Luanda - O ministro da Cultura, Turismo e Ambiente, Jomo Fortunato, garantiu na quinta-feira, 11 de Março, não haver conflito na Igreja Universal do Reino de Deus em Angola (IURD). Em entrevista à TPA, assegurou que o conflito então existente na Igreja foi dirimido com a realização de uma Assembleia, cujo "resultado foi informado ao INAR (Instituto Nacional dos Assuntos Religiosos), e esta nova direcção é o interlocutor com o Estado angolano”.

Fonte: JA
De acordo com Jomo Fortunato, todas as questões ligadas à IURD serão resolvidas com esta direcção. "Quem não se revê nessa direcção tem que optar pelo diálogo e pela reconciliação”, disse.

Jomo Fortunato clarificou que a ideia chave "é que já não há conflito na Igreja”. Sublinhou que "o Estado vai dialogar, proximamente, com esta nova direcção, legitimamente saída da Assembleia-geral”.

Segundo o governante, a Assembleia-geral extraordinária foi realizada com base nos estatutos da Igreja e, do ponto de vista legal, a solicitação foi confirmada junto do Estado, através da anotação emitida pelo INAR, lê-se, entretanto, numa nota do Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente.

Diálogo inter-eclesial

O Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente realizou, ontem, em Luanda, uma conferência sobre o reforço do diálogo inter-eclesial em Angola, para o Executivo avaliar os conflitos internos em igrejas, numa altura em que 10 confissões legalizadas estão divididas em alas.

Segundo o ministro da Cultura, Turismo e Ambiente, o Executivo e as igrejas reconhecem que o diálogo é o caminho certo para ultrapassar os diferendos que opõem as lideranças religiosas.

Jomo Fortunato esclareceu que o objectivo do evento foi de congregar as igrejas, numa visão ecuménica. "Nós pretendemos , com essa conferência congregar as igrejas, as várias confissões religiosas, numa plataforma comum no seu diálogo com o Estado”.

Instado a justificar a realização do evento, o governante informou que "nós pretendemos também ajudar, provavelmente, a dirimir conflitos, numa altura em que eles proliferam no tecido social angolano.

Para Jomo Fortunato, a compreensão da génese das igrejas e do seu corpus de verdade, os seus dogmas, ajudam também a perceber o próprio tecido social angolano e ajudam o Estado nos seus projectos sociais e culturais, já que elas estão muito ligadas.

"Há uma ligação intrínseca entre as igrejas e a cultura. A história cultural de Angola também passa pelas igrejas angolanas. A ideia desta conferência foi exactamente congregar as igrejas reconhecidas pelo Estado angolano, juntá-las, num só espaço, reforçar o diálogo e a parceria institucional entre o Estado e as confissões religiosas”.

Em seu entender, a parceria entre o Estado e as confissões religiosas pode ser no domínio social e cultural, a promoção dos valores morais e cívicos e a sua projecção na sociedade.

"É possível compreender o tecido social angolano, através do estudo das doutrinas das igrejas. Temos uma população percentualmente elevada, que tem crenças e que está ligada a determinadas igrejas. Então, é importante esse diálogo, esta interacção entre as igrejas, para compreendermos também o tecido social angolano e, a partir daí, contribuir para dirimir conflitos”.