Luanda - Sob aprovação do director geral da empresa de exploração de diamantes no kimberlito de Catoca, na província de Lunda-Sul, José Manuel Ganga Júnior, mais de 200 funcionários angolanos das fábricas (módulos I e II) são, semanalmente, submetidos à força – e sob ameaças de perder o emprego caso não cooperarem – a perigosíssima teste de polígrafo pelos técnicos sul-africanos, sob a vigilância dos israelitas. 


Fonte: Club-k.net
 
A fonte do Club-k garante que, todos os funcionários destas áreas são obrigados a submeter-se a teste, sob a ordem, e olhar silencioso, da direcção geral. “Mas, a empresa diz que você não é obrigado a fazê-lo. Agora, se recusar eles te recebem o passe de trabalho, sob ameaças de perder o trabalho”, revelou a nossa fonte que também foi, por duas vezes, submetido a teste. “Se você recuar em função dessas ameaças, eles te obrigam assinar uma declaração dizendo que você não foi obrigado a fazê-la”, acrescentou.


Arrogantemente, segundo a nossa fonte, os poucos funcionários destas áreas que tiveram o atrevimento de recusar a fazê-la, foram despedidos sem qualquer indemnização. “Por isso é que na maior parte das vezes, os funcionários destas áreas acabam sempre por recuar das suas decisões, para não perderem o emprego”.


A nossa fonte contou, a este postal, como foi submetida a teste. “Já tivera ouvido dos rumores quando lá cheguei. Por ignorância fui submetido por duas vezes. Mais tarde decidi investigar sobre o polígrafo e descobri que era crime contra a humanidade”, frisou, acrescentando que apesar das ameaças dos altos dirigentes daquela companhia muitos dos seus colegas passaram, nos últimos tempos, a reivindicar silenciosamente contra o funesto teste. “Sabes como é aqui no nosso país, quem reivindica é visto como um anti-regime”, balbuciou.


SITUAÇÕES DE ROUBO


Os míseros salários pagos aos trabalhos angolanos, que ronda dentre 300 a 500 dólares norte-americanos (contra salário inicial de cinco mil para os estrangeiros), têm obrigados alguns funcionários destas áreas a optar por práticas menos abonatórias. “Tudo isso só acontece porque o pessoal vive numa miséria. Temos pessoal que ganha 30 mil kwanzas, e são, abusivamente, descontados os impostos de trabalho”, assegurou, acreditando que caso a direcção da diamantífera zelasse pela situação social destes funcionários, o estelionato poderá consideravelmente diminuir.

A nossa fonte admite ainda que já houve caso em que alguns colegas seus que foram encontrados em flagrante, a furtar algumas pedras preciosas. “Há colegas que foram expulsos com provas visíveis. Também há casos em que o indivíduo é simplesmente acusado e levado, de imediato para as instâncias superiores”, disse, acrescentando que “mesmo sem provas palpáveis, muitos colegas destas duas áreas foram parar nas cadeias”, esclareceu.


Por outro lado, acusou alguns seguranças das fábricas de simularem roubos, a fim de prejudicar alguns colegas seus. “Têm havidos na maior parte das vezes, simulações por parte dos seguranças somente para prejudicar alguns de nós. Principalmente, quando eles não vão com a sua cara”.

Este postal soube ainda que, somente ainda no decorrer do ano em curso, mais de 15 pessoas foram obrigadas a passar por constrangimentos de gênero. “Recentemente, uns colegas (um chama-se Santa Maria) foram acusados de roubo. Mesmo sem provas, foram expulsos da empresa sem a devida indemnização”.


CONSTANTES AMEAÇAS DE DESPEDIMENTOS


O uso da força é frequente, segundo os queixosos. “Por tudo e quase nada, usa-se a força”, frisou uma das fontes. O responsável da área jurídico, identificado apenas por Salvador, é tido como um dos carrascos naquela empresa. “Nós que vivemos em Luanda, somos obrigados a ficar 42 dias em Catoca, e sete dias em Luanda. Achas que este tempo é suficiente para vivermos com as nossas famílias?”, questionou a fonte, revelando que quando este prazo de permanência é ultrapassado, um ou dois dias, em Luanda, o funcionário encontra um processo disciplinar do gabinete jurídico, com despedimento imediato.


AGENTES DO SINFO NA ÁREA


Por mais estranho que apareça, a maior parte dos funcionários destas áreas são vigiados permanentemente, durante o período laboral, pelos agentes do SINFO. “Basta um individuo reclamar, por qualquer motivo, é logo ameaçado pelos homens do SINFO que são contratados pela direcção da Catoca. “É uma situação muito caricata que deixa a desejar”, exclamou.


AMARO BARBOSA, O ESCRAVIZADOR


Mesmo após séculos de abolição de escravatura, centenas de funcionários da Sociedade Mineira Catoca são tratados como escravos, em pleno século XXI, pelos técnicos adventícios que lá ocupam 90 por centos dos cargos de chefias. Um destes escravizadores é o cidadão de origem brasileira Amaro Barbosa, chefe do departamento administrativo.

Há anos, segundo a nossa fonte, que este cidadão forasteiro (casado com uma cidadã angolana) tem feito vida cara a centenas de técnicos nacionais. “Tal como fazem os outros estrangeiros em Catoca, Amaro Barbosa por gozar de tantos direitos, faz das suas. Goza abusivamente com o pessoal. Faltas de respeitos etc.”, confessou uma outra fonte.

“Estamos recordados que, recentemente, houve uma greve na sua área de jurisdição por recusar, até hoje, liquidar os prémios de produção ao pessoal. Paramos naquela fase de terceirização durante uns dias, mesmo assim não quer pagar”, garantiu, rematando que “de tantas reclamações contactamos a direcção e este, por sua vez, nunca se manifesta”.