Luanda - Uma mulher foi, conforme depoimentos familiares, brutalmente, assassinada numa pensão. Embora ainda não saibam as reais causas que levaram a sua morte, os familiares e o marido da malograda, já que vivia com o mesmo, apelam que se faça justiça pela forma como foi morta, um caso, já nas mãos da Policia do Cazenga, sob o processo número: 5189/11-C7


Fonte: ACapital

Chamava-se Cecília Clemente Nanhima e tinha até ao dia do infortúnio 26 anos de idade. Vivia com o marido e a filha de ambos de apenas dois anos. Estes dados descritos desta forma passam despercebidos para qualquer um que os leia.
Mas deixam, num abrir e fechar de olhos, de os ser quando a eles for acrescido um dado importante: foi morta numa pensão pelo suposto namorado.


O facto deu-se no quarto número oito da ex. Pensão Santo António, na comuna do Hoji-ya-Henda, ao Cazenga, mais propriamente, defronte a Escola do Ensino Secundário n.º 7053, Paiva Domingos da Silva, na última quinta-feira, 20.
Ao que o A Capital apurou, Cecília, saiu de casa com o propósito de visitar o pai, como de a praxe. Mas naquele dia tinha um compromisso mais do que o usual, a saída com um antigo namorado.


“Ela vivia em casa do marido. Saiu de casa e vinha, como de costume, visitar-me. Mas naquele dia, eu não estava em casa. Entretanto, saiu da minha casa e foi à casa da irmã, onde pediu que a irmã preparasse algo para comer e pediu ao sobrinho para aguardar lá fora, porque um amigo dela viria a sua procura”, contou, Clemente Nanhima, pai da malograda.


De acordo com ele, ela estava a comer quando de repente o seu telefone toca e do outro lado, era um individuo chamado Francisco, dizendo-a que já estava lá fora.
“Ela nem chegou a acabar a comida e saiu ás pressas, mesmo a irmã a pedi-la para terminar de comer. Não aceitou e saiu”, confirmou, segundo as explicações da irmã com que ela estava momentos antes de conhecer a morte.


“Depois de passado algumas horas, ela, a irmã com quem ficas as crianças, preocupada com a demora da irmã, já que ela nem tinha acabado de comer, ficou a procura da irmã. Naquele instante apareceu o namorado dela dizendo que ouviu que haviam matado uma moça”, explicou, salientando que quando este foi ver quem havia sido morta, voltou pedindo a sua namorada que levassem as crianças à casa do pai dela, “e só depois de terem levado as crianças é que disse-lhe que a irmã era a mulher que foi encontrada morta na pensão”. “Eles saíram e quando chegaram na pensão, confirmaram que era mesmo ela. Já a Polícia tinha sido chamada no local e estava a remover o corpo”, notou.


De referir que a vítima foi morta no quarto de banho da suite número oito da pensão, os funcionários não se aperceberam de nada já que tal quarto se encontra no quintal distante da área da administração. Por outro lado, o autor deve ter saído como se estivesse a ir comprar algo lá fora e não houve registo de nomes como é de costume nestes lugares.


“A POLÍCIA DEVE SER CÉLERE”


Clemente Nanhima, augura que o assassinato da sua filha tenha um desfecho feliz, do ponto de vista de resolução e não caia em saco roto como tantos outros crimes que com o andar do tempo foram relegados para a história, já que nunca se chegaram a conhecer os seus autores muito menos foram julgados em tribunais, mesmo com a evidência ou detenção dos presumíveis autores.


“Espero que este caso tenha o devido tratamento dos órgãos policiais e judiciais deste país, pois, o estado deve apoiar as famílias indefesas que o têm (o estado) como seu garante”, notou, sublinhando que a filha foi encontrada com sete golpes de faca, sendo, cinco no peito, na região em que se encontra o coração e dois no braço esquerdo.


“A Policia está a se mostrar preocupada e disposta a resolver este caso, vindo cá a casa, chamando a família, principalmente a irmã com quem esteve minutos antes de ir ao tal encontro com o Francisco, para prestar declarações que conduzam a detenção do criminoso”.


Entretanto, para este pai, a arma do crime, já que foi deixada no local e outros elementos de prova encontrados ali ou que estejam a ser dados pela família, “ajudem a Polícia a dar respostas rápidas e concretas para se apanhar a pessoa que fez isso a minha filha”. “Justiça é o que posso pedir apenas, porque foi morta de forma cruel, como se fosse um animal”, suplicou, com as lágrimas as escorrerem-lhe os olhos abaixo.


SUPOSTO AGENTE DO SINFO IMPLICADO


De acordo com António Rosário Domingos, de 42 anos de idade, marido da vítima, existe um suspeito para a morte de sua esposa. Nas suas declarações, ele diz de um suposto funcionário da empresa cervejeira Cuca, “que anteriormente funcionava na área de pintura, mas que se dizia ser agente secreto. Ele é suspeito de ter cometido o crime, porque momentos antes dela sair da casa da irmã, foi com ele que ela disse que iria se encontrar”, denunciou, para mais adiante dizer que o agente secreto é funcionário do Sinfo, infiltrado na Cuca e chama-se Francisco Dange.


“Ele actualmente trabalha na recepção, na área onde os funcionários deixam os cartões para a marcação de presenças na entrada e na hora da saída.
“Foi através desta situação toda que fiquei a saber o nome dele completo, porque anteriormente apenas o conhecia por Francisco”, sublinhou.


Segundo o marido da vítima, a Polícia já está ao corrente desta informação, “tal é que fizeram algumas diligências e conseguiram localizar a casa dele. Mas ficamos a saber que na mesma quinta-feira, supostos colegas dele evacuaram a família dele, por volta das 17 horas. Desde aquele dia a casa está fechada e ninguém sabe do paradeiro deles”, denunciou.


Por outro lado, Rosário como é mais conhecido o marido da malograda deu mais dados sobre o suposto criminoso dizendo que anteriormente, o mesmo trabalhava na secção de pintura, “embora seja um agente do Sinfo ali infiltrado e segundo ela, ele andava mesmo armado”.


“Sei que quando ela tentava deixá-lo, ele a ameaçava de morte, dizendo que caso chegasse a consumar o crime nada iria acontecer com ele por ser um agente secreto. E muitas vezes eu chamei-a para que fossemos à Cuca falar com o chefe dele, devido as ameaças que fazia. Mas ela dizia que não era preciso porque já não estavam mais juntos”.


Em relação ao sucedido, tal como outros membros da sua família, apenas sabe que a sua mulher foi encontrada morta na pensão. Outrossim, também não sabe as reais causas que levaram a que a pessoa com a qual estava naquele fatídico dia, cometesse, tal como considerou, este bárbaro crime.


“Eu já vi ela e esse tal Francisco três ou quatro vezes e não me interessei. Porque segundo as explicações da minha mulher, eles ja não estavam mais juntos, embora eu desconfiava porque ela me vinha queixar que a andava a seguir e tudo mais”, contou, para depois acrescer que a relação da sua mulher com o suposto criminoso é já de longa data, tendo os dois chegado a ser namorados, quando ela ainda tinha 17 anos.


“Mais tarde tiveram de separar-se porque ela arranjou um jovem, isso gerou uma confusão com ameaças de morte da parte dele, os pais dela tiveram de intervir e eles se separaram. Mas acho que por trás do jovem eles ainda se encontravam já que o jovem não trabalhava”, sublinhou, acrescendo que era ainda o tal Francisco que algumas vezes custeava as despesas da casa onde a jovem vivia com os irmãos, quando os pais viajavam às Lundas e já estivessem com dificuldades financeiras.
“Das vezes que os encontrei juntos tenho a salientar duas, sendo uma no portão da Cuca, onde, inclusive, mandei-a subir no carro e irmos embora e a outra que depois dela me ter visto fugiu à casa do pai”, referiu.


Entretanto, ele, tal como o seu sogro, pede justiça, pois, perdeu a mulher numa situação muito desagradável e mais: “Deixou uma filha de apenas dois anos”, lamentou. “E ele não pode ficar impune por ser um agente do Sinfo, infiltrado na Cuca. As autoridades devem fazer cumprir a lei, pois não há ninguém acima dela”, apelou.