Luanda - A actual situação económica e financeira em Angola, não traz aos jovens motivos de satisfação e esperanças no futuro. O país que somos, empobrecido pelas más políticas de desenvolvimento e agastado pelo fenómeno da desertificação financeira, deixou de ter capacidade para cumprir metas e estabelecer bases para o que quer que seja, a médio prazo, para reduzir os efeitos da pandemia Covid-19, que apanhou o mundo de surpresa.  Angola vive dias amargos e tem de contar com as próprias forças para poder sobreviver à crise imprevista, num contexto em que todos os países a quem se podia valer sentem e vivem o mesmo problema.

Fonte: Club-k.net

O país vai brevemente entrar num terceiro ano de nova liderança política, com a situação existencial agravada, pela falta de recursos, para os ajustamentos à economia e revisão da sua estratégia de governação, se quiser sobreviver a mais um desafio, ditado pelas mutações das condições de vida no planeta, em função da pandemia Covid 19.


A batalha principal consiste em debelar o mal que impede a sequência normal da vida no planeta.


Há que reformular conceitos, há que abrir mão de muita coisa, para que todos os cidadãos angolanos e não angolanos possam ajudar a encontrar uma linha de actuação capaz de tirar o país da situação catastrófica em que se encontra.


Não adianta nesta fase persistir no sucesso das políticas adoptadas, nos domínios, social e económico, pois o que interessa nesta fase é sobrevivermos com rigor, aos efeitos da pandemia, nos aspectos da prevenção e eliminação do contágio, que pode, com a variação das condições climáticas, evoluir para o plano do descontrolo.


As medidas do foro económico devem estar orientadas no essencial, para a produção alimentar, a saúde, energia e águas e alguma indústria ligeira de suporte, que não implique grande esforço em moeda externa e os sectores absolutamente elementares, que nos permitam resistir aos efeitos nefastos da pandemia.


Até a educação e ensino vai ter de submeter-se à inacção, se as condições não forem favoráveis ao seu funcionamento. As forças de defesa e segurança, na qualidade de beneficiários da maior dotação orçamental verão diminuídas as suas verbas, para darem lugar às emergências que a situação ditar.


Estarão votadas à condição de um exército de salvação contra um inimigo invisível, que tem de ser eliminado de forma eficaz. Os planos políticos têm de sofrer alterações, em função do quadro sanitário do país.


Ao submeter-se à consulta popular, escutando as vozes autorizadas da sociedade o Presidente João Lourenço tem de sentir que não está sozinho, aceitando as ideias até da oposição política, se forem do interesse nacional e correspondam a soluções válidas, que possam gerar resultados plausíveis para todos.


A unidade nacional tem de funcionar, no plano das ideias e das acções, para que o demónio que nos apoquenta possa ser extirpado da nossa convivência.


O quadro económico do país não se conforma com a realidade vigente e para quem governa é difícil encontrar soluções que correspondam aos objectivos traçados. Há empresas a fechar, sem viabilidade de voltarem a funcionar a curto ou médio prazo e então aí há que ponderar um novo plano de futuro, onde se possa enquadrar o seu regresso à actividade, sem as exigências que se assistem, com os bancos a dizerem uma coisa e as instituições públicas que regulam as políticas financeiras a contradizerem-se flagrantemente. O país não pode continuar a reboque dos conluios e promessas inelegíveis, sob o risco de colocar em cheque o perfil e as promessas eleitorais do Chefe de Estado, que, na penumbra começa a ser censurado pelo imobilismo e nulidade da sua acção governativa.


Os jovens deste país estão receosos e exigem mais do Governo, nos quesitos emprego, auto-emprego, formação profissional, educação e ensino e habitação. Os jovens não entendem por que razão, nas condições actuais de pobreza extrema, até para o regime de auto-emprego têm de adquirir os instrumentos de trabalho, a pronto pagamento, quando o investimento estrangeiro goza de direitos preferenciais, que são negados aos nacionais, que necessitam de garantir o seu sustento, nem que seja através do auto-emprego.


A aquisição de uma simples motorizada, ou moto-cisterna, instrumentos de trabalho e de fomento ao auto-emprego tenham de ser adquiridos a pronto pagamento, quando numa situação normal, de estímulo e à promoção do mesmo, se pode perfeitamente pensar, num sistema de facilidades de pagamento para as pessoas que se pretendam iniciar no auto-emprego, em condições francamente vantajosas.

 

Na abertura do mercado, onde a oferta e a procura vão ditar novas regras de conduta, deixando o Estado fazer outras coisas, que lhe cabem por direito, num modelo económico tradicional e de base capitalista.


O Estado limita-se a gerir outras situações, como cobrar impostos, em tudo que dê valor acrescentado, desde o imposto predial, de propriedades horizontais e verticais e outros produtos transacionáveis e passíveis de pagar tributo. Deve rapidamente registar toda a propriedade assente no solo pátrio, desde terrenos, casas, automóveis, actividades comerciais e industriais, sem distinção e só aí terá dinheiro suficiente para suportar as nossas grandes despesas.


Nota-se nos nossos jovens uma situação de incredulidade, quando se deparam com outros semelhantes estrangeiros, alguns ilegais protegidos pelos respectivos compatriotas, entregues no negócio de vendas directas nos armazéns, que muito bem poderiam estar sujeitos ao regime de facilidades de pagamento, em nome do equilíbrio necessário nas relações de quem compra e quem vende.


O dia que esta ferramenta comercial for instituída em Angola muita coisa vai mudar para melhor. Até no capítulo da circulação mercantil, que ganha outro ritmo, com os estímulos ao consumo, através da venda a prestações.


Se o Governo insistir nas promessas estará mais uma vez a colocar o seu prestígio na lama e a encomendar o seu descrédito junto dos seus eleitores, que colocam nas raias do cepticismo, aquilo que vêm e ouvem na televisão e rádios, em nome de um futuro melhor, que sabem ser apenas para inglês ver.


O futuro está a perder o seu bom nome, por não ter força motivadora, nem de expressão valiosa entre nós.


ANDRÉ PINTO