Esses pequenos incidentes têm sido devidamente minimizados pelos partidos políticos.
O exemplo deveria ser imitado por um certo jornalismo que parece só “gostar de sangue”, mas que não deveria emprestar aos mesmos maior importância do que aquela que realmente eles possuem.
Sem ilusões nem hipocrisias, ou seja, com realismo e honestidade, incidentes localizados entre adversários políticos são comuns em todas as eleições. Ninguém – e muito menos a imprensa – tem o direito de amplificá-los.
Além da normalidade, a previsibilidade é outra característica da campanha, até ao momento. A oposição, praticamente em bloco, ataca o partido no poder e este último mostra tudo aquilo que já conseguiu realizar, em apenas seis anos de paz, e apresenta as suas propostas para os próximos quatro anos.

O MPLA continua a ser o único partido que apresenta propostas concretas, metas e números a alcançar entre 2009 e 2012. Os demais limitam-se a criticar o MPLA e a fazer, quando muito, promessas abstractas.

Muitas dessas promessas não passam de demagogia, o que também é previsível, numa campanha eleitoral. A UNITA, por exemplo, além de pretender tornar o ensino obrigatório e gratuito até à 12ª classe (este último objectivo nem sequer existe nos países mais desenvolvidos), quer acabar com a fome por decreto.
A FpD, talvez para dar alguma vida aos seus sombrios e “escolásticos” tempos de antena, prometeu pôr uma torneira jorrrando água em todas as casas. Pergunto: só uma?
A não ser o MPLA, ninguém diz como vai realizar as promessas que está a fazer. Ninguém mais valoriza a necessidade de produção, como única forma sustentável de combater a pobreza, equilibrar a distribuição da riqueza e melhorar a situação social dos angolanos.

A ideia que muitos partidos passam é que, como o país dispõe de grandes recursos naturais, em especial petróleo e diamantes, não é preciso trabalhar e produzir para elevar a nossa qualidade de vida. O Estado tem de dar tudo. Além de demagógica, essa ideia é perigosa.

Se o recurso à demagogia é previsível em qualquer campanha eleitoral, já a utilização de mentiras e embustes só desabona aqueles que assim procedem. Todos os partidos da oposição estão a utilizar estatísticas ultrapassadas para atacar o MPLA.

Assim, omitem aquilo que toda a gente vê: muita coisa mudou no país desde que o governo derrotou os rebeldes chefiados por Savimbi, estabelecendo finalmente a paz em Angola. É certo que ainda há muito o que fazer, mas é isso mesmo o que o MPLA reconhece. Só ele, portanto, pode continuar o trabalho já iniciado.
Caso houvesse um “prémio” desse tipo, poderíamos eleger como “A maior mentira da campanha” a acusação da UNITA de que o MPLA governa o país há 33 anos e até agora não fez nada. A rigor, trata-se de uma provocação simplista, para forçar o MPLA a concentrar-se em explicações sobre o passado histórico de Angola. Contudo, o partido no poder não tem caído nessa provocação.

A verdade é que o MPLA não precisa de responder a esse tipo de provocações. Em primeiro lugar, os angolanos conhecem o suficiente do passado para não ignorar as enormes responsabilidades da UNITA no estado actual do nosso país.

Em segundo lugar, o MPLA, ao longo de toda a sua história, tem demonstrado uma capacidade irrefutável de apreender, em cada etapa histórica, as necessidades e prioridades da sociedade, pelo que, neste momento, está preocupado em apresentar aos eleitores as suas propostas para, como dizia Agostinho Neto, resolver os problemas do povo.
Em suma, parece evidente que a oposição não tem conseguido, nestas duas semanas, passar a imagem que constitui, eventualmente, uma alternativa credível ao MPLA. O discurso errático do maior partido da oposição é disso prova inquestionável.

Apenas para dar dois exemplos dessa “errância”, menciono a posição da UNITA em relação à independênciacia, que, depois de negar, passou a valorizar apenas por causa da coincidência da data de 11 de Novembro com o seu número no boletim de voto; ou em relação às obras do governo, que inicialmente também negou, depois passou a dizer que são “um roubo” e, por fim, considerou-as meramente “de fachada”.

A última inflexão da UNITA aconteceu ontem, com a utilização de um sacerdote da Igreja Católica e de uma irmã do Movimento Carismático da mesma instituição no seu tempo de antena.

Fonte: Jornal de Angola