Brasil - O estado de emergência sob o qual nos debruçamos hoje é substrato novo, assente nas regras constitucionais e legais, portanto responde a uma necessidade evidente de não só tolher direitos básicos dos cidadãos para melhor proteger a coletividade, mas também simplificar, desburocratizar a execução de medidas de contenção ao inimigo mundial, covid19.

Fonte: Club-k.net

Tal situação, alarmante por sinal, impôs em toda parte o desespero, perdas na economia, mas principalmente perdas humanas, irreparáveis digam-se, entretanto, esse momento único na história, tem servido de embrião de muitas atitudes louváveis, que embora sejam realizadas em menor número é obvio, mas que fazem a diferença.


Falo da solidariedade coletiva, vemos a volta do mundo ações inimagináveis serem realizadas por diferentes grupos, pessoas, sobretudo anônimas, pode se dizer que nunca vivemos situação similar, em que os bloqueios a circulação de pessoas tomasse tal proporção, mas que a necessidade de se ajudar o próximo teve tantas respostas imediatas, seremos outros depois dessa pandemia.


Por outro lado, a situação que vivenciamos escancara uma realidade a muito sabida e sentida por todos, a fraqueza das nossas economias, sempre em crises, a falta de estrutura do nosso sistema de saúde, mas principalmente, essa situação veio testar a capacidade de respostas governamentais para situações anormais.


Em Angola como vemos, o sistema de saúde é ‘’inexistente’’, apesar disso, vem respondendo a seu modo ao combate ao vírus, atrelado a isso, vê-se uma tentativa embrionária de se avançar positivamente no campo social, poderá nascer desse gesto um estado social?! Torcemos certamente que sim.


Historicamente, nessas terras não houve um programa de repasse de renda as famílias mais carentes, entretanto em tempos de covid19 surgiram manifestações neste sentido, o que certamente é positivo, mas é preciso que seja uma realidade perene, não apenas passageira como essa pandemia, que certamente passará.

Percebemos assim, que nesta tempestade, bons ventos podem soprar em diferentes direções, só precisamos estar aptos a senti-los e acima de tudo ter a capacidade de conduzí-los a direções onde pela sua força mais contribuam do que prejudicam. Em Angola a necessidade de um estado social continua sendo uma necessidade emergente, um estado em que as pessoas sejam alocadas na balança econômica, consideradas no orçamento geral do estado, como agentes econômicos que são.


Vemos, portanto, que essa pandemia trouxe consigo numerosos problemas juntos, diga- se, além da doença em si, é a partir dela que se evidenciou mais significativamente a desigualdade social, a falta de estrutura do sistema de saúde, a incapacidade de resposta para situações críticas, a decadência e o despreparo do sistema de ensino em todos os níveis, pois adultos, mas, sobretudo crianças em idade escolar estão sem aulas, por essas terras não há programa, projeto público - privado que possibilite o ensino remoto, entretanto, tal situação é uma realidade em muitos países.


Em que pese à tempestade, da qual certamente sairemos mais fortalecidos, é preciso que o estado de emergência seja o estopim, a origem, de um estado social, em que as pessoas sejam postas na conta, é preciso que haja repasse efetivo de renda, as pessoas mais necessitadas.


Portanto, o estado de emergência em Angola pode servir de gênese para o nascimento de um estado novo, o estado social, onde as pessoas como contribuintes que são, passam a fazer parte do orçamento não só como despesas para o estado, mas a fazer parte das cotações econômicas, pois como se sabe o impacto de uma pandemia afeta diferentemente as pessoas, sobretudo, aquelas cuja situação social é mais vulnerável, para as quais o acesso aos serviços básicos é mais custoso.