Luanda - De 22 a 25 de Maio de 1963, em Adis Abeba, na qualidade de Coordenador do Comité dos Movimentos de Libertação, Savimbi esteve presente na reunião de 30 países africanos que decidiram criar a OUA (Organização da Unidade Africana).

Fonte: Club-k.net

Entre outras figuras, nesse Comité de Libertação estavam também presentes Kenneth Kaunda (que procurava a independência da Zâmbia), Joshua Nkomo (que lutava pela independência do Zimbábue) e Luís Cabral (líder do PAIGC). A OUA foi um instrumento muito importante para impulsionar a independência das colónias europeias de África.


Pela notoriedade que ele tinha alcançado, em 1963, com a criação da OUA, Jonas Savimbi foi escolhido para presidir o Comité dos Movimentos de Libertação desse organismo. Mário Pinto de Andrade fez parte desse Comité.


Vale a pena ler como Jonas Savimbi, ele próprio, explicou o contexto da criação da OUA ao jornalista togolês Atsutsé Kokouvi Agbobli: "Antes de 1960, o ano das independências africanas em cascata, dirigentes nacionalistas no poder como o imperador Hailé Selassié da Etiópia, William Tubman da Libéria, o coronel Gamal Abdel Nasser do Egipto, o rei Mohammed V de Marrocos, Habib Bourguiba da Tunísia e Kwame N’Krumah do Gana, tinham já na sua política externa a ajuda aos movimentos de libertação nacional de África. Esta ajuda era naturalmente mal vista pelas potências coloniais e por isso a sua intensidade era variável. (AGBOBLI, 1997)

 

"Para evitarem problemas com as capitais estrangeiras, alguns países africanos limitaram-se a dar um simples apoio financeiro e diplomático. Outros países, que eram mais determinados ou menos receosos, foram até à assistência e à participação no esforço de guerra contra o colonizador. Foi o caso do ganiano Kwame Nkrumah, do egípcio Gamal Abdel Nasser, do rei Mohammed V de Marrocos, que gastaram fortunas na entrega de armas às guerrilhas disseminadas no continente africano. Quanto ao tunisino Habib Bourguiba, ao imperador Hailé Selassié, ao liberiano William Tubman, escolheram uma via mais discreta, mas também eficaz. (AGBOBLI, 1997)


A acção colectiva dos estados independentes de África a favor da libertação de outros povos do continente ainda sob o jugo colonial teve o seu impulso na primeira conferência dos povos independentes de África, que teve lugar em Túnis, em 1956. O movimento ficou ampliado com a terceira conferência, a de Acra, no Gana, em Março de 1958. Nessa ocasião, os governos dos estados africanos manifestaram publicamente a sua solidariedade com os povos do continente africano ainda sob dominação colonial. E, à margem dessa terceira conferência, houve muitos arranjos secretos a favor de acções comuns à descolonização do continente negro. (AGBOBLI, 1997)


É ainda Jonas Savimbi a explicar: A criação da OUA foi precedida de iniciativas tomadas por diversos grupos: o grupo de Casablanca (República Árabe Unida, Guiné, Gana, Mali, Marrocos, Governo provisório da República da Argélia), o grupo de Brazzaville, composto pelos estados francófonos, o grupo de Monróvia que compreendia os estados anglófonos mais o Togo, e pelo grupo de Lagos que ambicionava encarnar a reconciliação entre todos os grupos africanos. (AGBOBLI, 1997)