Luanda – Costuma se dizer que os problemas económicos resolvem se com soluções económicas. O Covid 19 é um problema de saúde pública que ultrapassa e desafia as leis económicas. O Covid 19 é daquelas coisas que acontecem e nos fazem repensar e reprogramar a nossa forma de actuação económica bem como o custo de oportunidade de reformarmos a matriz económica do País.

Fonte: Club-k.net
Duas vias de análises separam a nossa forma de análise e argumentação nos desafios económicos do País numa altura que a epidemia vai se proliferando com uma velocidade que o sector económico não tem pernas nem condições para acompanhar na mesma proporção. Para percebermos o grau de desafio económico que o País enfrenta numa altura como esta, deve se compreender a génese do problema maior que muitas vezes ultrapassa as soluções económicas.

Assim e conforme o espectro governativo, antes de qualquer solução económica, o País precisa em primeiro lugar de um “Projecto País” claro, transparente, sustentado, inclusivo e sobretudo despido de qualquer interesse particular ou privado com o fim último o interesse público.

Este projecto seria um guia orientador integrado com a condição de não haver alteração “política” independentemente da mudança de qualquer servidor público, com objectivos e metas de curto, médio e longo prazo bem definidos, com os limites claros de actuação dos sectores com participação na vida económica do País. O referido projecto igualmente, definiria o que queremos como País e até onde queremos chegar.

Esgrimir sobre os grandes desafios económicos não é um exercício difícil, basta que observemos os grandes problemas sociais e económicos dos cidadãos (Poder de compra baixo, desemprego, pobreza, caos social etc).

O problema maior reside na opção e na forma de actuação económica que cada decisor toma. As premissas e os pressupostos que são utilizados para actuação económica em muitos casos são frágeis e sem sustentabilidade, pondo muitas vezes em causa a continuidade das políticas económicas e igualmente tornando os programas económicos débeis suceptíveis de revisões constantes.

Abrindo desde logo um precedente em perceber se é a nova política económica que deve adaptar o Pais a uma nova realidade económica ou eventualmente se é a nova politica económica que se deve adaptar a realidade do Pais.

Neste aspecto, para mensurarmos a eficácia da política económica basta avaliada la pelo seu resultado e nunca pela intenção, se efectivamente mudou a realidade ou se não teve o efeito desejado. O decisor económico deve perceber e enxergar a realidade da sociedade de modos a estudar profundamente e aplicar soluções que se adequam a realidade económica do Pais.

No caso de Angola, a política económica deve ir além da narrativa económica clássica (Abordagens Clássicas, Keynesianas, Neo Clássica etc.) e criar narrativas africanas de modos a ir de encontro com a realidade económica, social e política de Países Africanos.

A realidade do mercado Angolano e totalmente distorcida do conceito de mercado como tal (Mercado perfeito onde a Lei da procura e da oferta funcionam como os pressupostos do mercado), pelo contrário o nosso mercado esta completamente desprovido das regras de mercado, o que significa que grande parte politica económica aplicada não terá o efeito desejado se não entrar no mérito profundo da realidade do mercado Angolano. Sem retirar o mérito dos desafios do País, o Pais deve ser liderado com plano A e B, dando espaço para quebras económicas e garantindo o cumprimento e a sustentabilidade dos programas económicos.

Para vencermos os desafios económicos que se impõem basta que em primeiro lugar vencemos o estigma de grandeza que nada tem e partirmos para respostas pragmáticas que podem fazer toda diferença se respondermos com eficácias algumas questões que se impõem:

Se somos uma nação pobre, porque temos tanta formalidade e empecilhos para deixarmos nossos concidadãos investirem com toda liberdade e sem custo como tal, quando nações ricas do primeiro não tem grandes formalidades ou empecilhos como requisito para o investidor? O que e que uma nação pobre perde ao desburocratizar -se completamente e ter uma liberdade económica como tal? O que queremos proteger, quando pouco ou nada temos para oferecer? O que leva a uma nação eminentemente importadora e sem base solida de sustentabilidade, estabelecer regras draconianas que pouco ou nada acrescentam valor a quem de facto contribui para o crescimento económico (Investidor)? O que falta para sermos uma nação próspera e darmos o passo crucial para o desenvolvimento económico?

Após o exercício de ponderamos determinadas questões que podem ajudar a redefinir a política económica, estaremos entretanto em condições de enumerar alguns dos principais desafios económicos que teremos ao longo dos próximos tempos.

*Economista