Lisboa - A secretária-adjunta da Organização da Mulher Angola (OMA), Maria Isabel Malunga Mutunda, foi recentemente persuadida pelo Bureau Político do MPLA a desistir da sua pretensão em disputar a liderança da organização, para não atrapalhar a eleição da jornalista da Televisão Pública de Angola (TPA), Joana Domingos dos Santos Filipe Tomás, imposta pela direcção do partido no poder.

Fonte: Club-k.net

“MAMAS” DA OMA NÃO QUEREM JOANA TOMÁS 

No dia 25 de Agosto do ano corrente, o BP do MPLA anunciou Joana Tomás como candidata única ao congresso da OMA que tem lugar em Março do próximo ano. Em reacção, a OMA reuniu o seu Secretariado Executivo Nacional, na qual foi acertado que avançaria com a candidata que organização vêem preparando há mais de dois anos para a sucessão de Luzia Inglês Van-Dúnem "Inga", no cargo há 22 anos.

 

Irritados com a liberdade da ala feminina do partido, o Bureau Político do MPLA enviou, na semana passada, um dos seus membros, Jorge Inocêncio Dombolo para manter conversações com a OMA, e por um fim ao tema de duas candidatas ao congresso. Durante a reunião mantida entre as partes, Jorge Dombolo que ocupa a pasta de Secretário do BP para a Organização e Inserção na Sociedade, encorajou a pré-candidata Maria Isabel Malunga Mutunda a desistir da corrida para facilitar a eleição da candidata escolhida pela cúpula do MPLA.

 

No seguimento do clima áspero que se registou, a pré-candidata abandonou a reunião em sinal de desagrado pelo acto “não democrático do seu partido”, tendo em conta que os Estatutos e os documentos aprovados pelo Comité Nacional da OMA no dia 18 de Julho 2020, em especial o Regulamento eleitoral estabelece até duas candidatas aos Órgãos individuais da base ao topo.

 

Por inerência dos seus respectivos cargos, a secretária geral e a adjunta da OMA, fazem parte da comissão de organização do congresso, como “coordenadora” e “coordenadora adjunta”, respectivamente. Se tivesse avançado para a corrida eleitoral, Maria Isabel Malunga Mutunda teria de deixar de ser “coordenadora adjunta” da comissão de organização ao conclave para evitar conflitos.

 

Segundo apurou o Club-K, logo a seguir ao descontentamento de Isabel Malunga, em ser forçada a desistir de concorrer ao congresso, a direcção do MPLA afastou-a prematuramente da comissão de organização ao congresso, num gesto que esta a ser interpretado como “penalização” por pretender exercer “um exercício democrático previsto nos estatutos da OMA que é concorrer a liderança da organização”

 

O argumento invocado, no seio do partido quanto ao seu afastamento da função de “coordenadora adjunta” do congresso, é de que nesta condição, Isabel Malunga, poderia “minar” a futura eleição de Joana Tomás. Em simultâneo, a Secretária Geral cessante Luzia Inglês Van-Dúnem "Inga" foi também orientada para que com a sua própria voz anunciasse publicamente, nesta terça-feira, 6, em reunião extraordinária da organização que a OMA terá o seu 7º congresso ordinário com candidatura única.

 

A decisão de Luzia Inglês Van-Dúnem "Inga", em não mostrar resistência a orientação superior do BP do MPLA, é associada a fatiga que manifesta em afirmar-se junto a nova direcção partidária, tendo em conta que sempre foi da extrema confiança do antigo Presidente, José Eduardo dos Santos, com quem trabalhou no seu gabinete das telecomunicações do Futungo de Belas. São-lhe, igualmente, atribuída receios de que na próxima legislatura pode ver o seu nome excluído da lista de candidatos.

 

De acordo com apurado, a OMA decidiu cumprir com a orientação do Bureau Político, em respeito a “orientação superior”, sobre a questão de candidatura única, havendo entretanto, acerto no sentido de, em pleno congresso, votarem contra Joana Tomás, em jeito de protesto a imposição feita.

 

Apesar de ser conhecida como uma brilhante profissional da TPA, casada com um agente da Polícia Nacional, Joana Tomás é uma desconhecida na OMA. As militantes não lhe reconhecem militância. Segundo constatações, começou recentemente a participar em eventos partidários como foi no mês , em que foi vista numa actividade alusiva ao dia do herói nacional.

 

Apesar da controvérsia existente, quanto as reservas da imposição da sua candidatura, chegou-se a pensar que por ser humilde, poderia desistir da corrida eleitoral, deixando com que as senhoras da OMA decidissem por uma candidata que elas se revêem. “Desta forma a senhora Tomás se esta a constituir elemento de perturbação na organização feminina do MPLA, pelo que ela poderia evitar desistindo de concorrer para a liderança de uma instituição que não é desejada”, diz o analista Cláudio Morais.

 

Há menos de um ano, o MPLA viveu episódio semelhante em que a direcção do partido perdeu o controlo quando tentou impor um candidato Domingos Betico, ao congresso da JMPLA. A ala juvenil votou contra o candidato imposto pela direcção do partido, optando por Cristiano dos Santos, o escolhido pelos próprios jovens. Já no congresso da OMA, o partido cortou o mal pela raiz, proibindo duas candidaturas, evitando que o episódio do congresso da JMPLA se repete no conclave das senhoras.