Lisboa - António Caiscais, jornalista português  naturalizado alemão encontra-se ferido numa unidade hoteleira  em Luanda  em conseqüência das agressões que sofreu por parte da Policia Nacional  quando cobria a manifestação realizada por  jovens universitários em Luanda.


Fonte:  Club-k.net/Correio da Manhã

Regime recebeu-lhe os meios de trabalho

Elementos  da Segurança angolana  que participaram na agressão, confiscaram  todos os  meios de trabalho do profissional.

 

António Caiscais é jornalista da DW (Voz da Alemanha) tendo se deslocado a Angola para ministrar curso sobre o jornalismo cultural  de 29 de Agosto a 09 de Setembro. Aproveitado  cobrir o que se passou no país, tendo as autoridades policiais agido brutalmente contra a sua pessoa.

 

De recordar que a  polícia angolana dispersou ontem "com brutalidade" a manifestação de jovens, que exigiam a "destituição do presidente José Eduardo dos Santos". O protesto terminou com vários feridos, detenções e agressões, incluindo a jornalistas que ficaram com câmaras de filmar e máquinas fotográficas partidas.

 

O protesto, o maior realizado na capital nos últimos tempos, juntou pelo menos 400 jovens no largo da Independência, sob vigilância de um forte aparato policial. Inicialmente pacífica, a manifestação descambou em violência quando os activistas decidiram marchar em direcção ao Palácio Presidencial para exigir a libertação de um dos promotores do protesto, alegadamente raptado horas antes. A polícia tentou impedir a marcha, tendo-se gerado de imediato violentos confrontos, que resultaram em vários feridos e agressões. Relatos dão conta de agentes à paisana e polícias a cavalo que agrediram manifestantes.

 

A violência não poupou os jornalistas, nomeadamente da RTP África, cujo equipamento, câmaras de filmar e máquinas fotográficas, ficou danificado. Contactado pelo CM, o director de Informação da RTP, Nuno Santos, confirmou que durante o protesto "uma câmara ficou danificada, mas a equipa de reportagem [liderada por Paulo Catarro] saiu ilesa". O mesmo se passou com o correspondente da Voz da América em Luanda, Alexandre Neto, que também viu destruído o material de trabalho. "Fui agredido e confiscaram-me o carro", confirmou ao Correio da Manhã.

 

"Numerosos agentes de segurança à paisana, em coordenação com a polícia uniformizada, envolveram-se em pancadaria com os manifestantes", explica o jornalista. "Ainda antes do protesto, vários jovens foram interceptados por um grupo de homens armados com Kalashnikovs, que arrastaram um jovem para uma viatura. Agredido, foi depois abandonado numa praia", acrescentou.

 

Doze dos detidos, mais de 20, foram arrastados para uma carrinha da polícia, onde ficaram fechados mais de 30 minutos. Muitos, devido ao forte calor na cidade de Luanda, sentiram-se "quase asfixiados" – afirmou um dos detidos.