Sumbe - O país precisa de uma nova estratégia e politica agrária com vista a melhorar o ambiente de negócios e fazer do agro negócio, uma verdadeira jóia para catapultar o crescimento económico e assegurar a autossuficiência alimentar.

*Fernando Caetano
Fonte: VOA/Club-k.net

Esta visão é do ex-militar e general na reserva agora empresário no ramo agro-pecuário António Faceira.

Faceira pede ao governo a valorizar mais a produção nacional, por meio de forte aposta na agricultura empresarial e familiar para livrar o país da excessiva dependência com a importação de produtos alimentares cujo solo pátrio tem capacidade de produzir em quantidade e em qualidade. António Faceira foi durante décadas o patrão das tropas especiais “vulgo” Comandos com unidade no Cabo Ledo, efectivo afecto a presidência da república.


Perguntado se, sente que por aquilo para o qual lutou para a independência de Angola e ver um país desenvolvido, o seu esforço está ser compensado e se o país tem outro rumo o general Faceira disse:

“Nem pouco mais ou menos. Foi tudo deturpado. Não foi para isso que eu lutei, nem foi para isso, nem era isso que o MPLA, a principio nem era essa a intenção do MPLA, mudaram (risos), foi uma espécie de golpe. Mudaram, transformaram, porque o MPLA tinha boas intenções. Nunca foi enriquecer meia dúzia de indivíduos em prejuízo de todos. Não era essa intenção do MPLA a principio por isso é que eu chamei golpe”.
VOA: Senhor general é possível ainda termos um país melhor?

“(risos)É, é mas o governo agora tem que tapar o buraco encontrado. Partir para chegar ao ponto zero, para depois continuar. Estamos no fundo do poço e o pior prejuízo de Angola, não é só o dinheiro. São os quarenta e tal anos sem cultura, sem escolas em condições, isso é que é mais grave, o dinheiro pode se recuperar fácil”.

O general na reserva e proprietário da Fazenda Cambondo uma das maiores do país, localizada no município da Quibala, apontou a falta de subvenção na produção e as barreiras impostas pelo executivo que proíbe os empresários de usarem transgénicos, como um dos maiores obstáculos que trava o desenvolvimento da agricultura em Angola sendo por isso, um assunto que coloca em dúvida a seriedade do executivo:

“Se o transgénico fizesse mal eu tenho a certeza que o nosso governo não ía crer matar ou prejudicar o seu pr+oprio povo. O governo tem a certza que o transgénico não faz mal, e porquê que nos proíbe a nós de produzir transgénico? Será que os nossos dirigentes, nacionalistas conforme são e como eu também sou ía comprar transgénico para prejudicar a saúde do angolano? Não. Eles sabem que o transgénico não faz mal, agora porquê que nos proíbem a nós de produzir transgénico, para não conseguirmos a competitividade? É um dos factos. Nós produzindo transgénicos, gastamos muito menos agro-tóxicos. Essa é uma pergunta que eu estou a fazer, é incongruente e não há nenhuma explicação. Dizem que é para não afectar a nossa semente mas, nós não temos semente nada, até o milho catete não é nosso.

Aqui em África nunca deu origem a semente nenhuma de milho nem a soja, qual é semente que ía prejudicar? Dizem que é para não ficarmos dependentes, nós somos dependentes de tudo desde o Mercedes QUE USAMOS, desde a roupa que vestimos, somos dependentes de tudo que comemos, somos dependentes de tudo, porquê que não aceitamos a dependência daas sementes transgénicas? Até das sementes híbridas somos dependentes”.

Quanto a realidade do país, o general, fez um olhar clínico e disse mesmo que tudo continua pior porque o chamado Lénine angolano continua impávido e sereno aos problemas que carecem soluções imediatas:

“0s fertilizantes é a estratégia mas os fertilizantes neste momento só estão a enriquecer os comerciantes em prejuízo dos produtores sob o olhar silencioso do Lénine. Mbom, eu sou pró russo, com o contrário de vocês. Eu confio mais no russo, não é com essa idade que vou mudar. Quando eu entrei para o MPLA já era assim, o MPLA era assim e, eu continuo ser assim. É por issso que estou ajudar as populações por minha conta e risco. Costuma se dizer: que o fraco rei faz fraca a forte gente e o forte rei faz forte a gente fraca. Tudo depende porque eu já tenho uma certa idade, viví no tempo do Salazar, toda sociedade era assim fascista. Viví no tempo do José Eduardo e toda gente era corrupta, desde o contínuo, o polícia, o fiscal até lá em cima tudo era corrupto, isso tudo é influência. Se isso fosse uma sociedade produtiva, todos jovens teriam essa consciência e depende da chefia”.

Tonho Faceira como era chamado nas lides e que esteve em várias frentes de combate contra o colono português e não só, mostrou-se triste porque segundo ele, o partido no poder perpetrou um duro golpe de Estado a própria Nação.