Luanda - O mundo está a assistir de forma impotente as emboscadas económicas do SARS-COV2-2019, uma bomba-relógio que se não for desarmada tão cedo quanto possível iremos continuar a sofrer baixas na esfera socioeconómica da nossa sociedade.

Fonte: Club-k.net

Esta emboscada do COVID-19 está a ser entendida por especialistas em macroeconomia em todo o mundo como sendo superior à crise económica de 2008. Isto porque, a título de exemplo, as indústrias tradicionais como a do Entretenimento (Cinema e Desporto), Restauração, Aviação e Turismo, estão todas paralisadas. E sabemos que existem países no mundo que só uma destas indústrias valoriza o seu PIB.


Em Novembro de 2019, o filantropo e investidor bilionário americano, Ray Dalio, surpreendeu o mundo todo com a tese de que haveria um colapso no sistema financeiro mundial, apostando um bilhão de dólares na queda das acções em 2020 através do seu conhecido Fundo de Investimento - BridgWater. Sabia como ele previu? Para a resposta desta questão teremos a atenção de trazer à discussão no próximo artigo.


Desde a crise imobiliária de 2008 que as grandes economias mundiais têm dado sinais de lenta recuperação e agravou-se em 2014, principalmente para os países dependentes do BRENT. Neste mesmo ano (2008), o BRENT disparou nos 140 Usd por barril (até Julho) e foi sofrendo baixa nos meses seguintes, mas em 2014 ele abrandou para os 50 Usd e o máximo que atingiu durante estes cinco anos foi de 80 Usd.


E até ao momento em que escrevo este artigo, o BRENT não passa dos 30 dólares norte-americanos. Por diversos factores (guerra contra o auto proclamado Estado Islâmico; Procura reduzida por parte dos EUA; causa: petróleo xisto; a OPEP não encontra o equilíbrio entre a oferta e a procura… A COVID-19 paralisou todas as unidades industriais movidas com o combustível fósseis).


O que significa para muitos estudiosos (enfoque: Jeremy Rifkins) como sendo a saída da segunda revolução industrial (Combustíveis Fosseis) para a entrada da terceira revolução industrial (Internet das Coisas / Internet of Things).


Jeremy Rifkins afirma que os grandes líderes mundiais estão preocupados, pois os combustíveis fósseis não são o motor desta terceira revolução, mas sim, as fontes de energias renováveis (o sol é gratuito) e a internet, que por incrível que pareça segundo este economista, é que pela primeira vez na história esta revolução não é algo que está a iniciar dentro das indústrias (80% delas continuam a operar como a 50 anos atrás) mas sim, dentro das nossas casas e está tudo nas mãos da geração Y ou os millennials (nascidos no ano de 1980 à 2000).


No seu livro – Sociedade com o Custo Marginal igual à Zero, o autor traz consigo um novo conceito, ou seja, o capitalismo reinventado ou a economia da partilha. Exemplo: hoje qualquer um pode ter o seu canal de TV sem se preocupar com o custo de expansão, bastando ter um canal no YOUTUBE e está resolvido.


Voltemos ao caso do Fundador da BridgeWater, o maior fundo de investimento do mundo neste momento – Ray Dalio, que ilustra muitíssimo bem no seu canal de Youtube, intitulado How The Economic Machine Works, como os bancos centrais controlam a inflação, deflação e faz-nos entender como o motor para um sistema económico-financeiro saudável é o crédito (ferramenta à disposição do governo para relançar a economia do País, quando o dinheiro entregue nas mãos dos empresários, através das instituições financeiras, é empregue para criar postos de trabalho…) e também afirma que toda a economia tem o seu ciclo que obedece a uma das leis da natureza: tudo neste universo tem o seu surgimento, desenvolvimento, o seu auge e por fim, o seu declínio.

O capitalismo tal como o conhecemos, já teve a sua época dourada. Agora estamos a registar a sua queda ou reinvenção que só o tempo dirá.


Mas uma coisa é certa, a teoria da mão invisível, que tentou salvar o sistema económico “cessante”, não está também a suportar a emboscada Global da COVID-19.


Partindo do princípio de que Angola está a enfrentar uma crise de desvalorização do kwanza com a excessiva dependência do BRENT, que era o motor da nossa economia, não representando mais o nosso El dourado, apresentamos as seguintes recomendações:


1. Os bancos comerciais devem apoiar os empresários e clientes que possuem créditos nas suas instituições, favorecendo-lhes o perdão dos juros a exemplo do que já fez o BCI, os bancos europeus e americanos;


2. O Banco Central deve criar mecanismos para impulsionar os Bancos Comerciais e facilitar o acesso ao crédito. Pois, o dinheiro tem que circular;


3. Os nossos bancos comerciais têm que, por conta própria, mudar de paradigma e investirem nos seus clientes: tem de haver crédito para todos os bolsos. O negócio dos mesmos deve ser principalmente a taxa de juros, não ganho de comissões sobre operações cambiais;


4. Assim que este frenesim abrandar, será o momento para a impressão de mais Kwanzas. Isto porque, o poder de compra está reduzido. Esta medida irá causar inflação? Sim irá, mas conhecemos a ferramenta eficaz para equilibrar a inflação – Taxa Juros!


Este é o meu humilde ponto de vista tendo como base bibliográfica os autores Ray Dalio e Jeremy Rifkins.


E enfim, «Toda a crise vem acompanhada com uma mão cheia de oportunidade» E esta deve ser a nossa para dar um restart ao nosso sistema financeiro e económico para diversificar de uma vez por todas a nossa economia, apostando não só na agricultura como também em infraestruturas para estarmos na vanguarda desta terceira revolução industrial como tem acontecido no Rwanda.

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*Gestor de Vendas, Bacharel em Gestão de Empresas e Membro Fundador da Associação Científica de Angola.