Luanda - De um tempo a esta parte é motivo de conversa a morte por assassinato no dia 21 de Outubro do corrente de Domingos Francisco João, Superintendente-Chefe da Policia Nacional de 44 anos de idade conjuntamente com Domingos Misalaqui dos Serviços Prisionais no Zango, em Viana. O que nos faz espécie foi o procedimento da polícia. Geralmente em caso de homicídio se deveria isolar o local e a policia recolher provas na cena do crime, porém surgiram no local viaturas pronto-socorro que levaram o carro com os corpos para local incerto.


Fonte: Familiares das vitimas


Tudo indica que a intenção era eliminar todos indícios possíveis para ilibar os mandantes. Domingos Misala foi morto porque estava no local errado na ora errada ou porque os autores desconfiaram que dominava a situação por ser amigo do Joãozinho?

 

Será que a apetência por dinheiro e boa vida justifica matar aqueles que são nossos companheiros de luta contra o crime? Será que é pecado/crime ser um oficial íntegro e honesto? Será que se pode confiar num comandante que manda apagar friamente seus subordinados? São várias perguntas que não têm resposta.


O malogrado apenas tentou cumprir o seu dever e os juramento que um dia fez. Mas, vamos recapitular os factos para fazer jus ao título do artigo.

 

Domingos Francisco João, carinhosamente chamado de Joãozinho, foi vitima de um mundo onde as pessoas que deveriam servir de imagem da corporação, nesse caso a policia, se envolvem em crimes e praticas pouco ortodoxas para enriquecer, olvidando todos princípios que aprenderam durante a sua recruta e formação.

 

O visado não embarcou numa “operação” de extorsão e corrupção milionária engendrada pelo então comandante Provincial de Luanda, Joaquim Ribeiro, pois chocava com os princípios deontológicos da corporação, bem como se tratava de um montante relacionado com o tão badalado “Caso BNA”. Como homem íntegro, o mesmo pretendia dar a conhecer as instâncias superiores sobre o sucedido. Daí teve início o seu calvário que culminou com o seu falecimento.

 

Sucederam-se episódios estranhos na vida do mesmo, desde ameaças de morte que por não surtirem o efeito pretendido pelos algozes, foi perseguido na estrada do Zango por desconhecidos que abriram fogo, felizmente o mesmo conseguiu despista-los, procurando abrigo num CAP do MPLA, como um mal nunca vem só, foi detido pelos seus perseguidores. Percebe-se que já estava tudo combinado.

 

Depois de um julgamento sumário e solitário em Viana (o dinheiro comprou o tribunal), o mesmo foi encaminhado para comarca de Viana, onde como forma de silencia-lo foi espancado repetidas vezes, contudo o mesmo se manteve implacável e determinado a tornar o caso público.

 

O Ministério Público, o Tribunal Supremo e o Ministério da Justiça devem esclarecer também em que circunstâncias Domingo Francisco João foi julgado e condenado e não deixe o Diabo tecer também que haja magistrados mancomunados com a máfia de Quim Ribeiro.

 

Parece que Domingos Francisco João pressentia que os seus perseguidores iriam até as ultimas consequências para afasta-lo do mundo dos vivos, razão pela qual em Julho de 2009, escreveu para a Associação Mãos Livres, quando ainda se encontrava na cadeia de Viana, a manifestar o receio de represália que pudesse sofrer, exposição enviada por aquela associação ao Sr. Provedor de Justiça e ao Comandante Geral da Policia Nacional, conforme cópia que juntamos.
 

Aterrorizados com a nomeação de Sebastião Martins para Ministro do Interior no dia 05 de Outubro, Joaquim Ribeiro e seus lacaios recearam o pior e prepararam pormenorizadamente o assassinato como forma de “cortar o mal pela raiz” e silenciar um homem que constituía a ameaça para a sua reputação e aos milhões açambarcados durante uma diligencia. Infelizmente dia 21.1010 um dia após a sua soltura, pelo facto de verem goradas todas as tentativas de dissuadi-lo, a viatura em que seguiam o mesmo e o seu amigo fora interceptada por duas outra, cujos ocupantes já vinham a controlar as pessoas dias antes e que fizeram dezenas de disparos que causou-lhes a morte imediata e os seus corpos ficado completamente desfigurados, o que denota a raiva e a maldade com que os algozes agiram.  

 

Sobre Quim Ribeiro já se falou tudo e mais alguma coisa. Será que é só fumo? Talvez não. Tudo a seu tempo e esperemos que seja o tempo de colocar o antigo Comandante Provincial da Policia de Luanda atrás das grades agora que foi finalmente exonerado. A policia não pode ser o abrigo de indivíduos mais perigosos e nocivos para a ordem publica que criam esquadrões da morte que infelizmente matam supostos delinquentes, cidadãos exemplares e, o mais agravante, agentes honrados. Haja justiça.


* familiares