Luanda - Era precisamente manhã cedo de terça-feira 15 de Dezembro do ano em curso que fui acordado por um toque no meu Iphone, chamada de um grupo de citadinos da Gabela, com vários argumentos com destaque para a problemática haver com a falta de água na cidade da Gabela.

*Fernando Caetano
Fonte: Club-k.net

Na unidade hoteleira da Gabela onde me hospedei, me posicionei ante uma brisa friolenta mas afinal era do AC controlado a partir da recepção com 22 graus célcius.


O cidadão João Manuel começou por debruçar-se sobre a gritante falta de água potável que se faz sentir na Gabela há muitos anos e que a solução tarda a chegar: “Aqui na Gabela estamos a sofrer. Não tem água e, isso dura desde o tempo pós independência. Passaram por cá vários administradores e governadores nunca houve solução e, esperamos que agora com o PIIM as coisas melhorem – disse.


O nosso interlocutor falou das recentes moto cisternas atribuídas a cada município e que no seu entender, no Amboim não estão ao serviço pelo qual foram entregues: “Não vemos as moto cisternas que foram entregues a administração desde que Francisco Mateus saiu daqui – referindo-se ao antigo administrador, agora no município da Cela com a mesma função.


Mostra-se céptico pelo facto da população não ter sido informada sobre o projecto aprovado pelo conselho de ministros em 2013 que contempla Gabela a beneficiar-se de água.


João disse mesmo que a população está a consumir água das cacimbas ou águas residuais dos esgotos vindas dos prédios. Como solução pede ao governo liderado por Job Capapinha que intervenha rapidamente porque segundo disse a fonte para aquisição do precioso líquido para abastecer a cidade dista há escassos quilómetros.

No encalço da verdade procuramos obter junto do recém nomeado administrador do município Eliseu Segunda Miranda que de pronto respondeu dizendo que a situação de água na Gabela é preocupante mas, assegura que nos seus primeiros três meses à frende da administração já deu passos significativos para que a Gabela em breve tenha água potável à altura. Servimo-nos ainda de um documento a partir da direção municipal das águas local, documento vindo do Ministério em Luanda que atesta em Nota de Referencia nº 720/DNA/MINEA/2020, datado de 07/08/2020 o seguinte: Assunto: Parecer Técnico das Obras de Construção do Sistema de Abastecimento de Água na Localidade de Gabela. Nesse documento a direção nacional das aguas descreve que: No cumprimento da solicitação do governo do Kwanza-Sul para que a DNA emitisse parecer técnico para a solução apresentada pela empresa SINOHYDRO para obras de construção da mesma a DNA fez uma guia de remessa do parecer e considerações para execução do trabalho. O documento em referencia foi assinado pela directora nacional das águas Elsa Ramos.

Este facto dá segurança absoluta a administração municipal de que o problema será em breve solucionado.

O deficiente ou quase inexistente saneamento básico do meio na Gabela foi também motivo de denúncia por parte de Domingos Manuel, outro natural residente da Gabela.


Falando da saúde o gabelense quase que deitava lágrimas ao lembrar-nos que urge necessidade da Gabela possuir um novo hospital geral porque o existente não suporta o tempo que ostenta.


Diz haver falta de medicamentos no hospital e familiares de pacientes são obrigados suportar as despesas de medicamentos, enfim… uma série de situações que merecem ser revistas pelas estruturas a fins: Nesta senda o administrador por nós contactado assegurou estarem criadas condições e porque o projecto abrange o sector da saúde, que no âmbito do PIIM o sector vai mostrar outra imagem da existente nos dias de hoje.

O C.K sabe que os problemas no sector da saúde datam da antiga administração e porque de facto nada se podia fazer uma vez que tudo estava centralizado.

Eliseu Segunda disse que as intervenções urgentes serão feitas nos hospitais de referência da Gabela e da Boa Entrada (CADÁ) e posteriormente alguns postos de saúde da região para que as populações tenham os serviços de saúde lá onde residem.

 

Quanto ao saneamento básico do meio, disse ser um falso problema uma vez que a cidade dispõe de empresas para limpeza e recolha do lixo todos os dias úteis e prosseguiu dizendo que a administração já deu início ao trabalho de requalificação dos jardins da cidade para mostrar a verdadeira imagem da Gabela e orgulhar os seus habitantes.

A porca tossiu quando instamos João Manuel novamente para falar das vias de acesso no Amboim. Disse-nos que para uma boa agricultura é necessário a reabilitação urgente das 950 estradas secundárias e terciárias existentes desde tempo colonial e que dão acesso directo às fazendas produtivas.

João diz notar falta de incentivo aos agricultores, o que segundo disse tem precipitado o factor maior preferência para venda e menor na produção agrícola.

Resumindo, o nosso interlocutor fez uma comparação entre a administração actual e deu exemplo de que o administrador colonial se fazia presente junto dos camponeses com incentivos o que nos dias que correm não se verifica, mas Eliseu Segunda contraria sua afirmação uma vez que segundo disse, tem estado e de forma constante no campo uma vez que também é homem ligado ao campo.


Eliseu preferiu não entrar em detalhes uma vez que projectos concretos para alavancar o sector agrícola já existem e estão a ser executados. Outro projecto que tivemos acesso e que há muito inquietava os Gabelenses tem a ver com a alienação estrondosa de imóveis na cidade da Gabela pelas administrações anteriores. Trata-se de escolas, mercados, residências, enfim… que segundo o actual administrador algumas dessas infraestruturas já foram recuperadas pela administração municipal uma vez serem património do Estado cuja venda não obedeceu critérios.


O Amboim segundo Eliseu Segunda carece de indústrias transformadoras consideráveis sendo que as que existem segundo ele são apenas panificadoras.


Até a única fábrica de próteses existente está paralisada há anos por falta de matéria-prima e isto segundo Eliseu, “preocupa-nos bastante”. Gravitando novamente em torno da produção do café, o Club-K tomou conhecimento que a administração do Amboim gizou um plano de implementação do projecto denominado “Meu Café, Meu Amboim”. O projecto visa desenvolver e investigar o melhoramento e aumento da cifra de produção do bago vermelho a nível do município com seguintes objectivos gerais: Massificar a produção do café com plantação de 200 mil plantas, aumento da capacidade de produção e de colheita da marca que sempre foi a grande fonte de receita para o Amboim onde se pretende atrair investidores e possíveis financiamentos; apoio aos pequenos produtores e cooperativas; recuperação das fazendas e seu repovoamento com novas plantas e plantação de mais de 200 árvores de gravilhas.