Luanda - Na sequência do golpe de estado registado no dia 18.08.2020, na República do Mali, permitiu-nos mais uma vez, refletir em torno daquilo que tem sido o modo de governar e fazer política dos líderes africanos.

Fonte: Club-k.net

No pretérito dia 18 de Agosto, Mali acordou de forma diferente, onde prendia-se ministros das finanças, cerca nos edifícios mais importantes do país e por fim, a detenção do então presidente Ibrahim Boubakar Keita. Golpe este liderado pelo Coronel Major Ismael Wagué.

O ex-Presidente — tratámo-lo de ex-Presidente pelo facto do acto estar consumado e o mesmo ter assumido publicamente a renúncia do cargo no dia seguinte ao golpe. Ibrahim Boubakar Keïta foi reeleito em 2018 com uma maioria substancial, num pleito onde apenas 30% dos eleitores registados votaram, os demais, abstiveram-se. Impedimentos impostos pela comissão eleitoral — trocando as mesas de votos.

A oposição maliana, várias vezes alertou da existência da fraude, a comunidade internacional e os comissários eleitorais ignoraram isso. Ibrahim assumiu as funções de chefe de Estado em fortes contestações, repudiando a sua reeleição por considerar-se fraudulenta e não refletir a vontade dos cidadãos malianos.

Varias vezes, líderes opositores de Ibrahim foram detidos e presos por reivindicarem o elevado índice de corrupção implantado no governo de Ibrahim, os conflitos proporcionados aos rebeldes, e do nível extremo de pobreza no país — infelizmente esse clamor não foi tido nem achado.

Em nosso entender, esse vem ser um claro aviso que os militares malianos vêem dar aos líderes africanos fazendo perecer que o interesse nacional sempre deve estar em primeiro lugar. Ora vejamos, a comunidade internacional e os comissários eleitorais sempre foram avisados que este indivíduo é corrupto, fomenta o terrorismo, fomenta a miséria extrema, a pobreza e é reeleito com extremas fraudes.

Ambas as entidades ignoram este lado, simplesmente pautaram pelo lado da simpatia estadual e respeito à soberania do governo maliano e não à soberania do povo maliano. Se respeitassem o primado pela democracia, transparência, boa governação, hoje, Mali não estaria envolvido num golpe de Estado.

Os avisos não faltaram. A teimosia de alguns líderes africanos, pensamos nós que vem chegando ao fim. Se não saem pela porta grande, saem pela janela e a força, desta, não pelos cidadãos comum, mas sim pelo militares eivados de sentido patriótico. Pois, não justifica-se alguém eleito com uma maioria em menos de dois anos ser tão impopular como a realidade nos mostra. Não justifica-se mostrar ao ocidente que também sou urbano e tenho a democracia como o meu primado de governação ao passo que não passo de um ditador fingido de cordeiro.

Hoje, todos os líderes africanos condenam o acto perpetrado pelos militares, pois sabem que se a moda pegar muitos deles não terão mais de um ano nos seus cargos, uma vez que os seus modus operandi são quase os mesmo, daí essa preocupação em condenar um ato tão patriótico quanto este perpetrado pelos militares maliano. De facto, estamos solidários com o povo maliano, pois reconhecemos as suas lutas e resiliência. Só um povo forte consegue construir um estado democrático de direito cuja a necessidade e satisfação reflita na sua vontade, ao contrário, não será democracia, mas algo parecido à democracia.

Os eventos ocorridos no Mali não foram factos isolados, mas o culminar de uma sucessão de eventos viciosos e desgastante que o povo foi submetido pelo regime local, talvez seja o prenúncio do fim de alguns estados africanos que têm as mesmas tácticas de governar. Pois, estamos cientes que a mensagem chegou aos destinatários e aos líderes africanos que não atendem o primado emanado pela democracia, a boa governação, o respeito pelas leis, à prossecução e satisfação das necessidades coletiva, e o reconhecimento da diferença na unidade.

A nossa vénia aos militares patriótico que ousaram restaurar a democracia no Mali. Um BEM-HAJA.
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Manuel Cornélio