Lisboa – O Presidente do MPLA, João Manuel Gonçalves Lourenço está a tentar uma reaproximação a uma corrente partidária conotada ao seu antecessor José Eduardo dos Santos (JES) com vista a unidade do partido no próximo congresso e às próximas eleições gerais de 2022. Veteranos como Julião Mateus Paulo “ Dino Matross” aceitaram mas outros, do genelatato da linha de António dos Santos França “Ndalu” recusaram alguma reaproximação.

Fonte: Club-k.net

Segundo apurou o Club-K, as movimentações de reaproximação de João Lourenço foram antecedidas com uma deslocação ao Dubai, para consulta médica na qual aproveitou para dar orientações ao seu diretor de Gabinete, Edeltrudes Maurício Fernandes Gaspar da Costa, para ir ter com Eduardo dos Santos transmitindo o interesse de haver um encontro entre as partes. JES, aceitou o encontro mas condicionou o mesmo a apresentação do conteúdo da abordagem que teriam. As partes acabaram por não ter entendimento por demarcação de João Lourenço que mudou de ideia decidindo que o diretor de gabinete poderia abordar os temas com o seu antecessor pelo que JES objetou.

 

Em Luanda, João Lourenço, promoveu no passado dia 2 de Abril, um encontro no palácio presidencial designado por “almoço da paz” tendo como convidados históricos da luta de libertação nacional. O antigo Secretario Geral do partido, Julião Mateus Paulo “ Dino Matross” que a muito se revelava zangado pela forma que a figura de JES estava a ser marginalizada, aceitou ao convite mas em meios privados mantém a sua posição de consideração ao antigo Presidente. O antigo Vice-Presidente Roberto de Almeida também acedeu ao convite.

 

Já, o histórico general António dos Santos França “Ndalu” que também rejeitou ao convite. Considerado como o “General dos generais”, o general França “Ndalu” revela-se desde algum tempo descontente pela forma como João Lourenço, afastou os históricos do MPLA do órgão do Bureau Político no congresso de 2018, sem previa comunicação. “Ndalu” foi dos históricos que encabeçou o grupo que fez um abaixo assinado convencendo JES a deixar a liderança do partido para João Lourenço poder governar sem o fenômeno da bicéfalia.

 

Ainda a nível do partido, João Lourenço recorreu nas últimas semanas a antigos cabos eleitorais de José Eduardo dos Santos, para re-assumirem lugares tenentes que exerceram no passado. Rui Falcão Pinto de Andrade, retomou a pasta da informação, Virgílio Ferreira de Fontes Pereira (bancada parlamentar) e Bento Joaquim Sebastião Francisco Bento, para reassumir o comando de Luanda, e de regresso  ao Bureau Político (BP)  preenchendo  a vaga deixada por falecimento de Sérgio Luther Rescova Joaquim. Uma eventual recuperação de João de Almeida Azevedo Martins, que no passado geria os processos eleitorais a partir da sede do partido foi levada em consideração mas este terá se manifestado indisponível deixando o lugar para os mais novos.


Bento dos Santos “Kangamba”, conhecido como cabo eleitoral da periferia de Luanda (Cacuaco, Kilamba Kiaxi), foi também chamado e recebido na sede nacional do MPLA pelo que terá disponibilizado em manter-se na sua posição partidária e apoiar o partido com doações (medicamentos, e cesta básica), em zonas criticas da capital do país.

 

Não obstante a recuperação dos cabos eleitorais da era de JES, é também sugerido a uma eventual reaproximação a uma das filhas de JES, neste caso Tchizé dos Santos, que se revela influente na redes sociais, com vista a não prejudicar a futura campanha eleitoral do MPLA com posições que possam confundir o eleitorado do partido. É no momento a mais ativa do clã Dos Santos que se revela critica a direcção de João Lourenço a quem acusa de perseguição política e de a ter desalojado do parlamento e do Comité Central, de forma “injustificada”.

 

Tchizé dos Santos era ao tempo do seu pai a entidade que tutelava a mobilização pelas passeadas de motorizada de exaltação a liderança do MPLA. Em 2020, o gabinete de cidadania do MPLA chamou para si, o grupo de militantes com ela trabalhavam na qual integrava, o militante Mário Durão que passou a fazer o mesmo trabalho a favor de João Lourenço.

 

Matias Damásio, que no passado se envolveu em campanhas para elevação no nome do antigo Presidente José Eduardo dos Santos (JES), em beneficio de patrocínio, distanciou-se destes e aproximou-se a sectores ligado ao Presidente João Lourenço, desde Maio de 2020. Há poucos dias anunciou a composição de uma música na qual atribuiu a co-autoria a a primeira Dama Ana Dias Lourenço.

 

“Isso é falta de carácter! Isso é ser um bajulador! No fundo, afinal nunca foi meu amigo, era bajulador, era oportunista, era interesseiro e nunca prestou”, disse a ex-deputada do MPLA, no vídeo gravado, no ano passado, na rede instagram.