Luanda - Muito se tem dito sobre o Governo-Sombra da UNITA, com as mais variadas interpretações relativamente a essa instituição. Para muitos, o termo/instituição pode ser/parecer uma coisa nova, o que poderá justificar alguns comentários que surgem aqui e ali. Mas, se por um lado o problema reside na "novidade" (se for esse o caso), por outro lado,pode-se fácil e claramente ler alguma malícia política muito mal velada por parte de quem não gostaria de ver a UNITA dotada de um Governo-Sombra.

Fonte: Club-k.net

Comecemos pela definição. O que é um Governo-Sombra?

"Governo-Sombra é um grupo organizado, geralmente constituído por membros de um partido político da oposição, que faz o acompanhamento crítico da acção dos ministérios de um governo" (http://xn--dicionrio-51a.priberan.org/).


O governo-sombra não é uma figura nova,existindo desde há muito tempo em muitas democracias. Exemplo disso é o Reino Unido da Grã Bretanha, que tem o conhecido "Official Opposition Shadow Cabinet" ou "Gabinete Sombra da Oposição Oficial", usualmente conhecido como "Gabinete Sombra" (o mesmo que "Governo-Sombra". Basicamente, o Gabinete Sombra do Reino Unido é formado por membros seniores da Lealíssima Oposição de Sua Majestade, que actuam como escrutinadores que verificam os seus titulares de cargos correspondentes, no Governo. Um dos seus objectivos é pressionar o Governo para que explique as suas acções públicas.


Dito de outro modo, é missão do Governo-Sombra fiscalizar os actos, acções e políticas do Executivo em funções, ao mesmo tempo que aponta, sempre e lá onde isso seja possível, aquilo que, no seu entender (no entender do Partido Político gerador do Governo-Sombra) seriam as soluções para as diferentes situações.
Se estivermos atentos, é isso que o Governo-Sombra da UNITA tem estado a fazer. É um exercício mera e eminentemente democrático, que se ajusta bem nesta Angola multipartidária que é um país "Democrático e de Direito".


E se é com as críticas que se melhora o desempenho; se o Executivo em funções, no nosso país, pretende, de facto, aprimorar o seu desempenho para melhor servir os angolanos; se a intenção não é fingir que se faz, fingir que estamos bem, varrendo o lixo para debaixo do tapete, mas antes resolver de facto "os problemas do povo", então o Governo do nosso país deve regozijar-se por ter, na UNITA e no seu Governo-Sombra, um ponto permanente e seguro de alerta para a sua própria navegação.


Importa esclarecer também que um Governo-Sombra é constituído por ministros-sombra que, não sendo um governo como o em funções, não tem que necessariamente ter os mesmos pelouros que este. Do mesmo modo, será fácil entender que não é nenhuma heresia, nem pecado mortal que o Governo-Sombra da UNITA tenha um "Primeiro Ministro".


Se eu tiver podido, com este "post", ajudar a entender o que é um Governo-Sombra, qual a sua missão e o bem fundado da sua existência para o fortalecimento da nossa ainda adolescente democracia, em Angola, sentir-me-ei um cidadão muito feliz.


Matondo ke benu bonso (obrigado a todos).