Luanda - O massacre judicial e mediático contra a minha pessoa e também todos os meus familiares, obrigam-me a esclarecer a opinião pública nacional e internacional com os seguintes factos:

Fonte: Irene Neto

1 – O meu marido, Carlos de São Vicente, é um cidadão honrado e cumpridor das Leis angolanas. Criou empresas no sector financeiro, do turismo e no imobiliário, que tem gerido sempre no respeito pelas normas em vigor em Angola e no mercado internacional.


2 – Até este momento ele não foi acusado de nada. Porém, as autoridades que têm o dever de proteger o Segredo de Justiça, alimentam um circo mediático que representa o julgamento e condenação de Carlos de São Vicente, na praça pública. O meu marido está a ser vítima de um julgamento mediático criado artificialmente e alimentado por sectores bem identificados.


3 – A prisão preventiva do cidadão Carlos de São Vicente é, de facto, o cumprimento de uma pena sentenciada no tribunal populista, presidido por agentes do Ministério Público.


4 – O massacre judicial e mediático sobre a minha família e, particularmente, a minha pessoa, representa, sem qualquer dúvida, uma intolerável interferência do Poder Político no Poder Judicial e é também uma vingança mesquinha desnecessária.


5 – O massacre judicial e mediático chegou ao ponto de, no meio de todas as baixezas, anunciarem que me afastei do meu marido ou dele me divorciei. Estamos mais unidos do que nunca e sofremos ambos os mesmos desgostos. Nunca imaginámos que um empresário pudesse ser preso, apenas por ter sucesso nas suas actividades empresariais.


6 – Sou membro do Bureau Político do MPLA. Lamento que, até agora, nem uma palavra tenha recebido de apoio e solidariedade dos meus camaradas, tirando honrosas excepções. Sou uma militante e dirigente honrada, uma cidadã angolana que sempre deu o seu melhor pelo partido e pela Pátria Angolana. Este silêncio não dignifica o maior partido histórico de Angola.


7 – Tenho as minhas contas bancárias congeladas. Estou sem meios para prover as despesas quotidianas. A vingança sobre mim e a minha família chegou a um ponto muito próximo de práticas fascistas de triste memória. Mas não me renderei à chantagem, ao abuso de poder, a uma Justiça travestida de polícia política.


8 – O meu marido, Carlos de São Vicente, está preso injustamente. Ele não pode praticar a alegada actividade delituosa, porque já lhe confiscaram todos os bens, até a casa de família. Não pode fugir, porque tem o passaporte caducado. Estar em liberdade ou, pelo absurdo, em prisão domiciliar, não causa qualquer alarme social. Portanto, libertem-no imediatamente.


9 – Responsabilizo os titulares dos órgãos de soberania implicados neste massacre, por tudo o que acontecer ao meu marido, Carlos de São Vicente, na prisão de Viana. No Poder Judicial em Angola, há muitos magistrados decentes e cientes dos seus deveres enquanto titulares dos órgãos de soberania, que são os Tribunais. Espero que corrijam as inconstitucionalidades de que está eivado este processo.

Com este comunicado, acabou o silêncio dos inocentes.

IRENE NETO, médica e membro do Bureau Político do MPLA.
2 de Outubro de 2020