Luanda - À dias que publiquei um post que dava conta de uma possível revisão da Constituição, cujo objectivo principal é permitir que o Presidente da República que também é Presidente do MPLA, João Lourenço, venha a ter três mandatos diferente dos dois mandatos previstos pela Constituição aprovado e em vigor desde 2010. E hoje com a criação DA COMISSÃO DE REFORMA DA JUSTIÇA DO DIREITO, que segundo consta, será composta pelas seguintes individualidades: Carlos Feijó, Virgílio de Fontes Pereira, Francisco Queiroz e outros, prova ou pelo menos vem dissipar todas as dúvidas que tínhamos relativamente a revisão da Constituição, ou seja, tarde ou cedo a revisão da Constituição será anunciada e será um facto.

Fonte: facebook

Na verdade não nos espanta tendo em conta os últimos acontecimentos que têm sido registados neste país, — ou seja, para os menos atentos será uma novidade mas para os mais atentos, não. E os últimos acontecimentos que me refiro têm que ver com o reavivamento do Gabinete de Acção Psicológica, que hoje acabamos por descobrir porque tão urgente foi reavivado, ou seja, por enquanto se avança com uma possível revisão da Constituição nos bastidores, — os holofotes vão sendo disfarçados com as estratégias deste Gabinete que passam pela criação de temas de distração.


O que estamos a tentar dizer é que o Gabinete de Acção Psicológica tem uma relação amorosa com esta Comissão que terá a cargo a revisão da Constituição, e esta relação se traduz no seguinte:


1 — Gerar Temas Fúteis que levam a opinião pública a se distrair enquanto que nos bastidores vai se desenvolvendo o projecto para revisão e alteração da Constituição;


2 — Eliminar Adversários Fortes, a revisão da Constituição possivelmente não será neste primeiro mandato do Presidente João Lourenço, ou seja, será no seu segundo mandato, então é convenientemente político eliminar adversários fortes que podem colocar em causa a victória para um segundo mandato do Presidente João Lourenço ou que podem ainda vir a condicionar uma provável victória com maioria absoluta ou qualificada ao MPLA que lhe permitisse ter poder parlamentar para fazer tudo o que quiser como faz actualmente na Assembleia Nacional, e isto já está a ocorrer com:


a) As calúnias e difamações que Adalberto da Costa, Presidente da UNITA tem vindo a sofrer, com objectivo de desacredita—lo junto ao seu eleitorado, e isto provavelmente até 2022 poderá elimina—lo do jogo;


b) Bloquear o novo Partido de Abel Chivukuvuku, sabe—se que Abel tem uma popularidade extraordinária capaz de roubar eleitores ao MPLA então quanto mais fora do jogo estiver, melhor para o Partido na Situação;


3 — Retirar do ar programas televisivos que mostrem a realidade do povo e a gestão danosa do Governo do MPLA, ou que tenham algum conteúdo democrático capaz de abrir a mente dos cidadãos;


4 — Estratégias de Colocar na Oposição Líderes Fracos, ou seja, já se discute a nível das redes sociais em função do que tem acontecido com o Presidente da UNITA, Adalberto da Costa, uma possível alteração nos cabeças de lista dos Partidos na Oposição. Fazer com que Adalberto da Costa não seja o cabeça de lista em 2022 pela a UNITA e que seja um outro candidato sem popularidade a altura de fazer frente ao MPLA e ao seu líder.


Ora, poderíamos ilustrar outros elementos, mas o certo é que a revisão e alteração da Constituição em vista a criar um conjunto de condições para que o Presidente da República que por sinal é também do MPLA venha a concorrer para mais um terceiro mandato, virá num piscar de olho. E o Gabinete de Acção Psicológica terá a função de distrair a opinião pública com conteúdos, temas e polêmicas praticamente desnecessárias e fúteis, — e quando todos se concentrarem o objectivo do regime terá se cumprido.


Vale lembrar que a distração foi uma estratégia usada na actual constituição em 2010, — ou seja, enquanto se entretea o povo com a realização do CAN, o jogo nos bastidores era outro, ou seja, a criação de uma Constituição que conferia ou confere Poderes excessivos ao Presidente da República e que violava ou violava um conjunto de princípios para um País que diz ser um Estado de Direito e Democrático.


Contudo, é de todo imperioso que de Cabinda ao Cunene estejamos atentos com esta possível revisão da Constituição para que não seja mais alterada segundo a vontade de uma minoria, e que desta vez seja uma Constituição que reflicta em bom rigor a vontade da maioria ou de todos cidadãos. E que também estejamos atentos aos temas que daqui em diante serão lançados em hasta pública para serem abordados, ou seja, cuidado com as futilidades temáticas, — é preciso começarmos a discutir país para que possamos atingir um desenvolvimento pleno que satisfaça os anseios de todos. Esta é a hora de largarmos as Bandeiras Partidárias e abraçarmos a Bandeira da Nação Angolana.


= Osvaldo Tchingombe = Sociólogo Independente&comunicador/Analista Político..."Salúte".