Huambo -  O secretário provincial da UNITA no Namibe, Faustino Mumbika, mostrou-se satisfeito, a partir da província do Huambo, pela absolvição do seu companheiro, secretário geral da JURA, Nfuka Muzemba, detido injustamente pela polícia luandenses sob acusação de coordenador protestos registados no largo Serpa Pinto – nos arredores do tribunal de polícia –, em Luanda. “Deus esteve ao lado do regime, por ter tomado está decisão”, afirmou calmamente Faustino Mumbika. Nesta curta entrevista, o número um do “galo negro” nas terras de Welwitschia mirabilis falou também das manifestações espontâneas, decorridas naquelas paragens.


* Lucas Pedro, no Huambo
Fonte: Club-k.net

“Neste momento, as duas manifestações que ocorreram no Namibe, foram por iniciativa espontânea dos namibenses que, nem são nem militantes da UNITA, nem do MPLA, se calhar nem do PRS. São cidadãos angolanos assolados pela extrema miséria. De modos que, a nível do Namibe, as manifestações já são um facto”, admitiu. Igualmente, deixou um pequeno grande conselho ao administrador municipal do Namibe. “Demite-se”.  Portanto, caríssimo leitor, acompanhe a conversa. 
 


Club-k – Como é que a UNITA no Namibe encara a absolvição do secretário geral da JURA?

Faustino Mumbika – Inicialmente queríamos nos solidarizar com Nfuka Muzenga, secretário geral da JURA, e segundo encaramo-la com toda naturalidade, porque vimos que o regime não tinha outra opção. E é em boa hora que soltaram o Nfuka, porque senão, achamos que nem sequer teriam espaço nas cadeias para todos os nós. Mas já que lhe soltaram, penso que podemos fazer o recurso aqui ao principio bíblico: Deus esteve ao lado do regime, por ter tomado esta decisão.


No terceiro aspecto, pensamos que o regime não deviam se preocupar em prender as pessoas, porque este movimento é reversível. O MPLA tem de reconhecer que o tempo que tinha para mostrar aos angolanos que pode, passou-se. Talvez fosse bom para o próprio MPLA perceber que, a melhor saída que tem é suavizar o jogo democrático em Angola, para que a mudança seja uma mudança responsável, democrática e pacífica. Porque de outro modo, a mudança ocorrerá na base de tumultos como está acontecer em alguns países do continente negro. Não é que estamos a defender isso como dirigente políticos em Angola, pelo contrário achamos que é a postura do regime que, de facto, vai determinar isso.

 

Porque os dirigentes políticos e membros dos partidos políticos em Angola, nem chegam a um por cento da população angolana. Mas, os cidadãos assolados pela miséria e pelo desprezo, que pretende reivindicar, são a maioria esmagadora. E contra estes, achamos que nem o MPLA, nem a FNLA, nem a UNITA terá força de lutar.

 

Recentemente, o secretariado da UNITA no Namibe foi acusado de estar a preparar-se para uma manifestação. Até que ponto isso é verdade?

Nós no Namibe, em primeiro lugar, pensávamos organizar uma manifestação por altura da detenção de um militante da UNITA no Huambo. Em solidariedade, de facto, pretendíamos fazer uma manifestação.

Neste momento, como é do conhecimento público que as duas manifestações que ocorreram no Namibe, foram por iniciativa espontânea dos namibenses que nem são militantes da UNITA, nem do MPLA, se calhar nem do PRS. São cidadãos angolanos, assolados pela extrema miséria. De modos que, a nível do Namibe, as manifestações são já um facto.

 Nós solicitamos naltura um encontro com o administrador municipal para que pudéssemos transmitir a pulsação que estávamos a encontrar junto das populações e para sabermos quais eram as soluções que a administração tinha, além das propostas que levávamos. Fomos ignorados. O certo é que duas semanas depois, o senhor administrador teve que suportar manifestações. Este é um repto que nós lançamos para os demais dirigentes angolanos.

 

Qual é a opinião da UNITA sobre este caso. Acham que o administrador do Namibe devia demitir-se do cargo devido a onda de protestos?   

Bom, eu penso que em relação a isso, nós da UNITA defendemos uma ideia. Queremos é um administrador dialogante; um administrador que seja activo em relação à solução dos problemas dos cidadãos namibenses. Logo, um administrador que não corresponde a estes conteúdos, eu penso que, é um administrador que não serve aos namibenses. Se calhar é um administrador mais preocupado em servir quem lhe nomeou e não os cidadãos namibenses. Logo, nessa lógica, nós nunca colaboremos com uma administração deste gênero.


Uma vez que esta a se aproximar o período da época chuvosa, que avaliação faz da situação das famílias vítimas das enxurradas?  

É para dizer que a situação a volta dos sinistrados deteriou-se, por um lado. Por outro, não há sinais visíveis de soluções para os problemas que está população está a viver. É só uma questão do senhor jornalista voltar para o Namibe e constatar ‘in loco’. Alias, é um dos motivos das manifestações. É exactamente por este desprezo que as pessoas estão sujeita a viverem problemas que se arrastam há mais de 10 anos. Portanto, com a mesma administração, as mesmas pessoas, os mesmos problemas, 10 anos depois não há solução.  Portanto, no quadro geral, achamos que a situação no Namibe – em particular da sede municipal que é a capital da província – continua desastrosa.