Luanda - INTERVENÇÃO DO DEPUTADO SIMÃO DEMBO, VICE-Presidente da UNITA

Excelência Presidente da Assembleia Nacional!
Excelencias!

"A nossa pátria é um conjunto de Nações que deve pela unidade e reconciliação, buscar a realização plena de todos os seus povos. Estamos diante de um diploma que se enquadra nos esforços, de implementação do plano de reconciliação em memória das vítimas de conflitos políticos ocorridos entre 11 de Novembro de 1975 à 4 de Abril de 2002, um gesto de generosidade dos angolanos memorável que só peca por tardio, mas mesmo assim, já é um passo que deve se tomar em conta se de intenções passarmos para as acções materiais que nos conduzam para a verdadeira irmandade.


É importante que honremos todos aqueles que nos precederam para que hoje pudéssemos estar vivos e num país que ensaia as liberdades e direitos, e transita para a democracia mesmo que ainda titubeante. É de igual modo importante que a palavra *"reconciliação"* não se resuma em simples discursos. *Reconciliação* é um conjunto de palavras e actos que conduzem o homem a aproximar-se do outro para a partilha de benefícios. Nesta conformidade, é mandatório que saibamos valorizar as pessoas enquanto vivas para que depois da transposição para outra dimensão da vida, as nossas homenagens embora póstumas, tenham o seu verdadeiro significado.


Mais importante que isso, e porque não existe morte prazerosa, todos os nossos entes queridos que já partiram gostariam de estar vivos, precisamos de colocar no mais alto pedestal os nomes e as figuras de todos os filhos desta pátria de heróis para um novo raiar de sois, de formas a honrarmos o nosso passado, a nossa história, construindo na unidade e no trabalho um homem novo, e só assim, ergueremos um país portentoso e feliz.


Excelências!


A nossa grandeza, não está nas riquezas naturais que o nosso país ostenta, não está nas belas paisagens que o nosso país tem, a nossa grandeza está na nossa generosidade e inteligência que se constituem em únicos pergaminhos que farão de Angola e dos angolanos uma terra e um povo orgulhoso de o ser, em que cada passo que se da para o futuro, sentimo-nos angolanos, angolanos angolanos para sempre.


A história feita e escrita por políticos não deve ser a única referência para edificarmos a Angola reencontrada, porque ela constrói muros da discórdia, quando a história escrita por historiadores despidos de militâncias e desapaixonados constrói pontes da sabedoria, da unidade e do desenvolvimento, apaga as fronteiras das políticas e politiquices, desmorona até monumentos construídos em formato de garfo de lenha erguido identificadores de apenas um dos lados do conflito na Pátria de todos. Como bom cidadão, amante da paz e com esta janela que se abre, só quero que Deus me conceda vida e saúde para viver numa Angola de amanhã onde para além do grande monumento referenciado no diploma em debate, possa ver um largo, um sitio, um jardim em cada província aonde estejam construídas, estátuas lado-a-lado, e chamo aqui a titulo de exemplo a do comandante *Katuva Mutue* e *Ferrais Bomboko* do *MPLA,* de *David Jonatão Chingunji* da *UNITA,* de *Maneca Paka* e *António Fernandes* da *FNLA* e de outros heróis anónimos sem tabus.


Quero que o meu filho amanha, aprenda com a mesma intensidade todos acontecimentos históricos que nos glorificam e os que nos envergonham para que não volte a cometer os mesmos erros cometidos pelos pais e que saiba a verdadeira história do bravo comandante *Simione Mukume,* do intrépido comandante *Arlindo Chenda Pena “Ben-Ben",* do corajoso jovem *Hildebrando,* do resoluto Jovem *Cherokee* e porquê não falar de grandes homens que escreveram com os seus feitos as grandes batalhas da nossa história recente tal é o caso dos generais *França Ndalu* e *Demóstenes Amós Chilingutila,* cuja determinação, coragem e disciplina no cumprimento das instruções dos seus comandos continuam a ser referência de muitos?


Senhor Presidente!

Para terminar, quero juntar a minha voz à todos quantos fizeram o apelo aos cidadãos para o combate contra o coronavírus, todos observemos as medidas de biossegurança recomendadas pelas autoridades sanitárias.


Por favor, *fique em casa,* lave as mãos com água e sabão constantemente, mantenha o distanciamento físico, use máscara sempre que necessário. *A máscara descartável uma vez usada, não a jogue para o lixo inteira, corte-a ao meio ou queime-a porque, por culpa da crise, há cidadãos que vão recolher do lixo, lavam-nas e reponhem-nas novamente em circulação.* Portanto, não compre máscara descartável em qualquer local. "


Muito obrigado pela atenção que me foi prestada, obrigado Sr Presidente!


Luanda, aos 27 de Abril de 2020.