Luanda - O jurista William Tonet acusa as autoridades angolanas de não facilitarem a negociação com a empresária Isabel dos Santos, no quadro do processo de arresto provisório dos bens decretados pela justiça.

Fonte: Club-k.net/Ecclésia

Em Dezembro de 2019, a Sala Cível e Administrativo do Tribunal Provincial de Luanda decretou o arresto preventivo de contas bancárias pessoais da empresária angolana Isabel dos Santos, de Sindika Dokolo e Mário da Silva, além de nove empresas nas quais detêm participações sociais, por alegados negócios privados que terão lesado o Estado Angolano em mais de mil milhões de euros.


William Tonet que falava ao programa “Discurso Directo” da Rádio Ecclésia, Emissora de Angola, disse que o “retardamento” na resolução deste caso, coloca em risco o emprego de muitos chefes de famílias, facto que para ele, “provoca um impacto negativo” a já “débil economia do país”.


”Estamos a falar de questões sensíveis – a economia, que tem a ver com todo um conjunto de relações internas e externas, que vão ter influência na vida de terceiros de boa-fé, desde os empregos indirectos e os directos, e depois ao seu todo, inclusive com arrecadações e receitas extras, como a colheita de impostos, que começam a ficar postos em cheque”, sublinhou Tonet.


O também jornalista e director do jornal Folha-8, reforçou a sua “acusação”, argumentando que, as recentes declarações do Presidente da República, João Lourenço sobre a “impossibilidade” de haver qualquer negociação com a empresária angolana, “vem mostrar claramente que a justiça já tem uma sentença formada para o desfecho do caso de arresto de bens de Isabel dos Santos”.


Na cruzada contra à corrupção, William Tonet considerou que “gostaria” tanto que fosse um dos “maiores apoiantes” do Presidente João Lourenço, mas garante o jurista, “não procede de tal maneira por se revelar desiludido com campanha selectiva no combate a corrupção”.


“Desde 1975 que eu me bato contra a corrupção encapotada e depois velada nos principais órgãos, e eu não acredito nesta luta contra a corrupção conforme está engendrada”, afirmou William Tonet, sustentando que, o “formato adoptado foge os ditames da legalidade”, pois, na sua visão “devia se fazer com que, todos aqueles que prevaricaram devem sentir de que há uma lei nova”.


Para o jurista William Tonet “não se pode combater a corrupção com leis corruptas e nem com juízes e procuradores corruptos”.