Luanda - Denivaldo Neto, Alípio João, Rodolfo Sousa e Dinameni Marques conheceram-se na empresa privada de telefonia móvel Movicel, onde trabalhavam. O tempo de convívio e o interesse pelo mundo das tele- comunicações levou-os a identificar a inexistência, no mercado angolano, de um serviço pontual, já implementado em realidades não muito diferentes da nossa, como é o caso, por exemplo, de Moçambique. Tratava-se de uma solução que fosse capaz de permitir aos cidadãos, sem conta bancária, efectuar pagamentos de serviços a partir mesmo de um telefone, tal como já o fazem aqueles que têm uma conta bancária.

Fonte: JA

O interesse de trabalhar neste projecto resultou do facto de os mesmos acharem que os softwares, até aqui criados para fazer paga- mentos de serviços a partir de um telefone, serem discriminatórios para com os cidadãos sem uma conta bancária.


“Quantas pessoas, no nosso país, é que têm uma conta bancária? Somos poucos. Segundo os últimos dados do Banco Central, não passam de 31 por cento”, defende um deles.


Outra situação que também inquietou os jovens, cuja média de idade ronda os 35 anos, foi o facto de terem verificado, em algumas províncias, cidadãos a percorrerem longas distâncias para carregar o telefone.


“Ainda temos áreas no país, sobretudo as recônditas, em que o soba é que tem o telemóvel da al- deia, e, para o carregar, tem de se deslocar até ao centro da cidade ou ao município sede, porque as operadoras de telefonia móvel não criaram nas suas zonas condições que os permitisse realizar tal ope- ração”, salientam.


Essas insuficiências no sector das telecomunicações levaram os jovens, formados em Engenharia Informática, a abdicar das noites bem dormidas para abraçar longas horas de trabalho árduo, para criar o software.


Como fazer com que as pessoas sem uma conta bancária consigam, também, efectuar pagamentos a partir de um telefone? Era essa a pergunta que martelava os neurónios dos jovens.


Aliado a isto, estava igualmente o facto de a maioria dos cidadãos sem uma conta bancária não possuir registo civil, uma questão bastante valorizada pela banca, quando se trata de abertura de conta.