Luanda - Nós, os  angolanos estamos totalmente adormecidos com discursos demagógicos, promessas falsas que ao longo de 35 anos de Independência nunca foram cumpridos.


Fonte: Terra angolana


Não acredito , que a esperança é a última coisa a morrer na vida, até daqueles que lutaram para ver o seu país libertado, e que  hoje contam  com mais de 50 anos de idade, porem nunca fizeram uma única refeição de qualidade nutritiva recomendada. A estes, os políticos continuam alimentá-los que bons dias virão, enquanto eles (políticos) fartam-se de tudo.


A esperança não é ignorar a enormidade das tarefas que temos de modos a reunir condições para todos nós, como seres iguais, pois assistimos, por exemplo, as legislações a morrerem solteiras, porque os poderosos criam as mesmas e ao mesmo tempo combatem-nas.

 

Temos o exemplo do artigo 47, da actual Constituição, que os poderosos nos impuseram, sem a nossa contribuição (povo), mas mesmo assim, quem ousar exercer este direito inalienável de manifestação logo estará sujeito a enfrentar o aparato de repressão na rua para impedir que o povo através da manifestação expresse o que lhe vai  na alma.


A  tirania, levou os nossos antepassados e alguns de nós a levantar  contra o império português e a divisa da luta era essencialmente, a independência total: política, económica, social e cultural, para todos os angolanos sem discriminação de qualquer espécie, no quadro que acima expressamos.


Os governantes angolanos continuam a desprezar o povo angolano, pensando que esse tem um sentido de ingenuidade, passividade e desejo impossível de realizar. Os que pensam assim se enganam, pois  é mesmo este povo que com tenacidade, coragem e determinação derrotou  o colonialismo português, que é o guardião da soberania.


Não gostaríamos depois  da guerra fratricida vermos hoje uma vitória de um partido, gostaríamos sim de ver uma celebração de liberdade, unidade e reconciliação, simbolizando um fim, assim como um princípio, que tanto significa a renovação com mudança.


Para que este desiderato seja um facto, Angola precisa de dirigentes que respeitem o binómio (teoria e prática), sensíveis ao sofrimento dos seus compatriotas, irmãos da mesma pátria. Ainda assim, Angola precisa de dirigentes que respeitem pia e escrupulosamente a Constituição e as Leis ordinárias que eles próprios elaboram e aprovam sem a nossa participação ou anuência.


Refundação da UNITA! O que é isso, refundação? Não será uma encomenda?


A UNITA é um partido reestruturado aos ventos da paz, unidade nacional e democracia. Demonstrou estes valores ao longo dos 8 anos de paz efectiva, que se pretende, se essa for a vontade dos homens e, sobretudo dos que governam o país ou  seja a vontade da maioria dos militantes e dirigentes do MPLA, e do povo em geral.


A UNITA não necessita de refundação porque os princípios pelos quais se debateu continuam válidos e actuais, pois, o angolano continua a viver como se estivesse ainda nos tempos remotos da colonização portuguesa.


Verdade diz-se, se a independência é isto que estamos a ver e a viver, nada valeria a perda da vida de milhões, desde a chegada dos portugueses aos dias de hoje, embora reconheçamos que valeu apenas a independência política. O resto é uma questão de consciência.

 

Ao refundar a UNITA, como alguns pretendem, ela perde na generalidade a matriz originária. E quem ganhará com isso? Uma UNITA refundada sucumbiria logo à nascença, é o que se pretende? A UNITA sem o Galo e os princípios de Muangai não é UNITA.


Diz o adágio popular “a mentira tem pernas curtas”, isto porque os males que ontem foram  atribuídos aos ditos fraccionistas (à miséria e a pobreza um ano depois da independência, e mais tarde transferidos para a UNITA, acrescidos com a falta de energia e água, com maior incidência para a cidade capital, hoje estão mais evidentes, por essa razão, a população vai despertando e o poder está preocupado com os clamores do povo, que pensava que as dificuldades que passavam eram  apenas consequência da guerra. E, em surdina o povo clama por uma mudança e a mudança ou alternância governativa faz-se com a UNITA. Mas uma UNITA original , unida e coesa.


Não podemos aceitar que as falhas que vão surgindo na UNITA quanto à implementação das suas actividades que visam o seu crescimento sejam  amputadas ao seu líder uma vez que a UNITA tem estruturas dirigidas por outros dirigentes. E como tal, a responsabilidade é colectiva e as falhas devem ser assumidas por todos os membros da Comissão Política Nacional que traça as políticas.


Urge compreender que também é intenção do partido no poder aniquilar e destruir a FNLA e criar uma espécie de partido, ou seja, criar-se um grupo de lacaios que se assuma  como uma espécie de partido, com intuito de enganar a comunidade internacional que em Angola existe democracia, porque se realiza periodicamente eleições. Veremos que as eleições serão periódicas e regulares se a UNITA e a FNLA soçobrarem.


Estrategicamente o poder empobrece os angolanos e, sobretudo os que lhe fazem frente, de modos a estimular a bajulação, pois a criação de entraves ou dificuldades visa tão somente impedir que a democracia, a liberdade, o progresso, a justiça e a paz, a breve trecho triunfem.

 

Aos compatriotas dirigentes e líderes da UNITA e da FNLA, faço um apelo veemente para reflectirem no seguinte. Não acredito que não tenham memória dos  tombados na luta de resistência à  penetração dos colonialistas para resgatar a pátria defendendo os objectos das nossas organizações, quiçá também os do povo angolano que eram no essencial o bem-estar para todos os angolanos cujos restos mortais se encontram em qualquer parte do país.
Na luta contra a ocupação colonial portuguesa e na luta que se seguiu a independência não só dirigentes, mas também inocentes (militares e civis) que nem sequer sabiam o porque da guerra, morreram por essa razão. É preciso honrar às suas memórias. É, assim que se faz em toda a  parte do mundo.


Ainda assim, aos infortúnios, acrescidos estão os mutilados e os desmobilizados, sem era , nem beira.   Assistimos tudo isso na televisão pública. Sic! Gostaria também realçar aqui, que a troca de mimos deve cessar porque só prejudica as organizações, a democracia. A troca de mimos  mantem o povo refém. Pois, o povo está ávido de mudança que se traduz no bem-estar para todos.


 Só com a UNITA e a FNLA unidas e coesas, é possível a mudança.


Continuação na próx. edição.