Brasil - Foi lançado hoje no Brasil, o Livro “Quando a Guerra é Necessária e Urgente”, da autoria de Domingos da Cruz. A obra foi prefaciada pelo escritor, politólogo  e jornalista angolano António Setas. O livro com 297 páginas é uma co-edição das editoras Ícone de Brasília e Mundo Bantu de Angola.


Fonte: Club-k.net

A Mundo Bantu é um projecto editorial do autor da Obra que estabeleceu um acordo de parceria com a editora Brasileira para co-publicaçoes. A redação teve acesso a introdução integral  e segue-se abaixo: 

O presente labor académico, ou com pretensões académicas, é uma espécie de mini compêndio sobre o que nós pensamos em relação às mais variadas questões que a realidade nos apresenta. É também um conjunto de abordagens que serão submetidas a posteriores aprofundamentos...

Estrutura do livro

 
Esta obra está composta de nove grandes capítulos com subcapítulos. A arrumação dos temas, pela diversidade, tentámos fazer a melhor colocação possível. A diversidade temática, coloca um problema: o da ligação entre os temas, o fio condutor do debate. A resposta razoável é: apesar da inter e intradisciplinariedade, o livro, ou melhor, apesar da multiplicidade, todos os temas são conduzidos com base numa visão ética, sem deixar de dialogar com outros saberes necessários às abordagens que propusemos ao leitor.


No primeiro capítulo apresentamos uma preocupação ética e ao mesmo tempo do foro da sociologia da comunicação —  a pornografia — que destrói moralmente o mundo e põe em causa a visão duma antropologia autêntica. Exploramos as causas. Em relação a este item, a novidade é a causa que convencionamos definir como ferida “infoética”. Não esquecemos de explorar o caso da pornografia na realidade angolana. Demonstramos também que quem consome esta miséria moral beneficia somente os produtores e seus parceiros.


No mesmo bloco discorremos sobres outras questões — a sexualidade e suas dimensões, o aborto, o Sexolândia etc., — temas que constituem problemas tanto no plano teórico como no prático.


No segundo capítulo fazemos uma incursão de forma fragmentada à sociologia política angolana, explorando essencialmente a real politike de Maquiavel que foi instaurada à letra na sociedade da qual somos parte. Ainda neste quadro, exploramos a analogia do povo angolano como preservativo eleitoral! De forma concatenada e sempre dentro dos limites éticos, analisamos o tradicional e natural direito democrático de resistência, objecção de consciência e de desobediência civil sempre que uma ordem estatal não responde ao seu fim — o aperfeiçoamento da dignidade da pessoa humana – que se concretiza com o bem comum, fruto de políticas públicas sérias e claras. Porque não convencionarmos isto direito à violência mínima.


Na mesma unidade exploramos a problemática da paz autêntica e comparamos com a realidade angolana que até hoje não conseguiu alcançar este desiderato apesar do calar das armas em 17 províncias. Falando das 17 províncias, remete-nos logo a Cabinda que mereceu uma análise de conjuntura no plano político. No nosso entender, o Memorandum de Entendimento alcançado em 2006 ente o Forum Cabindês para o Diálogo e o partido-estado foi o culminar de mais um Governo de Unidade e Reconciliação com Cabinda (GURC). Uma estratégia falhada pelo facto de estar mais uma vez baseada na lógica da violência armada e não da retórica persuasiva e inclusiva como recomendam os especialistas em prevenção e gestão de conflitos. Neste conjunto de ideias, analisamos também a intrigante relação subordinatória entre o poder tradicional e o poder político opressor, etc., etc.


No terceiro capítulo apresentamos uma teoria pedagógica – Pedagogia do Parto -  que estamos a construir. Decidimos publicar a síntese para levar a debate. Ela enquadra-se no âmbito das chamadas pedagogias libertadoras como a de Paulo Freire. Uma visão de escola e de educação que tem como fim último a construção do sujeito a partir de si, por si e desde a sua realidade. Uma pedagogia contra a razão cínica, indolente e estéril que não se preocupa com as injustiças, enfim, esta é uma pedagogia que deverá formar homens críticos e não robôs. Não fica pelo tecnocratismo não ético, mais eficiente e economicista, que só reproduz a rede cíclica da opressão.


No mesmo quadro apresentamos outros dois problemas: a quadrilogia que sustenta a educação hoje e a relação entre educação, democracia e liderança.


No quarto bloco fizemos um rasgo sobre a África desde três perspectivas: histórico-filosófico-ético. Visionamos o percurso dos africanos na busca pela libertação. Conseguiram, mas não são livres. Assim, apresentamos os grandes teóricos da unidade africana: Senghor, Nkrwmah, Mamadou Touré, Cheick A. Diop, Sekou Touré, Azikiwé, Blyden, Damas, Lumumba, Fanon e outros que apresentam outras abordagens sobre o continente negro. Não deixamos de radiografar os esforços políticos mais recentes que visam alcançar uma espécie de estados unidos de África com Kadafhi à testa, do que resultou termos quadripolarizado a África política nas seguintes posições: Gradualismo, o Imediatismo, o Afropessimismo e o Afrorealismo.


Aqui, tentamos também apresentar uma síntese das sínteses sobre o estado actual do continente na política, economia, cultura, religião, etc., sem esquecer a maligna relação entre a África e um dos seus maiores e piores inimigos de ontem e de hoje: o Ocidente.


À mulher é dedicada um capítulo de forma especial como sujeito de direitos e a quem devemos dignidade, mas esta dignidade deve começar por si mesma. Fizemos uma leitura histórica sobre a condição de opressão da mulher na época veterotestamentária e como isto influenciou na relação desigual com o sexo oposto até aos nossos dias. Por outro lado, fizemos uma leitura mais actual com subtemas como a emancipação, a mulher em África, a riqueza da sua feminilidade e suas consequências psicológicas, sociais e morais.


Sendo Angola, um país que já foi brindado com duas visitas petrinas, dedicamos algum estudo que julgamos profundo sobre o magistério pontifício dentro dos limites da Teologia Católica e num quadro bem delimitado, o quadro eclesiológico. Ainda nesta unidade temos os temas que abordam a relação entre a igreja angolana e o poder político. Uma relação de clara submissão da igreja ao grupo dominante. E concluímos que a hierarquia da igreja hoje é do poder, para o poder e no poder, eximindo-se da sua missão profética. Até nas reacções às críticas já usa da lógica do poder, uma espécie de ditadura episcopal.


No capítulo sétimo dedicamo-nos à abordagem do intrigante problema da morte. Tentamos responder às seguintes questões: o que é a morte? O que acontece ao homem depois da morte? É possível sentir a morte próxima e voltar à vida? Existem experiências de quase morte? Qual a concepção do homem Bantu sobre a morte?


O nosso atrevimento encaminhou o nosso estudo a dois temas mundiais:  Obama e a fome global.


A última unidade é dedicada a um debate que travamos com o filósofo, historiador, investigador e escritor Patrício Batsikama. Um debate que foi desencadeado à propósito do livro “Para Onde Vai Angola?” Continua com um texto de memória… sobre um encontro entre Rafael Marques e Domingos da Cruz…


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