Luanda - "Aqueles príncipes ou aquelas repúblicas que desejam manter-se incorruptas, têm de, acima de tudo, manter incorruptas as cerimônias da sua religião e tê-las sempre na maior veneração, porque não pode haver maior indício da decadência de uma província do que ver desprezado o culto divino". Por: MAQUIAVEL, Nicolau. Discursos sobre a Primeira Década de Tito Lívio. Pág. 70.

Fonte: Club-k.net

Entende-se que Nicolau MAQUIAVEL, apela ao Estado para que tudo faça, a fim de se evitar que a instituição (a igreja) vocacionada ao culto divino, que pelo sinal é uma agente de socialização secundária e parceira directa do Estado, permita que os seus "ministros ou servidores" se envolvam em actos que perigam a boa imagem e o bom nome da igreja, corrompendo os valores éticos e morais que ela tem estado a apregoar, para que não se permita que alguns homens (os padres ou os pastores) coloquem em causa a credibilidade da referida, bem como, a estabilidade social, pelo que, "o escândalo na igreja" atenta contra a honra, a dignidade e a moral dos fiéis, ou ainda, fazendo com que a própria igreja se desvie da sua vocação social.


Todavia, diante de uma situação como a recente que se assistiu na Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), o Estado enquanto órgão que legaliza e autoriza para que uma determinada igreja entre em funções, deve se manifestar para verificar se os actos (menos bons) que foram praticados não contrariam o estipulado na lei (Spínola).

 

Ora bem, no caso concreto, as razões em causa da parte dos protagonistas dos actos "bárbaros" tem que ver com "as regalias" que não lhes são atribuídas segundo o que eles dizem. Pois, não são motivos suficientes para a agressão física que pode ser interpretada como um crime. Ademais, poderia se ter evitado o escândalo, uma vez que o "diálogo permanente" tem sido o conselho que a igreja transmite todas as vezes que se pronuncia quando chamada socialmente.

 

Um outro comportamento indecoroso, que até hoje não se consegue perceber, foi o do padre da Igreja Católica no município do Lobito, província de Benguela, padre com larga experiência, com a capacidade de distinguir o bem e o mal, foi capaz de bular as pessoas, o que é pecado desde o ponto de vista religioso, como ainda, constituí-se em um crime desde o ponto de vista da lei, portanto, o padre, fazia-se passar pelo canal autorizado pelo Estado para a comercialização das residências habitacionais.

 

No entanto, ambos os casos, demonstraram que para aqueles que acreditam cegamente que os padres ou os pastores, constituem as únicas vozes autorizadas para se pronunciar todas as vezes que for necessário abordar os temas como: "a moralização da sociedade", "o resgate dos valores morais e cívicos" bem como outros assuntos sociais, a eles não cabe única e exclusivamente o argumento de razão.

 

Entretanto, a realidade factual deixa clara e evidentemente que é chegada a hora de os próprios se reeducarem, com o auxílio de outras individualidades, essas que devem-se-lhes chamar, sempre que possível, para abordagem quer seja em privado ou em público, essa última principalmente, tendo em conta o pendor educativo dos temas mencionados acima, para que escândalos como esses não voltem a acontecer. Isso, porque não séria bom que até nas instituições religiosas os cidadãos deixassem de se identificar. Enfim, como dizia Marx: "a religião é o ópio do povo".