Lisboa - Até pouco tempo reitor da Universidade Katiavala Bwila, Paulo de Carvalho é  um dos  mais prestigiados  sociólogos em Angola.  Formou-se pela Universidade de Varsóvia em finais da década de 80 mas foi em Portugal pelo   Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE) que se doutorou em sociologia  defendendo como tese  um estudo  acerca da exclusão social  em Luanda.


Fonte: Club-k.net


Enquanto  sociólogo, Paulo de Carvalho centrou-se também em   pesquisas de opinião e estudos de mercado. Alguns dos seus trabalhos e posições baseadas em estudos habilitados  causaram  impacto interno no rumo do país. É notabilizado como a figura que teria alertado dois anos antes das eleições que se o MPLA avançasse naquele momento teria nas urnas resultados desfavoráveis. Na altura uma corrente do partido no poder teria se mostrado deselegante com as suas posições dizendo que o sociólogo “estava contra o partido”.  Por outro lado, uma  outra corrente aparentemente mais tolerante levantou a voz para alertar que ao invés de insurgirem contra o acadêmico deveriam estudar as suas alertas.  De seguida,  o MPLA encomendou três sondagens de diferentes instituições estrangeiras  que apontavam a vitoria do partido no poder  com 55% ou 60% dos votos. A prevenção  das alertas do sociólogo  fez com que  um grupo da  Casa   Militar entrasse em jogo para garantir uma vitoria eleitoral superior as estimativas para o MPLA. Em círculos  oposicionistas  ao  regime, há ainda quem diga  que  Paulo de Carvalho foi a figura que despertou o MPLA para atribuição dos  82% dos votos.



A nível profissional,  Paulo de Carvalho é uma figura que em finais da década de setenta trabalhou na Secretaria de Estado da Cultura onde chefiou  o Departamento de Casas de Cultura e o Departamento de Espectáculos. Poucos anos depois, isto em meados da década de oitenta partiu para Polônia onde concluiu a licenciatura e o  mestrado em sociologia. Na capital Varsóvia, desenvolveu um trabalho a “Estrutura social da sociedade colonial angolana” e esteve ligado  a Associação Polaca de Estudos Africanos. Nos dias de hoje o seu nome é ainda  citado com alguma relevância. Quando Angola assinalou  ao aniversario dos 30 anos da independência de Angola a embaixada angolana na Polônia  convidou-lhe para fazer uma dissertação em alusão a data.  



Paulo de Carvalho é também jornalista.  Quando regressou a Angola em 1990, após a sua formação no estrangeiro trabalhou no Ministério da Informação para um ano depois ser apontado  Director do Centro de Imprensa "Aníbel de Melo".  Foi também  administrador da Representação em Luanda da OXFAM-G.B por um ano até passar a dedicar-se a consultoria. O mesmo faz parte do sindicato Angolano  dos Jornalistas e de outras instituições de sociólogos internacionais.



A sua carreira acadêmica teve  inicio  em 1996  como docente da  Universidade Agostinho Neto onde mais tarde passaria a coordenar a Comissão de Gestão da Faculdade de Letras e Ciências Sociais, de Janeiro de 2005 a Abril de 2006.  No seguimento da descentralização da Universidade Agostinho Neto que culminou  com a criação de estruturas autônomas  nas regiões do países, Paulo de Carvalho foi nomeado reitor da Universidade Katiavala Buila (UKB) que compreende as regiões de Benguela e Kwanza Sul.  Enquanto entidade máxima da instituição encontrou as  estruturas desorganizadas em termos de admissão mas também  movidas por hábitos de corrupção.  Declarou combate contra tais  praticas provocando o rebentamento de um barril de pólvora. Os  funcionários conotados a tais praticas teriam  interpretado a  sua acção como “estando a estragar o seu pão”.  Os docentes acabaram por combatê-lo com criticas ou difamações em jornais. Face ao  clima de instabilidade instaurado na instituição universitária, a Ministra de tutela afastou-lhe do posto nomeando um novo reitor, Albano Ferreira, medico e antigo Vice- reitor da UAN, ao tempo de Sebastião Teta.



A primeira vez que o seu lado de combate a corrupção alastrou-se em círculos estrangeiros, foi em meados de 2008. Na altura viajou para a vizinha  Namíbia para consultas medicas   e no regresso, a 11 de Julho,  Paulo de Carvalho viu-se escandalizado com  um caso de suborno a bordo da aeronave desencadeado por uma hospedeira da companhia área da  Air Namibia, respeitante ao “upgrade” das classes de vôo. Em terra, escreveu um artigo de protesto/ opinião denunciado o sucedido. Em reação  a companhia aérea  despediu  a hospedeira e foi-lhe  apresentado um pedido de desculpas formal. O Director Comercial da companhia ofereceu-lhe, em gesto simbólico,  uma  viagem a Windhoek, mas  declinou.



Para o futuro, Paulo de Carvalho prevê  regressar a docência na Faculdade de Ciências Sócias da UAN. Personalidades que com ele privam notam-lhe pretensão de reativar os seus projectos de investigação e publicação em curso.  Uma informação que tem o  wikipia como fonte aponta-lhe como   autor de acima de 50 pesquisas e estudos empíricos, com utilização do método quantitativo e do método qualitativo de investigação sociológica (inquérito por questionário, entrevista aprofundada e grupo de discussão). É também administrador da Consulteste, Lda. - empresa angolana de pesquisa de opinião e estudos de mercado.



Em 2008, fez uma  sondagem a cerca dos semanários mais influentes ou lidos no país. A sondagem apresentava o Semanário Angolense, N.J e ACapital na liderança das leituras.  Dois anos depois 2010, personalidades próximas a Manuel Vicente e Manuel Vieira Dias “Kopelipa”, decidiram comprar os semanários  lideres de audiência  por estes terem publicado relatórios de autoria de Rafael Marques que estaria a criar supostos embaraços  a imagem do PCA da Sonangol.