Luanda - Para os milhares de crentes, como eu, neste lindo e colorido planeta terra, as estrofes do hino abaixo, falam do regresso do Rei. O hino diz que “a manhã gloriosa já vem raiando, logo o Rei virá, E Seu povo então para o lar eterno Ele levará.


Fonte: Club-k.net


A manhã gloriosa já vem raiando, breve surgirá a luz! A manhã gloriosa já vem raiando, eis que vem Jesus”!  E para os sedentos pela DEMOCRACIA, cansados com as ditaduras, como os povos do Norte de África e do Oriente Médio, para não dizer toda África? Que bom que a manhã gloriosa já raiou na Tunísia, Egipto e quem sabe proximamente a Líbia, Baharain, Yemen, Jordão, Irão, Argélia, etc. Estes, também podem e devem experimentar este fenómeno ainda estranho, mas aqui para ficar.

 

Que rei virá para muitas dessas nações, quando a manhã gloriosa e triunfante da revolução tecnológica e sem violência chegar? As últimas semanas da última década, viram a consumação das aspirações mais nobres de muitos povos do planeta, nossa casa comum.

 

Quando nasceu a manhã gloriosa no inicio deste ano, para muitas gerações do Magreb, que nada ou nuca exerceram o famoso legado do Jardim do Éden, berço da humanidade, --o legado divino -- chamado teológica e dogmaticamente – Livre Arbítrio--, com pés no chão, viram o melhor da vida a começar.

 

Esta expressão, talvez desconhecida por muitos ditadores, no seu sentido mais lato ou exegético, significa, o direito que cada ser humano detém em poder escolher o seu caminhar na terra. Pois o que adiantaria a Deus se por força maior fizesse que todos o servissem e não por amor-próprio de cada ser humano?

 

 O livre arbítrio é para mim, a maior prova de amor que Deus deixou ou seja, saber verdadeiramente quem deseja servir a Deus e não ao mundo.


Podem os ditadores desta África, onde quer que se encontrem, invocar esta verdade, verdadeira fundação da democracia moderna? Alguma vez, os povos tiveram a liberdade de escolha numa ditadura política e ate a s vezes democrática?


Ditadores sempre encontraram o seu fim quando menos esperavam. Que tipos de ditadores foram eles, muitos perguntam. Um ditador pode (dia) ter sido benevolente, isto é, aquele que exerceu o seu poder absoluto para o bem de seu povo ou seus amigos e associados. Este termo, ditador é portando subjectivo.


Por exemplo os apoiantes de Napoleão, o consideravam ditador benevolente, assim como os apoiantes de Fidel Castro. Mas no entanto, aqueles que sofreram nas mãos destes regimes discordariam completamente.


Como acontece então o fim desta classe de seres humanos, chamados ditadores? A algum tempo n ao muito distante daqui, eu mesmo pensava que a natureza era a única capaz de tomar conta deles. Mas agora, já sabemos que uma rebelião não violenta, também pode leva-los para o exílio. Ate porque, muitas ditaduras, chegam mesmo ao fim, quando o ditador se torna muito fraco ou doente para continuar. Melhor ainda quando este morre repentinamente.


Vladmir Lenin sofreu uma seria de AVCs e se tornou pouco relevante para o seu governo antes de sua morte. Josef Stalin, também teve um AVC e morreu logo em seguida. Já em 2008, o mundo contemplou Fidel Castro a deixar a cadeira do líder da revolução Cubana, passando-a para seu irmão Raul Castro, isto depois de muitos anos de deterioração de sua saúde. Mas na maioria dos casos, os ditadores ficam no poder por muito e muito tempo mesmo. No fim, ou são derrubados e depois substituídos por outros ditadores. A verdade que se aprende na classe de Politica 101, é que leva muito tempo para substituir a estrutura governamental na sua plenitude ou inteireza. As vezes, têm que mesmo haver cumplicidade das Nações Unidas e do Ocidente. Este sendo um mal necessário.

 

 Actualmente mais de 70 nações, menos duas, (Tunísia e Egipto), são governadas por ditadores. Muitos desses ditadores são culpados de atrocidades contra o seu próprio povo. Organizações não governamentais, tais com a Human Rights Watch, publicam essas violações dos direitos humanos e aplicam pressão a esses governos para melhorarem e trazerem reformas democráticas.


Caro leitor, os ditadores também são humanos. As vezes eles permitem algo semelhante a eleições a acontecerem nos seus países, talvez não na dimensão que você e eu esperamos o conhecemos.

 

Por exemplo o rei da Arábia Saudita, Abdullah bin Abdul Aziz al-Saud, depois de muita pressão do Ocidente, permitiu eleições municipais em 2005, como as primeiras desde 1960.Estas eleições permitiram aos cidadãos elegerem seus representantes locais. Mas elas não foram nada democráticas, porque as mulheres não puderam votar.

 

As ditaduras, importa realçar, por norma e sua natureza, chegam violentamente ao fim como elas nasceram. Adolfo Hitler, suicidou-se logo que as tropas aliadas derrotaram as forças Alemães. O fascista e ditador Italiano Benito Mussolini foi morto por um camponês comunista e seu corpo foi apedrejado pela população local. Saddam Hussein foi derrubado depois que as forcas coligadas tomaram controlo do Iraque e foi capturado em Tikrit, sua terra natal, escondido num buraco como serpente.

 

Assim caiem e continua a cair os gloriosos ditadores de ontem e de hoje. Se eu fosse um ditador, Angolano, com os ventos do Norte de África, todos soprando bem alto, eu tornar-me-ia numa espécie moderna (no mínimo eu como ditador angolano, pais rico, teria roubado mil de milhares de dólares e morto algumas dezenas de meu povo) do Ladrão da Cruz –. Isto porque nunca e tarde para pedir perdão ou seu próprio povo --. Agora, perdão ate podia alcançar, os Angolanos, pelo que conheço, são todos SANTOS, mas duvido que a “maka angolana” dos anos de ditadura, só com perdão anulasse assim a punição.

 

 Quando escrevia estas poucas linhas, pensei logo no coitado do grande Faraó Moisés. Este Africano da gema, antepassado de Mubarak, primeiro escritor dos primeiros cinco livros da bíblia, Líder escolhido por Deus. Único ser humano que já viu as costas de Deus, foi perdoado por ter batido na rocha duas vezes, ( e que assim ele acabou  destruindo a grande lição de Deus, -- que Jesus morreria uma so vez –).   Perdoado, mas também punido, não entrou na terra prometida. A manha gloriosa coube a Calebe e Josué.
Há perigos que advêm com o fim das ditaduras?

 

Voltemos para a terra dos Faraós. Vocês com os egípcios podem celebrar que o tirano caiu. Digamos e com sinceridade que Mubarak foi o homem de Israel, o homem do imperialismo, o homem dos Estados Unidos, o homem do Banco Mundial. Foi deposto, e varrido por um dos maiores movimentos de massa na história. Este homem forte e que muitos governos ocidentais chamavam de moderado e tão querido pelo imperialismo, liderava um regime de nepotismo, crueldade e corrupção. Esta e a verdade concernente a todos os ditadores vivos ou mortos.


 Ele foi muito além de silenciar a democracia. Suas acções, afectavam todos os egípcios e o mundo árabe. E agora, os interesses do imperialismo, de Israel e das ditaduras e reinos construídos à base de petróleo estão gravemente ameaçados.

 

Se analisarmos os famosos Acordos de Camp David que o Egipto assinou com Israel, podemos constatar que estes em parte permitiram ao exército israelense, lançar sua invasão mortal do Líbano, em 1982. Mubarak  ficou em silêncio,  ate mesmo quando a invasão terminou com o massacre de palestinos em Sabra e Chatila.

 

Para o regime de Mubarak, foi conivente a longa ocupação de Israel do sul do Líbano. Liderou os regimes árabes na manobra de isolamento do Hizbollah e a resistência libanesa durante a guerra de 2006, e ajudou a financiar as acções dos Estados Unidos no Líbano. Mubarak usou todo o seu peso político para esmagar a intifada palestina de 1987, obrigando os jornalistas egípcios a descrever a resistência palestina como "terrorista". Somente com a sua ajuda Israel pôde manter seu domínio sobre os palestinos em Gaza.

 

Ele era um homem com quem os Estados Unidos podiam fazer negócios. Enviou tropas para lutar junto com os Estados Unidos na Guerra do Golfo, em 1990. Abriu o Canal de Suez para os navios de guerra americanos a caminho do Afeganistão, em 2001, e a invasão do Iraque, em 2003. Transformou o Egipto em uma prisão gigante e emprestou suas câmaras de tortura para "entregas especiais" durante a "guerra ao terror" contra os povos árabes e africanos.

 

Como se não bastasse, Mubarak promoveu os piores estragos do neoliberalismo económico em seu país. Impôs a privatização das indústrias e incentivou o retorno dos proprietários que foram depostos em 1950 para reaverem suas propriedades. Seu sonho de transformar o país em um "Tigre no Nilo" condenou uma grande parte da população à pobreza. O salário dos trabalhadores egípcios, alguns de apenas 30 reais por mês, mantiveram-se inalterados desde 1984, enquanto a inflação disparou. Constatei este facto durante as duas semanas que em 2005 passei em Cairo em serviço  da BP Angola.

 

Os sindicatos foram proibidos, os ativistas presos e torturados. As fábricas foram entregues aos seus protegidos ou a empresas internacionais. Mubarak e seus amigos corruptos, conhecidos como as "mil famílias", acumularam uma enorme fortuna, e a dele já passa do grande empresário da Microsoft Bill Gates. Mubarak com uma fortuna de cerca de 70 biliões, isto não e dinheiro para mortais como você e eu. Ele governou o país como se fosse seu feudo, manipulando eleições e prendendo adversários. Isto foi ontem. E agora depois da ditadura?

 

E finalmente quando chegou a Sexta Feira, 11 de Fevereiro, o dia da queda de Mubarak, parecia que o tempo parou no espaço sideral. Com sua queda, Israel isolou-se e todos os regimes do mundo árabe e ditaduras sem excepção, estão em perigo. O clima de fatalismos que haviam dominado o mundo árabe há décadas se evaporou.


 Não advogo violência nem memo contra” mosquitos” de Cabinda ao Cunene. Não acredito numa vida descartável, pois que a vida e sagrada. Mas homem como Mubarak, bem pensado, pode ser justificado ate mesmo o uso cruel do aborto, se tão-somente alguém soubesse o que ele faria ao seu próprio povo por mais de 30 anos.


Neste preciso momento outro homem forte, -- assim ele pensa-- Gadhafi, que tem governado a Líbia por mais de 40 anos, esta sendo fustigado pelos ventos da amanhã gloriosa. A verdade e que  ele não será o próximo rei. Seu reino a semelhança de muitos africanos, nunca foi oposto ate que aquela pequena cidade semelhante as Lundas e Huambo, chamada Benghazi a segunda grande cidade deste pais pegou a moda da rebelião.


O espírito de Tahirir Square que o papa Hosni chamava de “joke” ate quando teve que arrumar no meio da noite e partir para férias sem retorno.


Mas a verdade é que a juventude esteve por detrás disso tudo, já não querem mais ser uma geração sem asas para voar. Assim eles derrotaram este Golias. Existe um mito, e ate entre nos em Angola, o mito de que a África esta assim subdesenvolvida por causa dos anos da colonização europeia. Que eu saiba, existem países na Ásia que também foram colonizados e tornaram-se independentes a meio século atrás como muitos países da África, mais estão muito avançados em termos de desenvolvimento. Nosso problema é nos mesmos. Falta de originalidade.

 

E o ano era 1976 no Huambo, Angola acabava de ser independente a mais de um ano. Uma das canções revolucionarias que marcaram minha infância naquela época  era – com a luta do povo angolano, o colonialismo caiu na lama --,. Meu pai, um grande verdugo, dizia, filho pode ser que nos é que estamos a cair na lama. Será que velho tinha razão?


Por isso não me surpreendera nada, se com a vinda das manhas gloriosas, ate fala-se dela no nosso pais, todos estes povos caírem nas lamas da transição. Foi duro o que nos vivemos depois de 1975 e a guerra dos 30 anos. Será que em Angola ainda queremos outra manhã gloriosa?


Já o escritor e compositor Guilherme Arantes no seu famoso poema “ O melhor Vira” dizia e com sabedoria, “Eu quero o sol ao despertar, brincando com a brisa por entre as plantas da varanda em nossa casa, eu quero amar é lógico que o mundo não me odeia. Hoje eu sou mais romântico que a lua cheia.  Você mostrou pra mim, onde encontrar assim mais de um milhão de motivos pra sonhar, enfim e é tão gostoso ter os pés no chão e ver que o melhor da vida vai começar”.


Viva a esperança do dia glorioso que pode raiar a qualquer momento e começar um novo dia, uma nova vida pelo menos para os nossos filhos. E então o REI terá vindo já nesta vida.


*Economista