Luanda - O governo de Angola lançou o seu primeiro programa nacional de registo de vítimas de minas. Estima-se em cerca de 80 mil o número de angolanos directamente mutilados por explosões de minas.


Fonte: BBC


Contudo, o número poderá ser muito superior, uma vez que a maior parte dos afectados é de áreas rurais, onde estes incidentes não são catalogados.

 

Com o novo registo nacional o governo angolano espera fazer chegar assistência social aos portadores de deficiências.  A Doutora Balbina Silva, coordenadora dos projectos e programas da Comissão Nacional Intersectorial de Desminagem e Assistência Humanitária, diz que os objectivos são claros.

 

"Queremos ter uma base com dados exactos; neste momento falamos em cerca de oitenta mil vítimas [de minas], não temos a certeza. Podem ser mais ou podem ser menos."

 

Programas parados

 

A guerra civil angolana terminou há oito anos e meio e muitas organizações internacionais que trabalhavam com vítimas de explosões de minas encerraram as suas operações.  Isso deixou a gestão dos programas de reabilitação física e de fabrico de próteses nas mãos do Ministério da Saúde. Mas, de acordo com o relatório da ONG Landmine Monitor referente a este ano, os serviços deterioraram-se rapidamente.

 

Segundo o documento, nenhum dos centros de reabilitação funciona hoje a 100% e não há nem materiais para o fabrico de próteses nem transportes para os portadores de deficiência.

 

Por outro lado, os funcionários há muito que não recebem salários.  A Doutora Balbina Silva disse que o objectivo do registo é identificar o número de pessoas que precisa de apoio, para que os fundos sejam distribuidos de forma mais efectiva.

 

"Se não tiverem braços, por exemplo, podem trabalhar com as pernas; se não têm nem braços nem pernas poderão aprender a pintar com a boca. Enfim, este é o nosso objectivo - ajudar na reinserção sócio-profissional e económica dessas pessoas.

 

O anúncio do registo foi feito antes do início de uma Cimeira Regional de Luta Contra as Minas, que encerrou esta terça-feira em Luanda. O objectivo do evento foi rever os progressos conseguidos no programa nacional de desminagem e partilhar ideias e sucessos com outros países, ONG's e parceiros financiadores.