Luanda - De acordo com o Folha 8, no Departamento Provincial de Investigação Criminal (DPIC), Polícia Nacional (PN) e departamento de Segurança do Estado (SINSE, ex-SINFO), multiplicam-se as acções musculosas em torno de um caso que ultrapassa o âmbito de um só caso de polícia, e estamo-nos a referir ao já famoso caso de desaparecimento de mais de 300 milhões de dólares nos cofres do Banco Nacional de Angola (BNA).


Fonte: Folha8


Quim Ribeiro foi exonerado e, não nos cansamos de repetir, a sua exoneração por si só já é uma condenação antecipada, o que nos parece ser uma precipitação do julgado antes do julgamento. A verdade é que há uma lei que é alegremente atropelada e o que se vê é um manifesto desprezo pelo princípio constitucional da presunção de inocência, curiosamente um postulado que a polícia ignora muitas vezes. Parece que não há maneira de os mais altos dignitários da PN meteram na cabeça que Quim Ribeiro só será culpado de ter praticado algum crime, depois de a sua sentença ter transitado em julgado.


A tentativa de assassinato

 

O filho mais velho do ex-comandante provincialdeLuanda, Reginaldo Ribeiro, considera que o atentado sofrido pelo seu pai, no dia 16.12, por volta das 20h00, quando se dirigia para a sua casa, tem como uma das mãos mais visíveis a do oficial superior dos Serviços de Segurança, Muhongo.

 

“Eles queriam apagar do mapa o meu pai, só que, Deus estava connosco e felizmente a sua segurança reagiu a tempo, obrigando os assassinos a colocarem-se em debandada, deixando no terreno provas do envolvimento do SINFO”, acusa o primogénito de Quim Ribeiro.


Na opinião de Reginaldo, se existem provas de actos ilícitos praticados pelo seu pai “com a corporação a dizer que os apresentaria em 15 dias, por que razão passados mais de 30 ainda não o fizeram? Agora estão a tentar assassiná-lo para impedir que ele possa chegar à fala com o Presidente da República e denunciar quem foram os verdadeiros mandantes e autores de muitos dos crimes que são evocados.”


Recorde-se que os autores do atentado circulavam a bordo duma viatura Toyota Carina, propriedade do Ministério do Interior e afecta ao SINSE e um dos ocupantes, membro da Segurança de Estado, foi aluno de Quim Ribeiro no Capolo, como se pôde constar pelos documentos encontrados na viatura. Veremos de que modo mais adiante. Antes de aí chegarmos citamos ainda um outro acto perpetrado com o beneplácito da Procuradoria-Geral da República, ou seja, a humilhante apreensão dum alto funcionário da justiça, envolvido no mesmo caso que quim Ribeiro, a propósito do qual colhemos o comentário de Matias Sapalanga:

 

 “A forma humilhante como a PGR, tratou o antigo director da DPIC, o jurista António João, colocando-o na carroçaria de um carro da polícia, com agentes fortemente armados e empunhando baionetas que lhe eram apontadas, para uma acção de busca e captura, descredibilizam a acção e os métodos de um órgão fiscalizador de grande prestígio, como é o caso da Procuradoria-Geral da República. Não se podem achincalhar servidores do Estado, responsáveis e postos na liderança de órgãos sensíveis, quando sobre eles apenas recai a simples suspeição. Como investigador há mais de 30 anos, o que lhe posso dizer é lamentar a extrema militarização a que foi sujeita a PGR, com quatro generais no topo da pirâmide e a praticar métodos como se fossemos militares de 1977”, afirmou esse alto funcionário ao
F8.


Os penachos perdidos pela “Secreta”


Depois de Quim Ribeiro ter sido alvo e escapado por milagre à referida tentativa de assassinato, foi naturalmente movida uma acção policial para determinar as circunstâncias da ocorrência e perseguir os intervenientes activos do atentado. Nessa operação, a atenção dos polícias concentrou-se naturalmente sobre a viatura abandonada pelos agressores e o Bilhete de Identidade que nela foi encontrado e pertencia a um dos indivíduos que tinha organizado a emboscada. Aqui chegados, o melhor é apertar o cinto de segurança, pois vamos entrar numa alucinante descida aos verdadeiros contornos duma verdade que a todo o custo se está a tentar negar e meter no fundo de um poço.

 

O F8 pode confirmar em Exclusivo que nos autos de apreensão dessa viatura, um Toyota Carina E, com matrícula LD-24-89-BG, foram encontrados: ! - Bilhete de Identidade nº 001424206KN039, passado em nome de Baptista António Diogo Vicente, considerado agente do SINSE

 

2 - cartões Multicaixa do B.PC;
1 talão de depósito do BPC, em nome de Baltazar Soares;
1 documento da viatura Toyota, com a matrícula LD-42-90-BA
1 documento da Suzuki Jimmy, cor cinzenta, matrícula LD-23-74-BK
1- Cartões de visita em nome de Maurício Joaquim;
1 bloco de apontamentos;
-700 kwanzas;

 

Foi ainda encontrado um chapéu espião, com uma câmara acoplada, utilizada exclusivamente por agentes dos serviços de Inteligência, que estavam realmente nessa altura a monitorar todos os movimentos de Quim Ribeiro.


O F8, não põe as mãos no fogo pelo ex-comandante provincial, mas o caminho da lógica leva-nos à ponderação. Se um alto oficial passa de um dia para outro de bestial a besta, isso não é de jogo e futebol, só pode ser por já haver certezas e provas dos seus actos ilícitos. Caso contrário é inútil enveredar por qualquer campanha de desinformação, sob pena de não haver nada e então, por causa de um mero rancor acumulado, se manchar o nome dum cidadão.


O fim da picada


O fim da picada, deixamos para o capítulo final desta incursão num ninho de abutres! Nessa mesma viatura Toyota Carina com matrícula LD-24-89-BG também foi encontrado um documento que, sabemos de antemão, dificilmente será aceite como sendo credível. Pouco nos preocupa isso, pois estamos em posse de provas incontornáveis e nem sequer precisamos de fazer uso de tempos verbais no condicional.


O referido documento é simplesmente uma credencial passada pelos serviços administrativos do Ministério do interior, Direcção Nacional dos Transportes em favor do veículo nº LD-24-89-BG , solicitando «(…)a todas as autoridades civis e militares a devida protecção desta viatura que constitui um bem essencial para a actividade do Ministério do Interior».
E agora?!


Agora, vamos passar da fase de verborreia malcheirosa (cheira a falso) a um silêncio de cemitério. Cemitério de mentiras!! Posto isto, e em virtude de sucessivos atropelos aos princípios e mesmo às leis que regem da sua defesa em justiça, os dois advogados responsáveis da sua defesa, Sérgio Raimundo e José Manuel Ventura, sentiram-se na obrigação de convocar uma conferência de imprensa, realizada no passado dia 15 de Dezembro às 15 horas no Hotel Tópico, para explicar tintim por tintim o que realmente se está a passar nesta Investigação a nadar em mentiras urdidas nos meandros, corredores, bastidores e caves do Ministério do Interior, mais precisamente, no SINSE, encarregado de levar a bem (ou a mal)) os trâmites deste processo coadjuvado por certos departamentos de PN e do DPIC.


QUADRO


Enquadramento do caso


Como fulcros desta acção policial estão uns pretensos 3 milhões de dólares subtraídos do BNA e alegadamente encontrados por agentes da polícia de Viana enterrados num terreno duma propriedade situado nas imediações do quilómetro 8 da estrada de Viana, e os assassinatos operados à queima-roupa nas imediações do Zango dos oficias da Polícia Nacional, Domingos, Francisco João, superintendente-chefe da PN, supostamente encarregado de pesquisar este caso, e de Domingos Francisco Misalaqui, especialista dos serviços prisionais, que, por mero acaso se encontrava em sua companhia e foi do mesmo modo que o seu superior morto na viatura deste último a tiro de metralhadora, sem possibilidade alguma de escapar à morte.


Aparentemente incapaz de se manter numa posição de neutralidade, os órgãos de justiça e de polícia desta vez não se refugiaram por detrás dum silêncio tumular, como sempre fazem quando o inculpado, ou suspeito, é membro eminente de altas esferas do Estado.

 


Não senhor, pelo contrário, multiplicou actos coercivos contra Quim Ribeiro e seus alegados parceiros “mafiosos” todos eles membros da Polícia Nacional, e deixaram correr notícias relacionadas com o processo, como sejam a detenção de Joaquim Ribeiro, um desmaio deste ao ouvir uma gravação secreta dos Serviços de segurança que o incriminavam, que o seu principal cúmplice teria sido apanhado no Lubango, bem como a apreensão de alguns dos seus bens pela Procuradoria-Geral da República como noticiaram determinados órgãos da comunicação social privada, nomeadamente viaturas topo de gama. Tudo mentira, pelo menos na opinião dos defensores do comandante, que também contestaram peremptoriamente a quantidade de dinheiro (3 milhões de dólares), supostamente repartidos entre os oficiais da Polícia Nacional, mancomunados com Joaquim Ribeiro. Na realidade, o que consta nos próprios autos do processo judicial, segundo informações duma fonte do F8, está muito, mas muito longe de tão fabulosa quantia, pois o que foi encontrado no terreno da moradia de um funcionário que já se encontra encarcerado, não ultrapassa UM MILHÃO de… KWANZAS, quer dizer, mais ou menos uns 10 mil dólares, o que, atente-se bem, muda completamente o caso de figura!!

 

Posto isto, e dado o andamento em curso deste processo, estão por esclarecer as causas reais que levaram à detenção, não de Quim Ribeiro, pois esse não foi preso, mas sim dos oficiais da Polícia Nacional que estão envolvidos nesta trama, sob pretexto de ainda se estar na fase de instrução processual, e por, nesse caso, imperar o segredo de justiça, como determinam os bons princípios judiciais. Cabe ao órgão que noticiou a demissão e exoneração dos quadros superiores o ónus de esclarecer a sociedade sobre as motivações desses arrestos.


*Voltaremos