Luanda - Ontem, a TPA retransmitiu a performance de Waldemar Bastos no Show do Mês da Nova Energia de Yuri Simão.

Fonte: Club-k.net

Foi um reavivar de grandes e fortes emoções!

 

As chocantes revelações feitas por WB naquela "Missa Musical" (conceito da autoria do Mais Velho KG KB Gala) , causaram uma enorme onda de revolta que intensificou a dor que ainda todos nós sentimos por tão grande perda.

 

"É a primeira vez que Eu canto livremente no meu País". Lamentou o Mais Velho WB que, a seguir, desabafou: "Cada um carrega a sua cruz. Eu carreguei a minha cruz. Espero que me deixem em paz".

 

De facto, testemunhámos o quão pesada foi a cruz que o Mais Velho WB carregou ao longo de penosas décadas de ostracismo no exílio.

 

Conhecemos-nos em Dezembro de 2007, numa das poucas vezes que veio à Angola.


À convite especial do empresário Elias Piedoso Chimuco, Waldemar Bastos, acompanhado pela sua Banda deu um concerto em Menongue, nos festejos dos aniversários do Grupo CHICOIL,SA e do seu patrão, Elias Chimuco, um confesso fã de WB, que apesar do asfixiante contexto político, fizera-lhe vir, expressamente de Portugal.

 

Era eu, na altura, um dos Directores de Gabinete do PCA da CHICOIL,SA.

 

Fui encarregado de cuidar de todos os aspectos da viagem do tão ilustre artista e patriota WB e sua Banda.

 

Logo à sua chegada à Luanda, tivemos um "irritante":

 

Passaporte de WB retido pelos Serviços de Migração e Estrangeiros - SME!

 

Obviamente, isso criou um grande mau-estar, todavia, partimos para Menongue, onde permanecemos por dois dias, durante os quais conversámos bastante...

 

Comigo ele sentiu-se à vontade, desde o primeiro dia, pois que lhe tinha revelado ser membro da UNITA.

 

Em Menongue, WB cantou e encantou.

 

A pedido do aniversariante, WB bisou a música "Água do Bengo", a favorita do meu Patrão Elias Chimuco, que a ouvia vezes sem conta, sobretudo no carro.

 

De regresso à Luanda passamos uma Semana inteira nos corredores de vários Gabinetes para "desbloquear" a situação.

 

Com o Passaporte em mãos, acompanhei-o até à Sala de Embarque e por lá permaneci até ver o avião no ar, não surgisse ainda uma "Ordem Superior" de última hora a decidir em contrário!

 

De lá para cá mantivemos um contato regular que se intensificou com o surgimento do Facebook.

 

Sempre o tratei por Mais Velho, que no código linguístico Kwacha é uma forma particular de expressar reverência e amizade.

 

Pelo seu grande contributo para cultura universal, pelo incondicional AMOR que sempre nutriu e expressou pela sua querida Angola e suas gentes, mas também pelo muito sofrimento por que passou, fiquei muito feliz de o ver a ser condecorado pelo Presidente da República.

 

A propósito, Angola precisa de ter um Panteão Nacional, um local onde poderemos, finalmente celebrar a vida dos nossos mortos.

 

Para "quem de dever" deixo aqui uma sugestão: Que tal se os festejos dos 45 anos de Independência podessem servir também para, pelo menos, lançar tal ideia?

 

Se um dia vier a concretizar-se, seguramente estará lá já reservado um lugar para o Mais Velho WB, lugar por si próprio conquistado com o seu grande amor e muito sofrimento.

Até sempre Mais Velho WB!