Luanda - A julgar pelas palavras do Presidente do BD, Justino Pinto de Andrade, em entrevista concedida a vários órgãos da comunicação social, na semana passada, à margem dos preparativos da reunião do Conselho Nacional (Comité Central), aquele partido prepara-se para convocar a sua Convenção (Congresso), que terá carácter electivo.

Fonte: Club-k.net

Questionado sobre a possibilidade de recandidatar-se, o acadêmico não hesitou em afirmar que, "nada me afasta...se estiver vivo pode acontecer...".

A predisposição do também Deputado pela Bancada Parlamentar da CASA-CE, antes da convocação do conclave, provocou sussurros e algumas inquietações nas hostes bloquistas, tendo em conta o desgaste que o acompanha, face a longevidade do mesmo no cargo (10 anos), a fraca actuação e prestação na Assembleia Nacional, o sumiço do partido na cena política nacional e a apertada inversão de marcha feita pelo seu irmão, Vicente Pinto de Andrade, conforme se evidencia nos seus comentários ao domingo na TV Zimbo, que causam estranheza na sociedade e entendida em alguns círculos como resultado de entendimentos familiar com o MPLA, em função do histórico de alguns parentes próximos que fundaram o partido dos camaradas e outros que estão na sua direcção.

Todavia outras figuras de proa e com forte influência interna no "partido dos intelectuais", como também são conhecidos, são referenciadas como potenciais candidatos, os quais são o Economista Filomeno Vieira Lopes, advogado Luís Nascimento, académico e investigador Nelson Pestana Bonavena e o sindicalista Manuel Vitória Pereira.

Segundo opiniões a que tivemos acesso, Filomeno Vieira Lopes colhe maior consensos, devido a sua veia de grande articulador com a sociedade civil, a visibilidade que tem neste momento, ser tido como crítico ao regime, pragmático e Revu, qualidades que animam alguns círculos importantes de académicos, da Juventude e da sociedade civil em geral.


Em 2011 FVL foi partido o braço numa manifestação em Luanda pelos melicianos do regime Eduardista que conduziu o país durante 38 anos com mãos de ferro.

Filomeno Vieira Lopes é visto também como bastante interactivo e inclusivo, facto que eleva as chances de Adão Ramos, um activista incansável pelas questões da inclusão das pessoas com deficiência, integrar uma lista de candidatura com proposta de ocupar o cargo de vice presidente ou secretário geral, para os quais tem sido insistentemente apontado.

AR tem se destacado no activismo, desde 2011, fazendo parte dos vários movimentos anti regime, é muito próximo aos 15+2 e outros revus, sendo também um deles, tem feito pronunciamentos que colhem enorme simpatia no seio da sociedade civil, além de ter uma visibilidade aceitável.

Segundo opiniões, um cenário bloquista em que este intransigente activista ascenda ao mais alto patamar na Direçcão dos bloquistas, que seria caso único na história de uma pessoa com deficiência em Angola ter bastante destaque partidário, pode fazer moça no cenário político nacional e atrair bastante atenção ao partido, o que deixa igualmente mais vantagens para a candidatura de quem o inclua.

As mesmas opiniões desenham outro cenário que pode envolver uma candidatura isolada de Luís Nascimento, actual vice presidente, ou uma aliança entre este e outro guru, que colocaria nas contas João Baruba, actual secretário geral do Bloco Democrático, como vice presidente ou no mesmo cargo que ocupado, o que seria uma aposta na continuidade.

As opiniões que se dividem, entre uns e outros cenários, referem igualmente que, uma eventual recandidatura do actual Presidente, ao arrepio dos princípios da ética e da moralidade política, porque já fez dois mandatos, pode beliscar a sua imagem de democrata e não apego aos cargos, sendo que, após a sua tomada de posse como Deputado, demitiu-se do cargo de Director da Faculdade de Economia da Universidade Católica de Angola e sempre foi um grande crítico da longividade de Eduardo dos Santos, enquanto Presidente da República, tendo no ano passado deixado claro que não tentaria um possível terceiro mandato.

Agindo ao contrário, o respeitável acadêmico, referenciado como nunca tendo dado mau exemplo à juventude, pode deixar um mau legado, tal como se diz do seu irmão mais novo.

Os partidos políticos não podem passar a pregar isto, para evitar futuramente arranjos e golpes constitucionais de um possível terceiro Mandato do Presidente da República.

A sociedade civil e acadêmica aguardam com expectativa o anúncio das candidaturas à presidente, vice presidente e secretário geral do Bloco Democrático, com particular realce para a entrada de uma mulher e de Adão Ramos, que granjearia o rótulo de partido da inclusão.

Daniel Pereira, Jurista e Docente Universitário.