Luanda – Angola registou, em Dezembro último, uma redução considerável aos pedidos de licenciamentos, no que tange a importação de 19 produtos (veja o quadro) da cesta básica e outros bens essenciais.

Fonte: Club-k.net

Augfortes.jpg - 173,42 kBNo período homólogo (Dezembro de 2019) os pedidos licenciados totalizaram 250.57.159,06 dólares norte-americanos, ao passo que, em 2020, reduziu para 152.008.683,65 dólares norte-americanos. Feitas as contas, houve uma redução de 98.048.475,41 dólares norte-americanos.

A informação foi avançada pela responsável da Direcção Nacional do Comércio Externo (DNEC), Augusta Fortes, segunda-feira, 11 de Janeiro, em Luanda, durante a reunião do Conselho de Direcção do Ministério da Indústria e Comércio, presidida pelo titular da pasta, Victor Fernandes.

A redução do licenciamento de bens da cesta básica e outros bens essenciais cinge-se nos seguintes produtos, a saber:

 

1. Açúcar – a intenção de importação deste produtos de primeira necessidade caiu de 17.619.682,79 dólares, em Dezembro de 2019, para 831.121,14 dólares no período homólogo (2020). Houve uma redução astronômica de 16.788.561,65 dólares norte-americanos.

 

2. Arroz corrente – a intenção de importação deste produtos que não falta à mesa dos angolanos caiu de 37.234.377,16 dólares, em Dezembro de 2019, para 31.835.622,83 dólares no período homólogo (2020). Houve uma redução de 5.398.754,33 dólares norte-americanos.

 

3. Bolachas - a intenção de importação deste produtos caiu de 3.795.447,70 dólares, em Dezembro de 2019, para 996.202.10 dólares no período homólogo (2020). Houve uma redução astronômica de 2.799.245,60 dólares norte-americanos.

 

4. Carne bovina - a intenção de importação deste produtos de primeira necessidade caiu de 10.337.907,99 dólares, em Dezembro de 2019, para 3.372.806,66 dólares no período homólogo (2020). Houve uma redução astronômica de 6.965.101,33 dólares norte-americanos.

5. Carne caprina - a intenção de importação deste produtos caiu de 172.855,95 dólares, em Dezembro de 2019, para 32.830,32 dólares no período homólogo (2020). Houve uma redução astronômica de 140.025,63 dólares norte-americanos.

6. Carne suína - a intenção de importação deste produtos de primeira necessidade caiu de 7.355.651,96 dólares, em Dezembro de 2019, para 5.668.949,97 dólares no período homólogo (2020). Houve uma redução de 1.686.701,99 dólares norte-americanos.

7. Farinha de milho - a intenção de importação deste produtos que nunca falta à mesa dos angolanos caiu de 13.415.605,32 dólares, em Dezembro de 2019, para 93.752,04 dólares no período homólogo (2020). Houve uma redução astronômica de 13.321.853,28 dólares norte-americanos.

8. Farinha de trigo – a intenção de importação deste produtos que chega à mesa dos angolanos através do pão, bolo entre outros, caiu de 16.693.623,57 dólares, em Dezembro de 2019, para 1.929.914,11 dólares no período homólogo (2020). Houve uma redução astronômica de 14.763.709,46 dólares norte-americanos.

9. Feijão comum – a intenção de importação deste produtos caiu de 18.330.482,49 dólares, em Dezembro de 2019, para 10.595.021, 97 dólares no período homólogo (2020). Houve uma redução considerável de 7.735.460,52 dólares norte-americanos.

10. Frango – a intenção de importação deste produtos que também não falta à mesa dos angolanos caiu de 51.529.633,39 dólares, em Dezembro de 2019, para 25.088.879,84 dólares no período homólogo (2020). Houve uma redução astronômica de 26.440.753,55 dólares norte-americanos.

11. Leite pasteurizado – a intenção de importação deste produtos caiu de 1.782.808,88 dólares, em Dezembro de 2019, para 1.426.895,03 dólares no período homólogo (2020). Houve uma redução ligeira de 355.913,85 dólares norte-americanos.

12. Leite em pó – a intenção de importação deste produtos caiu de 15.549.034,56 dólares, em Dezembro de 2019, para 10.043.544,43 dólares no período homólogo (2020). Houve uma redução de 5.504.409,13 dólares norte-americanos.

13. Massa alimentar – a intenção de importação deste produtos que também não falta à mesa dos angolanos caiu de 7.961.747,45 dólares, em Dezembro de 2019, para 59.339,97 dólares no período homólogo (2020). Houve uma redução astronômica de 7.902.407,48 dólares norte-americanos.

14. Óleo de palma – a intenção de importação deste produtos caiu de 22.033.899,90 dólares, em Dezembro de 2019, para 21.727.911,70 dólares no período homólogo (2020). Houve uma redução ligeira de 305.988,20 dólares norte-americanos.

 

Para alguns bens cuja intenção de importação reduziu ligeiramente, Augusta Fortes é da opinião que os números ainda se justificam pelo facto desses produtos servirem igualmente como matéria-prima para alguma indústria. “Por exemplo, o arroz corrente que é ainda usado na indústria cervejeira e o óleo de palma que é igualmente usado na produção do leite condensado”, salientou.

Quanto aos restantes produtos, o ministro da Indústria e Comércio, por seu turno, referiu que os números refletem as oportunidades que o mercado ainda oferece para investimentos, sobretudo na indústria transformadora. “Pois, há aqui uma margem suficiente para se investir na produção local de óleo alimentar e óleo de palma que pode ser aproveitada pelos investidores”, enfatizou.

 

De frisar que no ano transacto, o ministro de Estado para a Coordenação Económica, Manuel Nunes Júnior, revelou que o Estado angolano poupou, só no primeiro semestre, 300 milhões de dólares, com a redução em importações de bens alimentares.

 

Ao intervir, quinta-feira, na cerimónia de abertura das celebrações do 32º aniversário da Câmara de Comércio e Indústria de Angola, Manuel Nunes Júnior disse que o país consumiu apenas 980 milhões de dólares, contra os 1,3 mil milhões de dólares gastos em igual período do ano passado.


O ministro de Estado ressaltou que essas medidas ajudam a atingir o grande objectivo estratégico do país, que passa pelo aumento da produção nacional e a transformação da actual estrutura económica, que ainda se encontra muito dependente do sector petrolífero.

No âmbito do aumento da produção nacional e da substituição das importações, prosseguiu, foi aprovado, no decurso deste ano, o Programa Integrado de Desenvolvimento do Comércio Rural. Esta iniciativa, explicou, visa permitir que a produção verificada um pouco por todo o país chegue aos grandes centros de consumo, criando, com isso, riqueza para os produtores e o seu meio circundante, eliminando, ao máximo, o desperdício do que se produz.

O Executivo, disse, tem realizado um conjunto de medidas para tornar o ambiente de negócios mais atractivo para o investimento. O ministro de Estado disse tratarem-se de medidas de natureza orçamental e fiscal que permitiram ao país sair de deficits sucessivos, desde 2016, para saldos fiscais positivos, em 2018 e no ano passado.

 

Ao passo que em 2019, o valor das importações efectuadas por Angola no período de Janeiro a Outubro de 2019 sofreu uma redução homóloga de 10% para 1,339 mil milhões de dólares, segundo o vice-governador do Banco Nacional de Angola, Tiago Dias. Tal redução, de acordo com o mesmo, deveu-se às medidas tomadas pelo governo no sentido de aumentar a produção nacional de bens.

 

Outrossim, em Maio de 2020, em Addis-Abeba, a comissária para a Economia Rural e Agricultura da União Africana, a angolana Josefa Sacko, assegurou que o pelouro que dirige está apostado em reduzir a importação de alimentos em África e investir os recursos economizados em outros sectores.

 


Josefa Sacko, que falava aos serviços de informação do Banco Mundial, na semana passada, considerou que triplicar o comércio intra-africano de "commodities" agrícolas é um dos alvos da "Declaração de Malabo", de 2014, comprometida em desenvolver a agricultura e melhorar a segurança alimentar até 2025.

A embaixadora admitiu que a importação de alimentos em África é muito alta e disse esperar que com a implementação, em força, da Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA) o comércio intra-africano de bens e serviços agrícolas aumente.

 

A comissária declarou que estão a ser igualmente prestados apoios aos Estados-Membros da União Africana, no sentido de desenvolver políticas e estratégias para reduzir, em 50 por cento, as perdas de alimentos pós-colheita até 2025, pois "mais alimentos economizados significam uma conta menor de importação de alimentos".