No meio de tudo isso, surgem várias questões entre elas: será que os sindicalistas já se conformaram com a triste realidade dos magros salários e com a falta de subsídios para as pessoas que exercem o cargo de chefia? Bom não sei! Esta é uma questão que só o Guilherme Silva e os seus coadjutores estão em altura de responder. Mas, a verdade é que ainda há muito descontentamento no seio da classe e uma greve cairia bem. Faço essa afirmação tendo em conta número de reclamações que semanalmente param em cima da minha secretária.

Ao se aperceber que os responsáveis daquela força sindical estavam a ser sondados para mobilizarem os seus filiados a votarem num dos dois maiores partidos angolano MPLA e UNITA, confesso que fiquei feliz e preocupado ao mesmo tempo. Preocupado porque houve mesmo quem teve a ousadia de prometer “fundos e mundos”. Diria mais. Comprar votos de forma cortês, alegando que apoiariam totalmente a realização do Congresso Nacional dos Professores que se realizará brevemente.

Infeliz ou felizmente parece que o bom senso prevaleceu. A UNITA não conquistou a simpatia dos mais altos responsáveis do Sindicato e viu o apoio que tanto desejava ser repartido entre o MPLA e a Frente para Democracia (FpD), que não tinha entrado nesta luta de forma directa. Pelo menos a informação que tenho dão conta disso.

Na semana passada, o presidente do Simprof, Guilherme Silva veio a terreiro manifestar o apoio da sua agremiação ao partido do “Camaradas”, atestando que o seu programa de governo para os próximos quatro anos garante a escolaridade  para todos os angolanos. O que acontecerá com os professores? Vão continua a trabalhar sem verem os seus problemas financeiros resolvidos ou minimizados?

A posição tomada pelo vice-presidente Manuel de Vitoria Pereira, manifestada numa mensagem dirigida aos filiados, encheu-me de esperança. Não por ser simpatizante da FpD, mas sim por ser uma posição de um líder que não terá se vendido ao tão “badalado” regime.

Não tenho cartão de militantes de nenhum partido, sou apenas um cidadão que analiso as coisas em diversos ângulos. Conheço a realidade angolana, porque vivo em Luanda e já viagem por quase todas as províncias a procura de informação. Já passei a noite numa casa de capim e comi na panela de barro porque estava a reportar os problemas sociais daquelas localidades onde não existe energia eléctrica, água canalizada e para se chegar a sala de aula as crianças devem andar mais de 100 quilómetros.

Ali, onde só agora os “camaradas” Dino Matrosse, Kwata Kanawa, Pitra Neto e João Baptista Kussumua, estão a chegar e a prometer o que provavelmente não vão conseguir fazer em quatro anos. Não sei se o Manuel de Vitoria Pereira conhece esta dura realidade, mas a verdade é que o seu voto “contra a malandragem que tem governado Angola” caiu-me bem. Visto que o Sindicato representa o país e não um partido.

A posição tomada pelo autor da peça publicada no Jornal de Angola só mostra aquilo que já soubemos. Até onde chegou a promiscuidade de um director. Apesar das mudança que tem efectuado para melhorar a qualidade no nosso matutino, José Ribeiro está a cavar a sua própria cova, (este é um assunto que abordarei com mais pormenores em próximas ocasiões). Nenhum Manual de Jornalismo, nem mesmo o de quinta, recomenda este tipo de ataque. Considerar que aquele dirigente sindical terá insultado os adversários políticos e os seus próprios colegas de direcção que apoiam o MPLA, é falta de espírito democrático.

Quanto a atitude de Miguel Filho isso já não é novidade para ninguém, atendendo ao facto de o mesmo ser considerado um homem que terá se rendido ao regime a bastante tempo. Apesar dos seus feitos em prol do desenvolvimento do Sindicato, Miguel Filho já há muito que perdeu o prestigio perante os sindicalistas.

Como já se houve dizer a boca pequena, um dos benefícios que o ex-presidente do Simprof teve ao “assinar” o seu cartão de passagem para o lado do MPLA terá sido a atribuição da bolsa pela Universidade Agostinho Neto (UAN) para fazer o doutoramento em Espanha. Mas, o facto de o mesmo não se ter calado, terá irritado os camaradas e estes viram-se obrigados a retirar-lhe a bolsa.

Reconheço que foi graças a intervenção da equipa liderada pelo Miguel Filho que o Sinprof se notabilizou, afrontando o Ministério de Educação. Actualmente, sinto saudade das greves organizadas pelo mesmo como forma de protesto contra os baixos salários e atraso dos mesmos.

O desejo de escrever regularmente para este espaço já vem de há muitos meses, mas só agora está a tornar-se realidade e espero estar em altura de satisfazer as exigências dos leitores deste portal.

 Fonte: Club-k.net