para facilitar a tramitação da documentação a partir do governo central. Agora, se o edifício pertence ao governador, isso é outro caso que vem explicito na Lei da Probabidade Pública.

 

Apurou-se igualmente que o governador simulou apenas que iria morar no palácio mas, afinal de contas continua em casa de aluguer na rua 14 de Abril, junto a Emissora provincial da RNA do Cuanza Sul, onde ainda tem sido visto.

 

JORNALISTAS EXIGEM MAIS RESPEITO NO EXERCÍCIO DAS SUAS ACTIVIDADES

 

Em alguns órgãos, circulam informações, segundo as quais, os jornalistas ao serviço das actividades do governador são maltratados na hora das refeições.

 

São reservados direitos especiais a directores de gabinetes provinciais, saciarem a fome em mesma mesa com o governador, e aos administradores municipais, para não falarmos de outras entidades ligadas ao pelouro mas, aos profissionais da classe lhes é coartado esse direito e confinados a comerem com efectivos da escolta do governador (efectivos de UPIP), esses que carregam consigo modos que só se vêm em unidades militares.

 

Este facto tem propiciado que até o chefe de escolta do governador falte respeito a jornalistas que, por inoperância do Sindicato de Jornalistas, não encontram local para apresentar suas inquietações ao que solicitam do secretário geral do SJA, Teixeira Cândido, a eleição urgente de um secretário provincial.

 

Os maus tratos aos jornalistas, na província, tem a ver com o facto de Job Capapinha desconhecer completamente o papel do jornalista numa sociedade. Por isso, a desvalorização de todo um trabalho feito com sacrifício por esta franja.