África do Sul  - A África do Sul viveu um tenso final de semana prolongado  depois que dois jovens negros assassinarem violentamente   Eugene Terre'blanche, dirigente do partido ultraconservador e racista AWB (Movimento de Resistência Africâner).


Fonte: Club-k.net


As ruas tem estado isoladas devido a mudança de clima acompanhadas  por fortes chuvas mas entretanto, várias pessoas vinculam o assassinato de Terre'blanche com uma a canção "Matar os Boêres", muito popular durante a época do  apartheid e proibida hoje, mas que nas últimas semanas voltou a ganhar força na voz do controverso, presidente da Liga Juvenil do ANC, Julius Malema.

 

O mediático dirigente juvenil  reagiu já as acusações morais que pesam sobre si  e afirmou   não ser responsável pelo assassinato do  líder da organização da extrema-direita, AWB tendo apelado   para que o crime fosse investigado e os culpados chamados a juízo. Anteriormente, Malema declarara temer pela sua vida. Disse, no entanto, que continuaria a entoar a pretensa canção revolucionaria, “Mata o Boer, Mata o fazendeiro”.

 

Malema falava no final de uma visita efectuada ao Zimbabwe a convite da ZANU-PF de Robert Mugabe, no decurso da qual lançou virulentos ataques contra o Movimento para a Mudança Democrática (MDC), partido do primeiro-ministro zimbabweano, Morgan Tsvangirai.

 

Dirigentes políticos visitaram o local do crime, incluindo Mosiua Lekotha, presidente do partido da oposição, COPE. Na ocasião Lekotha, um dissidente do ANC, criticou o partido dirigente da África do Sul por incitar o ódio racial por meio de canções, como a que é entoada pela ala juvenil do ANC.


Comentando o caso, o analista político sul-africano Aubrey Matshiqi disse que “o desafio enfrentado pelos líderes nacionais é o de fazer com que a ira da comunidade africânder não se traduza em violência”. O académico André Thomashausen considera que “os brancos poderiam vingar-se durante o Mundial de 2010” a ter início em Junho próximo, acrescentando que “numa situação urbanizada é fácil arranjar problemas, pôr uma bomba num autocarro ou debaixo de uma ponte.”


O Instituto Sul-Africano de Relações Raciais descartou que a escalada de tensões raciais que vive esses dias a África do Sul por causa do assassinato do dirigente ultraconservador vá afectar a Copa do Mundo. "A Copa e o desporto, como se supõe, canalizam paixões e reconciliam as pessoas", disse Lawrence Sclemmer, vice-presidente da instituição citado pela imprensa local.


Entretanto, o  governo e o principal partido da oposição tiveram que pedir calma depois que os seguidores de Terre'blanche asseguraram que vingariam o assassinato de seu correligionário, mas depois excluíram qualquer retaliação violenta pela morte de Eugene TerreBlanche. As autoridades definem o sucedido como "um incidente isolado" e asseguram  que não há razão para que os turistas estejam preocupados.


Faltam  cerca de 60 dias para o início da Copa do Mundo de 2010. A África do Sul está a ser  observada atentamente por causa do assassinato deste líder da oposição,  embora estes casos sejam  aparentemente insuficientes para pôr em xeque a Copa, não ajudam a melhorar a imagem do país, deteriorada pela violência.


Policia trava richa entre brancos e negros  no momento em que os suspeitas foram apresentados em tribunal

 

Apesar de todos os  partidos da oposição na África do Sul responsabilizam o Governo pelo clima de tensão racial que, segundo eles, permitiu o assassinato de  Eugene Terreblanche, o processo judicial sobre seu assassinato começou na  terça da semana finda  com a acusação dos dois suspeitos  que trabalhavam na fazenda do malogrado líder da extrema direita e que o terão alegadamente tirado a vida do patrão  após uma discussão sobre salários.


Um  dos implicados tem  28 anos de idade  enquanto que o segundo é  um menor de 15. Ambos  foram formalmente acusados pelo sucedido num  julgamento de primeira instância.  Enquanto a audiência se realizava a portas fechadas, do lado de fora, a polícia teve que mobilizar uma barreira de arame farpado para evitar incidentes  entre dois grupos, um de negros que apoiavam os acusados e outro de brancos simpatizantes de Terreblanche.

 

Os cidadãos  brancos, muitos deles com símbolos nazistas do Movimento de Resistência Africâner (AWB, na sigla em inglês) de Terreblanche, qualificavam de "babuínos" os negros e exibiam cartazes que acusavam o partido no poder,  o ANC de ter provocado a  morte de milhares de pessoas  desde o fim do "apartheid".


Os negros, muitos deles oriundos da zona de residência dos acusados, se mostravam hostis e cantavam palavras em favor dos réus, aos quais qualificaram de "heróis" e "valentes" por terem assassinado Terreblanche, que era pouco querido por fazer defesa de uma  ideologia racista em defesa das políticas do regime do “apartheid”.

 

Apesar da enorme tensão ao redor do tribunal, a audiência terminou sem graves incidentes e o juiz agendou para 14 de abril,  a próxima audiência com os réus, contra os quais foram apresentadas acusações de homicídio, invasão de domicílio, roubo com agravantes e destruição de provas. Ambos os acusados, segundo o promotor do caso serão acusados e  processados juntos, embora a legislação sul africana  seja diferente para menores de idade.