Lisboa – O diretor da emissora católica angolana disse hoje esperar que o Presidente da República português, que visita Angola na próxima semana, aborde a extensão do sinal da Rádio Ecclesia a todo o país, uma "questão de direitos humanos".


Fonte: Lusa

 

"Se o Presidente da República visitar Angola com uma agenda que inclua a questão dos direitos humanos, é claro que Cavaco Silva não poderá deixar de focar esse aspeto", defendeu Maurício Kamutu em declarações à agência Lusa desde Luanda.


"A nossa expetativa é que cada um dos governantes que venham cá e se considerem amigos do povo angolano tenham em conta também esses aspetos", salientou.


Maurício Kamutu, que falava à Lusa por ocasião da visita de Estado que o Presidente da República, Cavaco Silva, realiza na próxima semana a Angola, lembrou que, "mesmo depois das segundas eleições livres", os media angolanos "continuam a desenvolver-se de modo tímido e a não terem o espaço que deveriam ter".

 

O povo "espera que os seus direitos sejam respeitados e que também possa gozar esses direitos de modo pleno", realçou o responsável da rádio da Igreja Católica Ecclesia, que atualmente está apenas autorizada a transmitir para a província de Luanda.


A emissora queixa-se de ter material e instalações em todas as províncias de Angola a deteriorarem-se à espera que o governo permita emissões fora de Luanda.


As negociações entre a Igreja e o Governo angolano decorrem há anos, mas, "apesar de algumas aproximações", e dos esforços do Vaticano, "ainda não há autorização", explicou.


"Com a promessa de abertura que houve na campanha eleitoral, vimos uma possibilidade de reatarmos o nosso projeto de expansão, e estamos a trabalhar nisso", destacou Kamutu, adiantando que recentemente "todos os bispos decidiram investir em rádios diocesanas" para "funcionar em cadeia".

 

Um dos primeiros objetivos da expansão do sinal, reforçou, é "justamente a unidade da própria Igreja, para que todos os cristãos e toda Angola possam partilhar experiências do caminhar cristão e escutar as mensagens pastorais e do próprio Papa".

 

Outro "aspeto importante é a vinculação de informação que interessa aos cidadãos, que querem saber o que se passa ao nível do governo central, receber informações alternativas", acrescentou Kamutu, lembrando que "muita informação não chega ao interior de Angola” e que o "direito à informação está bem patente na lei constitucional".

 

Alguns "sinais positivos" e uma "certa aproximação e abertura" por parte do Governo fazem com que Kamutu se mostre "confiante" de que o alargamento do sinal possa estar para breve.


"Estamos a preparar vários projetos em províncias piloto e no fim desse trabalho vamos pedir a licença ao Governo para que autorize o funcionamento dessa rede", avançou.

 

Apesar de ainda existirem "políticos com mentalidade voltadas para o passado, o caminhar normal é para uma cada vez maior abertura em relação às questões da democracia, dos direitos e liberdades, e nos não podemos ficar para trás", defendeu.