Luanda - Os últimos anos têm sido anos de grandes desafios para as famílias e para as empresas em Angola. Há quatro anos que vivemos em recessão, muito por fruto da elevada dependência da nossa economia das matérias-primas, em especial do petróleo. Infelizmente, o cenário económico mundial não augura nada de bom, na medida em que a queda da atividade económica levou mesmo o preço do petróleo a valores negativos!

Fonte: Vanguarda

Neste contexto adverso, urge encontrar alternativas para dinamizar os vários setores da nossa economia, especialmente aqueles que poderão ser mais afetados. Torna-se prioritário apoiar os empresários mais frágeis, as microempresas e os empresários em nome individual, de modo a garantir a manutenção dos postos de trabalho e algum poder de compra. De facto, segundo o Banco Mundial, deverão ser as micro e pequenas empresas, por utilizarem menos intensivamente o fator capital, as principais responsáveis pela retoma e pelo equilíbrio entre a oferta e a procura do mercado.


A referida urgência de estímulo económico assume uma importância acrescida se tivermos em conta a história recente de crise económica e o êxodo de muitas famílias para as grandes cidades, na procura de melhores condições de vida. Estas famílias encontraram emprego nas atividades industriais e comerciais que estão agora em risco, com os consequentes desafios em termos de apoio social, saúde e segurança pública.

Que medidas de estímulo?


Podemos aprender com os países que vão mais avançados no combate à pandemia, com os devidos ajustes para a realidade Angolana. Estes países têm-se focado em medidas de proteção ao emprego, com redução da carga fiscal, medidas de layoff e apoio da banca à tesouraria das empresas. Por que não, também, desenhar medidas que apoiem e estimulem a capitalização das empresas com capitais nacionais, evitando-se a venda das melhores empresas a capitais estrangeiros? Sendo cuidados imediatos, o esforço consiste na manutenção dos postos de trabalho para que, numa segunda fase, a procura de bens e serviços possa retomar alguma normalidade. O Orçamento de Estado e um setor financeiro sólido e com liquidez são dois ingredientes fundamentais nesta equação.


Numa segunda fase, a aposta passará por introduzir estímulos através de investimento público e incentivos ao investimento privado. Por que não aproveitar esta crise, também, para promover a transformação do nosso tecido empresarial? Talvez apostar nas indústrias que nos permitem a substituição de importações, reduzindo a nossa dependência do estrangeiro e das matérias-primas?


De maneira geral, as contribuições das pequenas empresas numa economia em vias de desenvolvimento passam por uma significativa contribuição na geração do produto nacional, excelência na absorção de grande contingente de mão-de-obra a baixo custo, desempenham importante papel num desenvolvimento inclusivo e a capacidade de gerar uma classe empresarial nacional.


Não tenhamos ilusões. Os próximos anos serão anos de grande desafio. Não poderemos ignorar as dificuldades das famílias e das empresas e esquecer o que é prioritário. Atacar a doença (saúde pública e saúde económica), procurando não comprometer o futuro, sendo certo que já passámos por situações piores.


Hailé Cruz – Gestor de Empresas