Luanda - Angola tornou-se nesta terça-feira (02) o primeiro país lusófono e o terceiro da África Austral a receber vacinas contra a covid-19 através da iniciativa Covax, num lote de 624 mil doses da AstraZenca, produzidas na Índia, que começarão a ser administradas esta tarde.

Fonte: Lusa

As vacinas produzidas na Índia, pela farmacêutica AstraZeneca, foram recebidas hoje no aeroporto internacional de Luanda por um conjunto de membros do executivo angolano, bem como representantes de várias entidades como o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), da Organização das Nações Unidas (ONU), do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), da delegação da União Europeia e da Organização Mundial de Saúde (OMS), estando também presente a embaixadora da Índia em Angola.

 

Em declarações à imprensa, a ministra da Saúde de Angola, Sílvia Lutucuta, disse que as primeiras vacinas, rececionadas no âmbito da iniciativa Covax, começam hoje a ser administradas.

 

Sílvia Lutucuta destacou a importância de o país ter recebido hoje 624 mil doses de vacina da AstraZeneca, por parte da iniciativa Covax, à qual Angola aderiu em julho do ano passado, prevendo o Plano de Cobertura Vacinal a imunização de 20% da população, potencialmente pessoas do grupo de risco.

 

“Nós nesta fase só temos que nos regozijar por Angola ter sido o terceiro país africano a ser escolhido para a entrega de vacinas. Recebeu o Gana, recebeu também a Costa do Marfim, nós somos os terceiros e o primeiro país lusófono a receber vacinas da iniciativa Covax”, referiu a ministra.

 

A titular da pasta da Saúde em Angola frisou que a iniciativa Covax prevê uma cobertura de 6,4 milhões de habitantes para pessoas em idade avançada, com comorbidades e expostas à doença, lembrando que a pressão internacional é muito grande na procura de vacinas.

 

Contudo, adiantou a ministra, há uma previsão de, pelo menos, até julho fazerem esta cobertura.

 

“Vamos continuar a trabalhar, também como Estado angolano, temos que ter iniciativas próprias para a aquisição de vacinas e por essa altura só temos é que estar felizes. Vamos começar esta campanha de vacinação ainda hoje, a primeira para dar o pontapé de saída e vamos trabalhar com alto rendimento a partir de sábado cá em Luanda”, garantiu.

 

As províncias de Luanda, Benguela e Cabinda são as escolhidas para o arranque da campanha, por serem as regiões com maior número de casos, bem como maior número de casos ativos por esta altura, sendo a intenção abranger todo o país.

 

A ministra disse que os primeiros a ser vacinados serão os profissionais de saúde, os professores, doentes com comorbidades, os idosos.

 

“Em relação aos professores vamos começar pelas classes mais baixas, o pré-escolar”, indicou a ministra.

 

Sílvia Lutucuta referiu que o Plano prevê a vacinação de 53% da população, com idade igual ou superior a 16 anos, tendo em conta que a população é bastante jovem e apenas 53% é que se enquadra nesta faixa etária que já está estudada e que pode ser vacinada.

 

“Vamos ter que continuar a lutar como todo o mundo está a lutar, é importante aqui realçar que o resultado desta doação não foi só o esforço do Ministério da saúde, da Comissão Multissetorial [para o combate à covid-19], mas houve aqui um esforço diplomático muito grande, temos que realçar o papel o esforço do nosso Ministério das Relações Exteriores, que foi fundamental. Com a covid-19 a diplomacia não é só diplomacia económica, mas também é preciso muita diplomacia em saúde para conseguirmos atingir os nossos objetivos”, sublinhou.

 

Angola registou até segunda-feira um total de 20.807 casos positivos de covid-19, dos quais 508 óbitos, tendo recuperado 19.322 pessoas.

 

O sistema Covax visa fornecer este ano vacinas contra a covid-19 a 20% da população de quase 200 países e territórios participantes, e dispõe de um mecanismo de financiamento que permite a 92 economias de baixo e médio rendimento acederem às vacinas.

 

O sistema foi criado numa tentativa de impedir que os países ricos monopolizassem o acesso às vacinas, que ainda estão a ser produzidas em quantidades demasiado pequenas para satisfazer a procura global.

 

Fundada pela OMS, em parceria com a Vaccine Alliance (Gavi, presidida pelo antigo primeiro-ministro português José Manuel Durão Barroso) e a Coalition for Epidemic Preparedness Innovations (Cepi), a Covax tem acordos com fabricantes para o fornecimento de dois mil milhões de doses em 2021 e a possibilidade de comprar ainda mais mil milhões.