Lisboa -  O Director  da  Direção Nacional de Investigação Criminal,  Eugênio  Alexandre (no lado, directo da foto), notificou dois jornalistas do Jornal “O Pais”,  por terem publicado matérias/entrevistas  relacionadas a uma  rede de  trafico de cocaína que  actua  na fronteira da província do Cunene envolvendo altas patentes  da policia e o filho de um membro do regime angolano.


Fonte: Club-k.net

Autoridades  consideram  ser crime de calúnia

Os  jornalistas  são Paulo Sérgio e Ireneu Mujoco. Ambos  foram ouvidos segunda-feira (14) nas instalações desta instituição onde foram  informados que os seus nomes foram processados por crime de calúnia e difamação, movido pelo antigo director Provincial de Investigação Criminal (DPIC) do Cunene, Miguel Arcanjo Sumbo, por conseguinte filho “bastardo” do governador de Cabinda, Mawete João Baptista.


Nas matérias/entrevistas publicadas, o ex-director da DPIC-Cunene, Miguel Arcanjo e o chefe do Departamento de Narcotráfico Luís João, naquela província foram citados como parte de uma rede  de tráfico  de cocaína oriunda do Brasil, que funciona  naquela província.


Os artigos, em referencia, basearam-se em denúncias feitas pelo terceiro sub-chefe da Polícia Nacional (PN), Baptista Kialelo Kumesso, colocado no Departamento de Planificação, Informação e Análise (DPIA) da instituição, em Outubro de 2010, numa missiva endereçada ao Procurador-Geral da República e à DNIC. Na altura em que trouxe a tona este facto, o oficial da corporação  exercia o cargo de chefe da secção de drogas pesadas naquela direcção provincial.


O primeiro artigo sobre este assunto, assinado pelo repórter Paulo Sérgio, fez com que uma delegação da DNIC, chefiada pelo director da Inspecção, Benjamim Julieta, se deslocasse à cidade de Ondjiva (Cunene) para investigar no terreno as acusações que pendem contra Miguel Arcanjo Sumbo e Luís João.  O primeiro, havia sido exonerado do cargo alguns dias antes, tendo sido substituído por um outro oficial da corporação conhecido por Eurípedes, ao passo que o segundo, chefe do Departamento de Narcotráfico, mantivesse no cargo por mais tempo, mas não conseguiu resistir a vassourada.


O jornalista Ireneu  Mujoco noticiou numa das suas peças que o oficial Baptista Kialelo encontra-se detido desde Setembro último, sob a acusação de ter violado o artigo 413º do código penal, por ter sido o denunciante do envolvimento de dois oficiais da corporação no tráfico de cocaína.  A ordem de prisão foi decretada pela Procuradoria Geral da República (PGR) daquela província, através de um mandado de captura contra o sub-chefe da Polícia Nacional, Baptista Kialelo Kumesso, colocado no Departamento de Planificação, Informação e Análise (DPIA), da DNIC.


 
Uma  das várias matérias publicadas no site de O PÁIS, da conta  que os jornalistas tentaram obter o pronunciamento dos mais altos responsáveis da Polícia Nacional, dos Ministérios do Interior e da Justiça  mas não tiveram êxito.

 

O Club-K repassa extrato da matéria sobre o titulo “Silêncio sepulcral”
 


Na esperança de conseguir obter mais informações acerca do assunto, a equipa de reportagem de o PAÍS enviou há mais de um mês uma missiva ao Director Nacional Interino de Investigação Criminal, ao Procurador-geral da República, ao ministro do Interior, ao Provedor de Justiça e ao comando Geral da Polícia Nacional a solicitar entrevistas para abordar o assunto.


Entre as entidades acima mencionadas, o então director interino da DNIC, subcomissário Manuel do Nascimento Cardoso, que se recusou a prestar informações a este jornal, reencaminhaou-nos para o Comando Geral da Polícia Nacional. Tal como o fez o Ministério do Interior


“Acusou esta Direcção a recepção do V/ofício número 0032/ sj/11, datado aos 26 de Maio de 2011, cujo conteúdo mereceu de nossa parte a devida atenção e que muito agradecemos”, lê-se do documento.

 

Segundo apuramos, o provedor de Justiça, Paulo Tchipilica, tomou conhecimento da carta enviada por O PAÍS no mesmo dia em que foi enviada.

 

Com excepção da DNIC, o presidente da Associação Mãos Livres, David Mendes, já havia enviado em Fevereiro último

 

o dossiê completo, anexando algumas provas da denúncia a estas instituições solicitando a intervenção para que o terceiro subchefe tenha uma vida normal.

 

“(...) Por tudo quanto podemos concluir, se medidas urgentes não forem tomadas, corre o risco de vida. Todos nos sabemos como operam os grupos de traficantes de droga”, consta na carta da Associação.

 

Mas adiante, na carta enviada por David Mendes lê-se que “os factos apontados na sua exposição, bem como na denuncia feita à Procuradoria Geral da República exigem a intervenção urgente, ainda que profilática. Não gostaríamos de arrastar connosco mais um peso de consciência, se eventualmente este oficial vir a ser morto, como noutros casos”.

 

O PAÍS contactou o director da DPIC Cunene, Miguel Sumbo, alegou que carecia de ordem superior para falar.