Luanda - A África comemorou mais um ano, através da U.A (União Africana) que O.U.A. (Organização de Unidade Africana) que de facto deu corpo, isto desde 25 de Maio de 1963 em Adis-Abeba, mediante a assinatura da Carta da OUA pelos representantes de 32 Governos, 21 outros Estados gradualmente aderiram com o passar dos anos, e a África do Sul se tornou o 530 membro em 1994. Tinha ficado evidente e já aceito em 1979, quando o Comité para Revisão da Carta foi estabelecido, que existe uma necessidade de alterar a Carta da OUA de modo a agilizar a organização para enfrentar os desafios de um mundo sob mudanças. 


Fonte: Club-k.net     

ImageAnalisando através da grandiosidade do significado histórico do 25 de Maio. Como advogava o politólogo Lutina Santos que “O 25 de Maio teve um significado histórico relevante na restituição da dignidade africana, ela reflectiu a todos os títulos, um esforço político que permanecerá para sempre na memória colectiva dos africanos, simbolizando o fim de uma etapa histórica difícil.”

 

Há quatro períodos principais, para entendermos o 25 de Maio. O período da Invasão e Conquista dos Colonialistas a Terras africanas, e o resgate da tão desejada Independência dos Estados Africanos. Mas como funcionou o sistema colonial? Qual o seu significado para a África? Se analisamos, há respostas a estas perguntas podem achar-se se observamos o que aconteceu entre cerca de 1880 e 1960. Podemos distinguir quatro (4), períodos principais.

 

1o (O período de Invasão e conquista anterior e posterior à Conferência de Berlim de 1884-1885. Durou até cerca de 1900). 2a (O período de montagem do sistema colonial e de destruição dos últimos remanescentes da resistência armada africana. Este prolongou-se até 1920, ou mais tarde em algumas colónias). 3a (O período central do domínio colonial. Na maioria dos casos, este estendeu-se de cerca de 1920 até cerca de 1950, embora também com excepções). 4a (O período em que uma nova e sempre bem sucedida forma de resistência política africana contra o domínio estrangeiro ocupou o centro do palco).

 

Isto começou a acontecer cerca de 1950. A nova forma de resistência política chamou-se Nacionalismo. Era um Nacionalismo orientado, não para a conquista de outros, mas para a recuperação da Independência africana adentro das fronteiras coloniais, que os Africanos agora aceitavam como sendo às fronteiras das novas Nações independentes que queriam construir.   


CAUSA DA DERROTA ÁFRICANA


As invasões tiveram êxito. Mas as causas da derrota africana não tiveram nada a ver com a inferioridade humana e muito pouco com a falta de coragem individual ou bom senso. A principal causa da derrota africana foi que as civilizações da África estavam ainda num nível tecnológico baixo. Mas as nações da Europa estavam já avançadas no desenvolvimento da produção com máquinas, tornando possível com o aparecimento e o crescimento do capitalismo industrial. Este poder industrial e esta nova riqueza despertaram nos Europeus o desejo de expandirem o seu poderio além-mar, de encontrarem novos mercados para os seus produtos e novas fontes de matérias-primas. E puderam fazê-lo porque o seu novo poder tecnológico e os conhecimentos científicos lhes davam a possibilidade de equipar os seus exércitos com armas muitos superior às dos Africanos, embora esses exércitos pudessem ser bastante pequenos. Eles tinham armas de fogo que os Africanos, e melhores, incluindo os primeiros tipos de artilharia e de metralhadora. Apesar disso, em muitas ocasiões os exércitos europeus invasores foram batidos pelos defensores africanos ou forçados a retirar. Houve uma outra razão para a derrota dos africanos, não estavam unidos e os muitos Estados independentes puderam portanto ser tomados um a um.

 

NOVAS VIAS DE RESISTÊNCIA ÁFRICANA
 

Os africanos resistiram tenazmente à conquista dos seus países, e a resistência armada continuou por longo período. Muitas colónias foram abaladas por revoltas africanas, grandes e pequenas, até ao período colonial central 1920-1950.

 

As novas formas de resistência começaram a ganhar corpo após 1a Guerra Mundial (1914-1918). Derrotados militarmente, os africanos voltaram-se para a criação de novas armas de autodefesa. Foram as armas da organização política. Dirigentes de larga visão começaram a aperceber-se de que teriam de desenvolver formas modernas de luta política. Na sua maioria, eram homens que haviam conseguido obter educação moderna, apesar de muitos obstáculos, por causa disso, compreendiam o mundo dos seus dominadores estrangeiros, bem como o mundo africano. Tais dominadores tinham surgido bem antes da 1a Guerra Mundial. Alguns dos mais importantes foram;


J. L. Dube e Sol Plaatje,da AFRICA do SUL, J. AfricanusS Horton, da SERRA LEOA, Casely Hayford, da Costa do  Ouro actual (GHANA), e outros, como Herbet  Macaulay, do Lagos na NIGERIA.

 

Outros eram, negros das Índias Ocidentais, que juntaram a causa africana, depois de regressarem às terras Oeste-Africano dos seus antepassados, ai fizeram carreira distinta. Entre estes estava o contava-se o Edward Blyden, que se fez Liberiano e exerceu grande influência no pensamento progressista africano.

 

Estes pioneiros foram seguindo por muitos outros no período colonial central, após a 1a Guerra Mundial. Eles estudaram as Ideias Políticas e a História dos seus governantes estrangeiros da Europa e começaram a aplicar estas Ideias à causa do progresso africano. A Ideia do Nacionalismo foi talvez a mais importante de todas elas. Basicamente, tratava-se da Ideia Europeia de que cada Povo ou grupo de Povos Europeus, organizando numa nação, tinha o direito de se governar a si próprio. Os dirigentes africanos começaram a argumentar com os seus governantes estrangeiros que o que era justo para os Europeus também tinha de ser justo para os Africanos. Eles argumentavam que os Povos de cada colónia deveriam formar-se numa nova nação e que essas novas nações deviam procurar alcançar a Liberdade.

 

A influência deste Nacionalismo africano cresceu firme mas lentamente. Era ainda apenas Ideias que era defendida pela “ Minoria Educada” a maioria dos africanos nada sabia a este respeito. Pouco ou nenhum progresso se pôde fazer até depois da 2aGuerra Mundial (1939-1945). Depois desta conflagração a situação alterou-se e a causa da Liberdade africana progrediu rapidamente em quase todas as colónias.

 

A INFLUÊNCIA DA 2a GUERRA MUNDIAL (1939-1945).

Uma razão foi que as Ideias do Nacionalismo Africano, especialmente a Ideia deque os africanos tinham tanto direito à liberdade nacional como qualquer outro povo, se transformaram numa chamada agregadora de massas de gente comum em todas as partes do continente.


Durante o período da 2a Guerra Mundial, milhares de africanos tinham lutado com exércitos aliados contra as ditaduras racistas da Alemanha Nazi e da Italia Fascista, ou mesmo contra exército do Japão Imperialista. Estes Ex-Combatentes regressaram às respectivas colónias e juntaram as suas vozes ao coro crescente de protesto político contra o domínio colonial, que também era racista.


Milhares de homens e mulheres e jovens que também tinham recebido as bases de uma educação moderna, especialmente na África Ocidental, juntavam-se agora às fileiras da luta política. Começando por ser uma Ideia de poucos, o nacionalismo africano tornou-se uma causa popular.

 

DECLARAÇÃO DO V CONGRESSO PAN-AFRICANO “MANCHESTER”


Em Setembro de 1945, Kwame N’Krumah, chega a Londres depois de estudos durante 10 anos nos E.U.A, juntamente com George Padmore, preparam o V congresso Pan-Áfricano de Outubro de 1945 em Manchester, salienta-se que este congresso é de particular importância dado a presença de Kwame N’Kruma e Jomo Kenyatta, porque antes os congressos pan-africanos eram predominantemente e liderados por Afro-americanos e em particular por William Du Bois, Marcus Garvey e Edward Blynde. Neste congresso definem-se (2) estratégias;

 

1a (A estratégia de resistência pacífica). 2a (A oposição constitucional que se traduz na estratégia de resistência e acção positiva de aliança das massas trabalhadoras com os intelectuais revolucionários).


Decidiu-se que os trabalhadores deviam estar unidos com (2), armas principais, armas estas que são, a greve e o boicote. Duas armas importantes e invencíveis quando são utilizados com coragem e determinação, e que foi a partir deste congresso que os ideiais de Libertação de África tomam novos contornos. Foi ainda neste congresso que se tem como lema que a luta para a “Libertação de África tem de ser ganha lutando por ela” e que a frente de batalha, tem de estar no interior de África e não fora dela.

 

A CONQUISTA DA LIBERTAÇÃO POLÍTICA


Os dirigentes da luta da África pela Independência em relação ao regime colónial, homens como K. N’Krumah, do Ghana, Houphouët-Boigny, da Cote D’Ivory, Jomo Kenyatta, do Quénia, Sékou Toure, da Guíne Conacri, Julius Nyerere, da Tangânica (federado com Zanzibar em 1964, com nome de Tanzânia), tornaram-se os planeadores e porta-vozes dos novos Partidos Nacionalistas ou Movimentos ou ainda Congresso, eram denominados na altura. Estes que indicaram o caminho e deram luzes a uma estrada política que nunca foi uma maré cor de rosas para os africanos e muita das vezes a necessidade de cambiarem as suas vidas em prol da Liberdade e a Independência das suas Pátria.


A Norte do Sáara a primeira brecha ocorreu em 1955, quando a França ainda cambalear de uma grande derrota no Vietname, onde os Franceses combatiam para conservar o seu predomínio colonial à Tunísia, e depois em 1956, a Marrocos. Entretanto os Egípcios formaram um forte Movimento Nacionalista sob direcção de Gamal Abdel Nasser, este pôs fim às bases militares Britânicas no Egipto e deu início a uma nova Independência Egípcia. No seguinte os britânicos deixaram o Sudão em 1956. A Líbia, anteriormente colónia da Itália vencida, já se tornaram Independentes em 1951, neste meio só faltava a Argélia é que a luta pela liberdade foi sangrenta. Mas 1962, após quase (7) anos de luta e guerra dura colonial, os argelinos puderam finalmente liberta-se do jugo colonial francês.


Em 1957, Kwame N’Krumah levou a Costa do Ouro à Independência, com nome de Ghana, e em 1958, Sékou Touré conseguiu o mesmo na Guiné. Depois foi apenas uma questão de tempo até todas as outras colónias Britânicas e Francesas da África Ocidental se tornarem Estados Independentes, a maioria em 1960 ou longo depois.


Na África Oriental e Central a luta foi mais longa e mais difícil. Os Belgas retiraram o seu Poderio Político do vasto Congo em 1960, mas em condições que dava azo a muitos problemas, os quais efectivamente seguiram. Noutros territórios, as comunidades locais de colonos brancos opuseram-se fortemente a qualquer avanço político favorável aos africanos. Estas oposição teve a dureza maior no Quénia. Apenas uma grande rebelião de agricultores africanos denominados “MAU-MAU” de meado da decáda de 1950 em que acima de 10.000 africanos perderam a vida a lutar para a conquista da Independência contra o poderoso exército britânico. E conseguira a conquista da Independência en 1963. Dois anos depois à Independência da Tanganica com nome de Tanzânia, e ano depois a Independência da Uganda. A Zâmbia (Rodésia do Norte) e o Malawi (Niassalândia) tornaram-se Independentes em 1964.


Na década de 60 tornaram-se Independentes, Camarões, Togo, Somália, Níger, Burkina Faso, tchad, Cote D’ Ivory, Rep. Centro Africana, Congo Brazaville, Gabão, Senegal, Mali, Mauritânia, Nigeria. Depois era só uma questão de tempo para a liberdade voltar a sorrir para a África. De 1945 a 1960, a descolonização fez-se em duas etapas: a primeira, logo a seguir ao pós-guerra, abrangeu o próximo Oriente, o Médio Oriente e o Sudeste Asiático; a segunda, que começou em 1955, abrange essencialmente o norte de África e a África negra. O ano 1955 é o da viragem, marcado pela conferência de Banbung, que decide por unanimidade apressar e generalizar a descolonização, e marcada também pela decisão dos Estados Unidos e da URSS de levantar os limites impostos à admissão de novos membros nas Nações Unidas. Esta foi uma decisão favorável à Libertação dos povos colonizados.


A Segunda Guerra Mundial, alterou por completo e profundamente as relações das metrópoles europeias com as suas colónias. Pôs a nu a fragilidade dos Impérios, que ficaram minados pelas sementes nacionalistas disseminadas durante o conflito. E fez surgir duas grandes potências, Estados Unidos e a União das Repúblicas Socialistas Soviética (URSS), e ambas anticolonialistas, embora cada um à sua maneira. 


A URSS, é favorável à descolonização por razões ideológicas, a descolonização enfraquece os países ocidentais, e desde 1956 que a defende fervorosamente. Os EUA, em princípios, apoiam o combate dos povos colonizados por razões sentimentais e históricas. Dão aliás a independência às Filipinas, em 1946, mas não tomam posição oficial, para não embaraçar os Aliados. 


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*Tecnico-superior em Ciência Política e Estudante de Direito