Londres - A agência de notação financeira Fitch desceu hoje o 'rating' do Banco Angolano de Investimentos para B-, com Perspetiva de Evolução Estável, seguindo a degradação da nota da República de Angola, decidida na semana passada.

Fonte: Lusa

"A Fitch Ratings degradou o BAI de B para B- no seguimento de uma ação de 'rating' similar sobre Angola a 6 de março de 2020", lê-se numa nota divulgada hoje pela agência de notação financeira, que afunda ainda mais a avaliação do BAI em território de recomendação de não investimento, ou 'lixo', como é geralmente designado.

 

"A nossa avaliação é que a capacidade de Angola apoiar o BAI diminuiu, em particular em termos de moeda externa, como é mostrado pela nota B- atribuída ao emissor soberano", explica-se na nota, que acrescenta que a perspetiva da Fitch "é que em caso de cenário de stress o Governo pode dar prioridade ao pagamento da dívida ou outros objetivos políticos, e não dar prioridade ao apoio ao banco".

 

Assim, a Fitch afirma que "já não está segura de que seja dado apoio extraordinário do Governo ao BAI ou ao setor da banca, em geral, em caso de necessidade", mas salienta: "Ainda assim, acreditamos que as autoridades estão disponíveis para providenciar apoio, em caso de necessidade, aos bancos e ao BAI, em particular, dada a sua alta importância sistémica (a quota de mercado é de 20% do total de ativos) e à grande proporção de depósitos em moeda estrangeira provenientes do setor público e do segmento relacionado com o petróleo".

 

A flexibilidade financeira do Governo reduziu-se recentemente no seguimento de uma forte depreciação do kwanza face ao dólar, que elevou a dívida pública para mais de 100% do PIB no final de 2019, face aos 81% registados um ano antes, e o custo de servir a dívida é elevado, representando cerca de 37% das receitas externas do Governo, afirma a Fitch Ratings.

 

A capacidade de manter as reservas externas nos 17 mil milhões de dólares (15,13 mil milhões de euros ao câmbio atual) registados no final de 2019 "parece cada vez mais difícil, dada a descida dos preços do petróleo e a aproximação das maturidades da dívida, este ano", concluem os analistas.