Luanda - Familiares das vítimas dos confrontos do passado sábado, 30, em Cafunfo, na província angolana da Lunda Norte, reclamam o desaparecimento de cerca de 20 corpos da casa mortuária, presumivelmente retirados na calada da noite de ontem para hoje, 1.

Fonte: VOA

Familiares dizem querer ver os corpos de seus entes queridos desaparecidos e outros dizem que a manobra visa manter o número de sete mortos, referido pelas autoridades, para atrapalhar a investigação parlamentar.



"Neste momento estamos aqui na casa mortuária, as pessoas que eles mataram, atiradas nas ravinas, tinham sido recolhidas, trazidas aqui para a casa mortuária, mas à meia-noite de domingo para segunda feira, foram retiradas novamente da casa mortuária e atirados na mata, num caminho chamado Tchimango, para quem vai na mina do Cuango e aqui só deixaram sete corpos", disse um dos familiares no meio de muitos corpos.


A mesma fonte acrescentou que "na manhã de hoje vinha um avião com enfermeiros a bordo, mas os polícias retiraram todos os feridos do dia 30, que estavam no hospital e foram postos no avião, dizem que vão para o Dundo, e não sei se é verdade ou mentira".



José Mateus Zecamutchima, presidente do Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe, confirma o desaparecimento de corpos da casa mortuária na calada da noite e acrescenta que foram atirados no rio Cuango.


"Nós temos esta informação de que mais de 20 corpos foram retirados à noite da casa mortuária e atirados no rio Cuango, também sabemos que os feridos graves que se encontravam no Hospital de Cafunfo foram retirados e enviados num avião para o Dundo”, disse o activista, que acusa ainda a polícia de “não entregar os corpos às familias".



Zecamutchima denuncia que “a caça à bruxas ainda continuou na manhã desta segunda-feira nas localidades de Cafunfo, Capenda, Camulemba e Cuango.



As autoridades locais não prestam qualquer informação sobre os acontecimentos do dia 30.Enquanto isso, jovens na província do Namibe mobilizam-se para uma vigília de protesto contra os assassinatos em Cafunfo, na próxima quinta-feira, 4 de Fevereiro, no largo Espírito Santo, segundo disse à VOA César Carlos, organizador da iniciativa.