Huambo - Abraham Maslow definiu as necessidades humanas numa lógica de pirâmide para ilustrar o seu escalonamento, onde na base estão as Fisiológicas e no topo a Realização Pessoal. Significa dizer, que para que haja realização pessoal, é necessário que as necessidades abaixo estejam suficientemente ultrapassadas.

Fonte: Club-k.net

Pois bem, foi com preocupação que há uma semana li a informação veiculada nas redes, que dava conta de que a Associação dos Juízes (AJA) e o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SNMMP) interpuseram uma carta conjunta aos respectivos Conselhos Superiores, onde diziam dentre várias coisas, que a classe de Magistrados em geral encontrava-se em situação de quase mendicidade. É certo e sabido que o contesto económico actual não permite grandes excessos, porém, um mendigo é alguém a quem falta o básico.

Porque é que a situação relatada pelos Magistrados é digna de particular atenção?


Primeiro é que os Magistrados estão condenados a viverem do salário por força da exclusividade, o que significa que não devem praticar outra actividade remuneratória;


Em segundo, a vida em sociedade é feita de estratégias políticas (por isso apelei há um tempo sobre a necessidade de termos um Presidente da República Visionário...), e estratégia é saber quais são os sectores vitais para o normal funcionamento das instituições. Com base nos ensinamentos de Maslow, conclui-se com facilidade que a Magistratura em Angola não esteja à altura dos desafios que lhe são impostos, começando pelo tão propalado (e bandeira de campanha eleitoral), quão confuso e desnorteado Combate à Corrupção.

Senão vejamos;

O combate aos crimes económicos em geral e de branqueamento de capitais em particular, para além de formação de especialidade, exigem um esforço constante e uma motivação acrescida dos operadores de justiça porque são cometidos quase sempre em circunstâncias de elevada complexidade probatória. A pergunta que não se quer calar é: Quando é que um mendigo (entenda-se, Magistrado), estará à altura de pensar nos contornos do Direito como um Advogado bem remunerado pelos arguidos e por isso super-motivado?!


O mendigo ocupa maior parte do tempo a pensar em comida, mobilidade, contas para pagar, e como disse Maslow e muito bem, quando se perde tempo a pensar-se em necessidades básicas, não pode haver tempo para a ciência. E não nos esqueçamos (daí a necessidade de um líder VISIONÁRIO), que é a esses quase-mendigos que a sorte de todos os cidadãos está entregue, isto é, são eles que lidam directamente com a tríade fundamental dos Direitos Humanos, ou seja, lidam com a Vida, Liberdade e Propriedade e a qualquer momento, qualquer um de nós pode ter o azar de ter que ver o seu destinos depender da decisão de um quase mendigo que por força das circunstâncias poderá não ter a melhor preparação para o efeito. Tal como na Saúde que o melhor remédio é a prevenção, é enquanto cidadãos livres de processos que devemos investir numa justiça de qualidade, para que na eventualidade de um dia chegar a nossa vez, estejamos descansados por sabermos que estaremos entregues a pessoas técnica e psicologicamente preparadas para o efeito. A justiça deve ser exercida pelos melhores cérebros. E como atrair os melhores para serem transformados em quase mendigos?!
Quando temos profissionais doptados de poder Soberano a mendigarem é porque o país bateu no fundo mais profundo.

Que Deus abençoe Angola.