Luanda - Apesar de melhorias, a liberdade de imprensa ainda está longe de atingir o grau satisfatório, afirmou hoje (quarta-feira), em Luanda, o jornalista Ismael Mateus, quando falava sobre o tema “Liberdade de Imprensa e Democracia em Angola”.


Fonte: Angop

Liberdade de imprensa: Jornalista considera

estar longe de se atingir grau satisfatório

Segundo Ismael Mateus, que dissertava na conferência sobre “O direito dos cidadãos à participação na vida pública”, a liberdade de imprensa pressupõe que qualquer cidadão tem direito à informação e com a circunstância de a actual Constituição ter reforçado esses direitos.


Porém, disse, se for feita uma avaliação notar-se-á que a qualidade e o volume de informação dado ao cidadão, geograficamente avaliado no país, não é uniforme, ou seja, é absolutamente desnivelado. Referiu que nesta perspectiva, um cidadão tem mais ou menos direito a ser informado e a informação em função da sua localização no país.


Assim sendo, frisou, o que se encontra em Luanda tem a possibilidade de ter acesso a todos órgãos de informação, nacionais ou internacionais, já os do interior encontram mais dificuldades para acessar tais meios, sendo que deste ponto de vista, há um exercício da liberdade de imprensa que não é uniforme no país.


Ao pronunciar-se sobre os conteúdos transmitidos, disse que não correspondem à diversidade de opiniões, das sensibilidades que existem em Angola, ou seja, aludiu, um cidadão quer esteja em Luanda, quer esteja no interior não tem a oportunidade de receber por um único canal de informação que seja a diversidade de opiniões que a sociedade oferece.


“A sociedade, de modo natural, produz um conjunto de sensibilidades, que depois não se vê reflectido na imprensa, sendo que do ponto de vista do exercício da liberdade de imprensa não temos um reflexo real da pluralidade e diversidade de opiniões, ou seja, ainda não satisfaz”, acrescentou. Relativamente à propriedade, que na sua óptica influencia o conteúdo jornalístico publicado, disse que este também é um problema sério.


Para si, convêm que a sociedade se muna de propriedades diversas para que se tenha jornais com sensibilidades diversas. Durante a prelecção, Ismael Mateus levantou questões que têm a ver com exercício diário da imprensa, como a falta de isenção, tanto nos órgãos privados como nos públicos.


“Os jornalistas perderam a noção do seu papel de imparcialidade, a isenção e muitos tornaram-se agentes políticos”, opinou. Desta feita, referiu que, não poucas vezes, ao cidadão não chega informação em que haja o contraditório, contribuindo a que não tenha capacidade de ajuizar, por si próprio, o valor da informação oferecida.


Outra questão realçada é a cultura do debate, que na sua óptica os grandes meios de comunicação, como a rádio e televisão, que apesar de promover alguns encontros, não criam debates para a formulação de ideias.


Organizado pela Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA) e a Associação Mãos Livres, a Conferência Nacional sobre “O direito dos cidadãos à participação na vida pública” tem como objectivo promover um espaço de discussão e diálogo entre instituições estatais, especialistas e a sociedade civil sobre a importância da participação dos cidadãos em todas as esferas da vida do país.