Lisboa – Uma fazenda atribuída a familiares do Presidente João Manuel Gonçalves Lourenço localizada na município do Mussende, província do Cuanza Sul, está a ser objeto de atividade de exploração de diamantes, gerando por outro lado receios de que o tema seja aproveitado pela oposição política tendo em conta que a mesma dispõe apenas licença para atividade agrícola.

Fonte: Club-k.net

Líder da UNITA desafia apresentação de declaração de bens

Com uma área de 45 mil hectares, a referida fazenda acolhe uma superfície que no passado serviu de zona de exploração de diamantes pela UNITA, na qual os guerrilheiros de Savimbi, tratavam por “CAP- Kwanza Sul”. Em período de paz, o espaço passou para o antigo Vice-Presidente da Assembleia Nacional, general João Manuel Gonçalves Lourenço. Porém, ao concorrer a Presidência da República, nas eleições gerais  de 2017, altura em que adquiriu o direito de superfície, o mesmo transferiu a titularidade da fazenda para quatro sobrinhos da Primeira Dama, nomeadamente Jeredh Ben Amin Santos, Henda Liberta Correia dos Santos Ceita, Katilo Emanuel Correia dos Santos e Inokcelina Ben`África Correia dos Santos.


Os diamantes começaram a ser explorados desde o ano antepassado, numa zona que abrange a margem do Rio Kwanza, com recursos a maquinarias provenientes da África do Sul. Segundo explicações, as pedras preciosas são de seguida, reencaminhadas para a província de Malanje, que é limitada ao norte de Mussende. A engenharia é feita por intermédio de uma empresa privada “Electron”.


Em meios que acompanham está “engenharia”, começaram a manifestar receios de que o assunto venham um dia a ser aproveitado pela oposição política, com realce a UNITA, que tem constantemente desafiado ao Presidente da República a divulgar a sua declaração de bens.


“Que sua excelência o Sr, Presidente da República, ao envolver-se numa campanha que publique a sua declaração de bens sem nenhum medo”, aconselhou nesta quarta-feira, 3, o líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior falando a Rádio Eclésia a partir do Cunene, na qual lamentou  as autoridades proíbem o desconhecimento dos conteúdos destes documentos.


Para Costa Júnior, o que deveria existir “é eu público quando assumo responsabilidades, e quando saio,  para se verificar que os bens que temos estão em conformidade com os ganhos normais que nós auferimos. Como sabe, não conseguem justificar a começar com o primeiro responsável do país. Não fazem porque, não fazem o exercício da absoluta transparência”, disse o politico aguardando que o Presidente da República  declare a sua declaração de bens.


Em Novembro do ano passado, num encontro com a juventude, o Presidente da República revelou que antes de exercer o cargo que ocupa exercia atividades latifundiárias do país, tendo adiantando que fez a sua declaração de bens que se encontra selada na Procuradoria Geral da República (PGR).


Apesar de serem desconhecidas o conteúdo da declaração de bens de João Manuel Gonçalves Lourenço, fontes angolanas afiançaram ao Club-K, que o líder do MPLA, detém cerca de sete fazendas por toda Angola. Para além da fazenda de Mussende, o Chefe de Estado  que tem a agricultura como sua paixão, é proprietário de uma outra fazenda na  Kibala, província do Kwanza-Sul, e outras três em nome das suas filhas (Cristina Geovane, Jéssica Lorena e Ana Isabel Lourenço) na mesma província angolana. Tem igualmente uma em Malanje e uma quinta nos arredores de Kikukxi (em Luanda), que dedica-se na produção de ovos, no perímetro da  “pérolas de Kikuxi”, pertencente a família de Fernando da Piedade Dias dos Santos “Nandó”.


Baptizada pelo nome de “Fazenda Matogrosso”, está fazenda de João Lourenço está numa área de 1500 hectares e foi comprada, no passado pelas mãos da MetroEuropa, um grupo empresarial conotado ao general Francisco Higino Lopes Carneiro.


A “Fazenda Matogrosso” é descrita como um dos empreendimentos mais sofisticados do patrimônio de João Lourenço, por nela acolher casas de laser de madeira, um aeródromo, e por produzir enormes quantidades de milho e batatas que tem como clientes as forças armadas angolanas. Inicialmente, o gestor da fazenda era um cidadão brasileiro Márcio Fernandes, que seria depois substituído pelo empresário angolano José Carlos Manuel de Oliveira Cunha “Oca”, que na esfera do Estado, ocupa o cargo de membro do Conselho da República.