Luanda - A volta do mundo, a pandemia desvendou totalitarismo nas sociedades democráticas permitindo que os governos ameacem as oportunidades, criando Estados de Excepção e avançando agendas políticas.

Fonte: Club-k.net

Formas estranhas de governação têm se manifestado que envolve um novo método de relação com o cidadão onde as democracias já não parecem exercer seu propósito real. Importantes decisões vão sendo tomadas sem a consulta popular passando por questões de emergências, os Estados cada vez mais endividados.


A ciência por meio do sector de saúde têm sido usada como ferramenta de poder esvaziando totalmente o poder do Estado submetido a ciência cujas decisões passam em nome da vida.


O Covid-19 revelou o fracasso do sector de saúde pública não somente revelou uma falha de estratégia nos Países pobres, mas também dexou a olho nu a gravidade e consequências das políticas neoliberais ao privatizar o sector de saúde nalgumas das maiores potências.


Todas estas manifestações fazem-nos refletir sobre o conceito de Necropolítica publicado em 2006 na Revista Raison Politique.


O conceito trata de uma concepção radical e transgressora da relação entre o Estado e a cidadania a necropolítica, envez de Nação Foucaultiana de Biopoder e desvaloriza novas formas de dominação, submissão e tributo em particular no continente Africano poscolonial. Não obstante, está análise se aplica ao completo do terceiro mundo e ainda assim extensivo ao quarto mundo ou seja, aquela população pertencente ao primeiro mundo que ainda assim vive em um estado de absoluta precaridade e para que não sejam expulsos da sociedade do bem estar, ocupam as margens de seres invisíveis que habitam nas ruas, nos aeroportos, nas estações de metro em hospitais etc..


Cuja vida encontra-se nas mãos do necropoder.


A necropolítica


Estes fenómenos encontrados na necropolítica, foram inspirados na obra de Foucault sobre o Biopoder onde o autor define a soberania como o poder de dar vida e morte que se dispõe os dirigentes Africanos sobre seus povos.


Assim, Achille Mbembe descreve a época poscolonial como um lugar onde o poder era difuso, e nem sempre exclusivamente estatal. Mbembe afirma que as características próprias da etapa poscolonial reside em sua diferença da época colonial onde a violência era um meio exclusivo para obter poder e conseguir a rentabilidade está, se revela como um fim de sí mesmo.


Neste sentido, o Biopoder termo acunhado por Foucault para definir-se um regime inédito que toma como novo objetivo e veículo de acção o bem estar das populações e a submissão corporal e sanitária de seus cidadãos, e apresenta-nos como antecedente do necropoder.


Os estados modernos surgidos nos finais do SEC XIX têm como objetivo o controlo e gestão da população enquanto novo recurso ( junto ao território e bens que neles hajam), para os quais, implantam técnicas dessacralização do biológico, o demográfico e tudo referente a vida humana.


Mbembe sugere que regimes políticos actuais, obedecem a esquemas de fazer morrer e deixar viver e também se alude em necropolítica a coisificação do ser humano, próprio do capitalismo que explora as formas mediante as quais, as forças económicas e idiológicas do mundo moderno mercantilizam e reificam o corpo.


Neste caso, as soberanias consistem em exercer controlo sobre a mortalidade e definir a vida como um meio de manifestação de poder.


Este ensaio se distância das considerações tradicionais sobre soberania que se dão nas ciências políticas e nas relações internacionais. Para a maioria, estas considerações situam a soberania no interior das fronteiras do Estado Nação, e no seio das instituições supranacionais.


Portanto, todos estes fenómenos narrados por Foucault e mais tarde por Mbembe, podem claramente definir o estado actual dos governos e suas manifestações cujo poder encontra-se cooptado por instituições supranacionais por meio da saúde pública justificando assim um perfeito ensaio para a implantação de um governo de escala global.