Luanda - A UNITA, maior partido da oposição angolana, exprimiu hoje inquietação face ao elevado custo de vida no país, com os salários afetados pela "galopante e imparável inflação", sem soluções apresentadas pelo Governo.

Fonte: Lusa

A posição é expressa no comunicado final da reunião do conselho da presidência e da segunda reunião ordinária do comité permanente da comissão política, realizadas na segunda e terça-feira, respetivamente.

 

No documento, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) realça igualmente os crescentes níveis de desemprego que afeta principalmente jovens, que "tornam insuportável a situação de numerosas famílias, que sobrevivem da informalidade económica".

 

O maior partido da oposição angolana insta o Governo a considerar a retoma da normalidade de todos os setores da vida do país, acompanhada da prática rigorosa das medidas de biossegurança face à pandemia de covid-19, que passam pela educação dos cidadãos.

 

Uma reflexão sobre a real eficácia da manutenção da cerca sanitária de Luanda, "que provou estar na base da aceleração da falência de muitas empresas, do aumento do desemprego e da instabilidade social", é também um ponto que a UNITA pede ao Governo para ter em consideração.

 

No que se refere ao capítulo político, a UNITA lamentou e condenou a estagnação da agenda política do país e o adiamento pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder, da institucionalização das autarquias locais, cujas primeiras eleições estavam previstas para este ano.

 

"Reiterar que as autarquias locais em todo o território nacional são uma pedra angular indispensável para o lançamento das bases de construção da nação angolana", lê-se na nota, que considera também urgente a conclusão do pacote legislativo autárquico, com a aprovação da lei que institucionaliza as autarquias locais em Angola.

 

A nível interno, os membros daqueles dois órgãos do partido exortaram o aprimoramento das medidas permanentes da consolidação da unidade do partido e da coesão da sua liderança, "a fim de guindar a UNITA à conclusão do amplo movimento democrático para a alternância que a maioria dos angolanos tanto anseiam".

 

"Encorajar o presidente do partido, Adalberto Costa Júnior, a persistir na senda do diálogo patriótico com o Presidente da República para o alcance dos consensos necessários para a viabilização de Angola como Estado e nação em construção, que beneficie todos os seus filhos", destaca o comunicado.

 

Sobre a situação social, a UNITA questiona a eficácia das medidas de gestão da pandemia de covid-19 pelos órgãos instituídos, "que se têm revelado insuficientes para a contenção da propagação do vírus pelo país".

 

A realização de testes massivos às comunidades e a urgente necessidade de ultrapassar as restrições colocadas "por interesses meramente comerciais", bem como acabar com a exclusividade do Ministério da Saúde na realização de testes da covid-19 "a preços escandalosos e inacessíveis para a esmagadora maioria da população" foram também recomendações da organização política.

 

Angola regista 2.332 infeções pelo novo corovírus e 103 mortes, informaram as autoridades sanitárias do país.

 

A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 820 mil mortos e infetou mais de 23,9 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.