Luanda - Tratam-se de dois municípios que distam a cerca de 430 quilómetros um do outro. Um localizado no centro da região Norte e o outro localizado no Nordeste da zona Sul do País.

Fonte: Club-k.net

Nzeto faz parte do leque de seis municípios que compõem a Província do Zaíre, tem uma população estimada a volta de cinco mil habitantes, com parte da sua população a dedicar-se a pesca e a agricultura. Com uma população jovem entre os 18 e 35 anos, esta Vila liga a província do Zaíre a capital do país.


Apar do Nzeto, o Sumbe que também faz parte do litoral Angolano, é a capital da província do Cuanza Sul. Com uma população a rondar perto de quatrocentos mil habitantes e uma área territorial de 3 890 km2 é considerado o município mais populoso da província.


O município do Sumbe é naturalmente delimitado a norte pelo curso inferior do rio Queve, a sul pelo curso inferior do rio Balombo, a oeste pelo Oceano Atlântico e a leste tem o limite convencional com o município da Conda.


Uma vez a caracterizado os dois municípios, voltamos ao ponto de partida deste desta análise: afinal, o que têm em comum estas duas regiões do nosso País?


Devido a sua localização geográfica, tanto o Sumbe como o Nzeto antes da independência de Angola, serviram de locais onde decorriam as trocas comerciais entre os povos do interior e do litoral: o sal e o peixe, bem como tecidos trazidos pelos europeus que serviram durante muito tempo para alimentar esse circuito comercial, eram os principais produtos deste processo. Daí, a cidade do Sumbe ser conhecida por "Novo Redondo” e o Nzeto conhecido como o “Entreposto” antes de 1975.


Actualmente estes dois municípios apresentam níveis consideráveis de atraso no que concerne ao desenvolvimento local, com muitos desafios a nível do mercado de emprego, educação, água, saneamento básico, etc. Há uma necessidade urgente de se olhar para estas duas realidades com “olhos de ver”, ou seja, numa perspetiva mais futurista.


Nos últimos cinco anos a Vila do Nzeto (que almeja pelo estatuto de cidade) beneficiou de um projecto agrícola de iniciativa israelita. Esta empresa foi contratada para executar as obras das infraestruturas para a transformação da mandioca em fuba de Bombom, no seguimento da estratégia de diversificação da economia nacional anunciada pelo executivo em 2012. Infelizmente, este projecto que custou aos cofres do estado Angolano vários milhões de dólares, encontra-se abandonado a cerca de dois anos.


Nzeto, nos últimos anos foi igualmente contemplado com um projecto de eletrificação e a construção de uma ponte sobre o Rio Mbrindje que liga o município sede ao município do Soyo. Estão por concluir as obras da estrada que liga a ponte a Vila do Nzeto.


A não conclusão deste pequeno troço tem criado grandes dificuldades de circulação de viaturas e esta, tem sido apontada como a principal causa dos acidentes ocorridos nesta ponte.


Sumbe nos últimos anos beneficiou igualmente de alguns projectos a nível da educação com a construção do campus universitário da Universidade Katyavala Bwila e o Instituto Superior Politécnico do Cuanza Sul, construção de um Porto Pesqueiro, construção do Sistema de Irrigação da Agricultura Modernizada etc.


Com o Nzeto a constituir o maior nó de passagem obrigatória (não só a nível do país, porque liga a província do Zaíre a capital do País por via terrestre), esta ligação estende-se até a Africa Oriental (por exemplo, saindo dos Camarões, pode chegar ao Nzeto via terrestre, passando pelo dois Congos) e chegar até Luanda tranquilamente. Na era colonial esta Vila chegou a ser considerada um dos melhores Conselhos Administrativo de Angola.


Enquanto o Sumbe, por intermédio da estrada Nacional 100 serve de nó de ligação para as demais províncias da região sul com a capital Luanda. Esta ligação por terra pode igualmente estender-se até Namíbia. A aposta do Executivo Angolano para o fomento do turismo deve passar inicialmente pelo turismo regional. Para tal, a ligação terrestre com qualidade das estradas, é um dos primeiros pontos a ter em atenção.

 

Nzeto dista a 265 quilómetros de Luanda. Sumbe dista a cerca de 365 quilómetros de Luanda. Dois municípios com uma grande importância geoestratégica, um pelo centro Norte e outro pelo centro Sul que apresentam todas as condições para contribuírem na estratégia de “desafogar” Luanda. Com projectos devidamente estruturados, estas duas “cidades” assumiriam um papel de grande relevância por se encontrarem próximos da cidade capital.
Luanda está a “rebentar” pelas costuras no que tange ao número de habitantes e é imperioso que se tomem medidas para se inverter o quadro.


Há necessidades de se fazer uma aposta clara e urgente na industrialização do País, com a implementação de fábricas para absorver sobretudo a população com menor grau de escolaridade. Este é o caminho mais acertado para a redução do grande índice de desemprego no País, aliás não foi por acaso que velho Poeta disse um dia que, a agricultura é a base e a indústria o factor decisivo.


Estas industriais se estiverem localizadas nestes dois municípios iriam contribuir paulatinamente para a redução do alto número de desempregados em Luanda, nas duas regiões (Norte e Sul) e sobretudo nos dois municípios referenciados. A industrialização destes dois municípios iria igualmente contribuir na exportação de produtos para vários países africanos por via terrestre e por intermédio das duas fronteiras (Luvo e Santa Clara).


Aliás, face ao grande fluxo de movimento monetário que ocorre diariamente no Luvo, sou de opinião que se faça um estudo profundo sobre a possibilidade de transformar este ponto fronteiriço num local com cotação na Bolsa de Valores por se tratar de um ponto de encontro entre os investidores que querem vender e os que pretendem comprar os ativos financeiros.


Uma vez que o Executivo Angolano finalmente percebeu que a agricultura é um sector chave para o desenvolvimento da economia nacional, a aposta deve estar centrada na indústria transformadora como por exemplo, transformar o tomate em massa tomate etc.


A nível do turismo, ambos os municípios apresentam um potencial enorme com um litoral extenso e com praias muito lindas. Nzeto para além do Rio Mbrindge, que é sem dúvidas um grande ponto de atracção turística é abrilhantada pelas lindas rochas de granito da Musserra que fazem parte das 7 maravilhas de Angola e é o postal de visitas para quem entra nesta Vila.


Um dos grandes desafios propostos à nova Ministra da Cultura, Turismo e Ambiente, é a necessidade de uma forte aposta no turismo, mas o seu sucesso poderá passar em se prestar maior atenção e potencialização dos dois municípios (Nzeto e Sumbe).


Com Mbanza-Kongo elevada a património da humanidade pelo Norte e o projecto Okavango Zambeze pelo Sul, estes dois municípios jogariam um papel importantíssimo para atracção de turistas nacionais e estrangeiros, dai a necessidade do apoio às iniciativas do sector privado para construção de um verdadeiro ponto de passagem obrigatória. A revitalização do aeroporto do Nzeto, é um dado a ter em conta na atracção de turistas a nível da região. Chegando ao Nzeto por via aérea, o turista depois, teria possibilidade de optar em conhecer os outros pontos do País por terra.


Água canalizada, restauração e hotelaria funcional, são os principais “ingredientes” para o turismo e é, o que Nzeto e Sumbe precisam para assumirem o seu verdadeiro papel no desenvolvimento do País. É um paradoxo ver as populações do Nzeto sem água canalizada quando tem um rio que passa a menos de um quilómetro do município Sede.


Só com um Nzeto desenvolvido é que se conseguiria atrair turista para a Província do Zaíre e particularmente para a zona norte de Angola. É esta Vila que servirá de chamariz para a atracção turística. Esta visão já tinha sido observada durante o regime colonial com o início das obras de construção do Porto do Nzeto que registou a sua interrupção em 1974 com a queda do regime Salazarista.


Nzeto e Sumbe têm em comum o facto de serem duas localidades que revelam um fraco desenvolvimento local. Têm em comum o facto de revelarem um potencial enorme a nível da indústria piscatória, praias lindas e grande capacidade para atrair o turismo interno. Têm em comum o facto de serem duas regiões com grande potencial e neste momento estão subaproveitadas.

Têm em comum tudo de bom que Deus deu, mas que precisam de uma maior atenção.
Bem-haja...

*Mestre em Governação e Gestão Pública – Governação Local.