Luanda - Classificando o novo coronavírus como uma pandemia ou não, o problema é grave. Não dá para minimizar a sua importância. Em menos de dois meses, ele se espalhou por todos os continentes.

Fonte: Vanguarda

O que também não deixa de existir é uma pandemia de medo. Pela primeira vez na história, enfrentamos uma epidemia em tempo real: toda a mídia, várias vezes ao dia, todos os dias, em todo o planeta, fala sobre o novo coronavírus, que causa a doença covid-19.

 

Esta crise do coronavírus questiona e põe o mundo todo em dúvida. Afeta gravemente a saúde dos cidadãos, a vida das empresas, o destino dos empresários, os trabalhadores, e a população em geral.

 

Nota-se que, o ritmo acelerado, nas últimas décadas, é a transição de um sistema "natural" para um sistema cada vez mais "artificial", no qual a multiplicação de intervenções manipulativas, que interagem entre si com efeitos a distância não imediatamente previsíveis e avaliáveis, torna o controlo do sistema cada vez mais precário.

 

Além disso, acrescenta-se o fenómeno da globalização, da qual o coronavírus revela o aspecto dramático. A disseminação do vírus, que - como lembrou a OMS - assumiu contornos de uma verdadeira pandemia, é o sinal de uma situação de interdependência, da qual não é possível prescindir.


No início de 2020, o COVID-19 trouxe uma dura realidade para muitas organizações e empresas de todo o mundo, que não estavam prontas para uma crise significativa. Mas enquanto todos praticam o distanciamento social, é uma boa ideia reflectir sobre o que já aconteceu e como ele poderia ter sido melhor tratado.


A melhor coisa a fazer neste momento é aceitar a realidade e desenvolver um plano de contingência particular ou empresarial.

 

Devemos ser confiantes. Esta crise pode realmente afectar as nossas vidas, mas não deve afectar a confiança da nossa inteligência na capacidade de mitigação. Devemos ser transparentes e autênticos sobre o que está a acontecer e sobre o que cada um de nós está a fazer para ajudar.


O medo generalizado e explosivo despertado pela disseminação do coronavírus pareceu a muitas pessoas desproporcional à extensão do fenômeno, colocando diversos países em situação sem precedentes, com medidas radicais que mudaram o estilo de vida pessoal e o comportamento colectivo.

 

O medo instaura-se aqui como uma consequência lógica dessa situação, agravada na realidade também pela ausência de conhecimentos precisos. Cientistas e especialistas não conseguem até agora tirar o vírus da invisibilidade e do desconhecimento – parece uma confusão.

 

O episódio do coronavírus não coloca em causa apenas medidas estruturais, mas também comportamentos e estilos de vida pessoais. É um verdadeiro desafio dirigido a cada um, com estímulos a nível pessoal, e a identificação de incentivos para adoptar novos comportamentos sociais.

 

Uma das grandes lições que devemos tirar é, acima de tudo, a mudança de mentalidade da necessidade de nos revermos com a fragilidade e a precariedade, enquanto realidades que pertencem de maneira constitutiva à natureza humana. Não devemos olhar para essa crise como frustração paralisante, mas sim como um estímulo para implementar a nossa capacidade de mudança.

 

O desafio a esse respeito é constituído pela necessidade de desenvolver um novo impulso solidário. A obrigação de ‘‘ficar em casa’’ pode se tornar, nesse sentido, uma oportunidade de rever a nossa abordagem à vida e ao viver juntos, para recuperar valores como a capacidade de habitar a si mesmos – silêncio e solidão favorecem processos de interiorização fundamentais para a recuperação da própria identidade verdadeira – para redescobrir a importância da proximidade e para promover um estilo de vida baseado em uma maior sobriedade.

 

As consequências dessa crise serão duras. Por isso, é necessário um aditivo de solidariedade, com renovada atenção aos bens comuns – a saúde é o mais importante deles – garantindo-os a todos, a partir dos sujeitos mais frágeis, através de intervenções concretas inspiradas em critérios de justiça e equidade, consolidados pela presença dos valores que têm a dimensão ética da condição humana.

O CAPITALISMO ESTÁ EM CRISE.

Entre reflexões, crónicas e ensaios esta é a minha visão.

EDGAR LEANDRO